Exposição dá a conhecer ligações familiares de Fernando Pessoa a Tavira

Exposição insere-se na programação da Festa dos Anos de Álvaro de Campos, promovida pela associação Partilha Alternativa

A exposição “Pessoa(s) de Tavira”, que dá a conhecer as ligações familiares do poeta Fernando Pessoa à cidade algarvia, está patente até 21 de Dezembro, na Biblioteca Municipal Álvaro de Campos.

Preparada por Rui Cansado Guedes, esta pequena exposição dá corpo à realidade que está na génese de Álvaro de Campos, heterónimo pessoano que nasceu em Tavira.

Segundo o autor, «quando falamos em Álvaro de Campos, falamos em Fernando Pessoa e, ao falarmos em Pessoa, estamos a falar do mais universal poeta de língua portuguesa».

«Esta pequena exposição é uma parte de um conjunto de documentos familiares que foram recentemente descobertos e que nos ajudarão a conhecer melhor a família paterna do escritor», explica.

«Quem eram, onde viviam, o que faziam estes Pessoa(s) de Tavira, primos do poeta? Parte deste acervo documental estava esquecido num antigo cofre (devido ao facto de serem documentos referentes a testamentos, partilhas, compra e venda de propriedades, registos de casamentos, registo de óbitos, entre outros assuntos familiares) e outra parte estava arrumada em caixotes que, possivelmente, acabariam no lixo e se perderiam para sempre, não fosse a sensibilidade de um familiar do poeta que os salvou e me entregou em mãos».

«Inicialmente, a leitura dos documentos não foi mais do que a consulta de alguns assuntos burocráticos relacionados com a família Pessoa, mas, pouco tempo depois, pude constatar que a informação sobre os Pessoa, ligações familiares, bens, moradas era abundante».

Biblioteca Álvaro de Campos

«Não só ficámos a conhecer a prima “Lisbela” como também outros parentes do lado paterno do escritor que com ele, certamente, privaram nas suas deslocações à cidade de Tavira. Sabemos que Fernando Pessoa visitou Tavira mais do que uma vez, cidade onde nasceu o seu avô, General Joaquim António de Araújo Pessoa, assim como o seu tio Jacques Cesário Pessoa».

Provavelmente, a velha tia a que se refere o escritor, num poema, será Maria da Cruz Lampreia Pessoa, mulher do seu tio Jacques Cesário Pessoa, a quem morreram três filhos antes dela própria falecer (Alfredo Augusto Pessoa, José Firmino Pessoa e Olímpio Júlio Pessoa).

Já o rio que Álvaro de Campos menciona na sua infância será o rio Gilão, enquanto que casa ao pé do rio pode muito bem ser a casa da sua tia Maria da Cruz, casa essa que se situava na Rua Borda d’Água d’Aguiar e dava para o rio que atravessa Tavira.

Segundo Rui Cansado Guedes, «acredito que esta descoberta irá ajudar a essa aproximação porque, como referiu um dia a professora Teresa Rita Lopes, devemos ir a Tavira, não só para visitar a cidade onde nasceu Álvaro de Campos, mas sim visitar a cidade do Engenheiro de Tavira, como se visita a Lisboa de Fernando Pessoa, Praga de Kafka ou Dublin de James Joyce».

Esta exposição insere-se na programação da Festa dos Anos de Álvaro de Campos, promovida pela associação Partilha Alternativa.

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