Cidades Educadoras do Algarve encontraram-se em Lagoa para partilhar experiências e ideias

Rede das Cidades Educadoras reúne 73 cidades de todo o país

As cidades educadoras do Algarve reuniram-se em Lagoa, nos dias 2 e 3 de Outubro, no Auditório do Convento de S. José, para I Encontro Regional das Cidades Educadoras.

Esta iniciativa teve como principal objetivo «reforçar e disseminar a proposta de Cidade Educadora, partilhando experiências e ideias educadoras entre os municípios algarvios e a conquista da receção do VIII Congresso Nacional da Rede Territorial Portuguesa das Cidades Educadoras (RTPCE), que se realizará entre 15 e 18 de Maio de 2019».

Para Francisco Martins, presidente da Câmara de Lagoa, «o nosso melhor investimento ao longo deste mandato está na Cultura e na Educação. Esta é a verdadeira herança que podemos deixar».

Lagoa é um dos 73 territórios que pertencem à Rede Cidades Educadoras. No Algarve, além de Lagoa fazem parte da Rede, os concelhos de Lagos, Silves, Albufeira e Loulé.

Na abertura deste encontro, Francisco Martins realçou algumas das mais recentes conquistas: «o município ganhou, pelo segundo ano consecutivo, o Prémio Viver em Igualdade, juntamente com quatro outros municípios do país», e desenvolverá, a partir de 2019, «um projeto de Cidadania Participativa».

Segundo explica a Câmara de Lagoa, «os primeiros passos no sentido das Cidades Educadoras surgiram na década de 70 e o conceito foi oficializado por Barcelona em 1990. Hoje fazem parte da Associação Cidades Educadoras 490 cidades/governos locais/territórios, de 36 países e dos cinco continentes».

Apesar de estar cada vez mais presente, nas comunidades locais, «um trabalho de partilha, de procura conjunta de soluções, de valorização das práticas numa perspetiva lata da Educação», como refere Paulo Louro, da RTPCE, «ainda há quem tenha desta uma representação limitada. Ainda há quem ache que as entidades responsáveis pela Educação são a Escola e a Família; ou que o tempo da Educação é só a infância e a juventude; e ainda há quem tenha uma conceção de que Educação é igual a instrução».

Para o representante da Comissão Coordenadora da Rede Territorial Portuguesa de Cidades Educadoras (RTPCE), que participou na Mesa Redonda de dia 2 de Outubro, subordinada ao tema “Lagoa, Cidade Educadora – um desafio em rede”, «vivemos em sociedades que têm dificuldade em lidar com o tempo e todos os que trabalham na área da Educação sabem quão fundamental este é na aprendizagem».

Por isso, acrescenta, «os governos locais devem, cada vez mais, promover o conhecimento», ganhar «a tendência de definir políticas em detrimento dos governos nacionais» e «apostar na questão da identidade através do virtual, ligando as pessoas ao território onde nasceram ou estudaram».

«Queremos que todos percebam que uma Cidade Educadora não se cinge ao pelouro da Educação», referiu Francisco Martins. «Para a sua construção», adianta, «temos 450 funcionários e um orçamento de 35 milhões de euros».

«Ambiente, Desporto, Cultura, Educação e Cidadania são todos temas que fazem parte desta Lagoa – Cidade Educadora», acrescenta.

De acordo com a Carta das Cidades Educadoras, este é um território «onde se educa ao longo da vida, na diversidade, com diálogo intergeracional e com direito à existência de uma educação formal, não formal e informal».

Segundo Paulo Louro, o compromisso dos governos locais que assinam essa carta passa por «perpetuar a identidade do território, efetuar um planeamento urbano que promova a convivialidade, a relação entre os sujeitos, gerar um desenvolvimento sustentável que não hipoteque os recursos das gerações futuras, a participação cívica responsável e a oferta de um serviço integral ao cidadão, planeando o que são as respostas educativas de acordo com as necessidades de desenvolvimento dos sujeitos e as necessidades do mercado de trabalho».

Deste caminho fazem parte mais-valias como «o associativismo, a coesão social, a justiça social e o combate à infoexclusão».

«Lagoa já era uma Cidade Educadora antes de sê-lo», considerou Águas da Cruz, presidente da Assembleia Municipal, que explica que «há muito que existem em Lagoa um conjunto de práticas que integram o conceito e os grandes princípios da Carta das Cidade Educadoras».

Segundo Águas da Cruz, isso contribui para que «vivamos a Cidade Educadora sem ter a perceção do conceito».

Esta questão tem, para o presidente da Assembleia Municipal, «o privilégio de colocar o cidadão e os direitos do Homem num primeiro plano da vida pública municipal».

«Gostaríamos, por isso, que todos os agentes, privados e públicos, todos os cidadãos, formassem uma rede local que pudesse ser alargada, por forma a construirmos uma cidade educativa que permitisse o exercício de uma cidadania global», acrescenta.

Águas da Cruz recordou ainda a relação privilegiada mantida com as escolas e associações, «um trabalho de proximidade» que a vereadora da Cultura Ana Martins classifica como «muito positivo» e «privilegiado».

Mário Guerreiro e Anabela Ribeiro, presidentes da Associação de Pais do Agrupamento ESPAMOL e da Assembleia de Pais do Agrupamento de Escolas Rio Arade, referem, contudo, que há uma crescente dificuldade em «motivar os pais, que se preocupam sobretudo com a educação formal do aluno».

O último dia deste encontro, cujo tema central foi “Criar cidades educadoras no Algarve”, contou também com a presença de Nelson Dias, sociólogo e coordenador da Rede de Autarquias Participativas (RAP), que apresentou um painel intitulado “A participação nas cidades educadoras”.

A este painel seguiu-se uma exposição de experiências sobre os 20 princípios vigentes nas Cidades Educadoras dos municípios algarvios, um espaço de debate aberto e uma visita à Escola de Artes Mestre Fernando Rodrigues.

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