Taxistas algarvios não arredam pé até Lei Uber cair

Faro junta-se a Lisboa e Porto neste protesto que já dura desde quarta-feira

O cansaço já é grande, mas os cerca de 200 taxistas que estão em protesto junto ao Aeroporto de Faro prometem não arredar pé enquanto a Lei Uber não cair. Uns vieram de perto (Loulé e Faro) outros de mais longe, como Lagos, Portimão e Albufeira, mas todos se movem pela «luta» contra a «morte dos táxis».

É no fim da reta que dá acesso ao Aeroporto de Faro que estão, desde quarta-feira, 19 de Setembro, estacionados os táxis. As condicionantes no trânsito são grandes, com toda a circulação a ser desviada pela GNR para uma faixa única, mas os taxistas garantem que não vão desmobilizar.

Paulo Reis, de Lagos, é taxista desde 1991. «Estou cá desde as 7h00 de quarta-feira. O cansaço já se sente um bocadinho. Só fui ontem tomar um banho e voltei, mas a luta pelos nossos direitos faz com quem queiramos continuar aqui», diz à reportagem do Sul Informação. 

Plataformas como a Uber e a Cabify, as duas que operam no Algarve, têm-lhe roubado trabalho, denuncia. A lei que regulamenta as plataformas eletrónicas de transporte de passageiros, recorde-se, vai entrar em vigor a 1 de Novembro.

«Em Lagos, somos 30 táxis para 80 Ubers. O Governo que veja isto porque ninguém vai desmobilizar até que a lei caia. Eu tenho filhos que têm de ser sustentados», exclama.

A fila vai até à rotunda do Aeroporto

Uma das próximas ações deste protesto contra as plataformas eletrónicas de transporte pode vir a ser uma manifestação a nível nacional para juntar todos os taxistas do país.

José Inácio, também taxista em Lagos, vê a medida com bons olhos. «Todas as manifestações que vierem lá estarei eu», diz, junto à bagageira do táxi onde já montou um chapéu de sol e umas cadeiras.

«Trouxe comida para os primeiros dias e mais logo vou buscar mais. São dias difíceis, mas, com força de vontade, vamos vencer», diz. E quanto ao prejuízo de ter o táxi parado já desde quarta-feira? «É algum, mas tenho um grande orgulho em estarmos a lutar para ultrapassar esta situação», atira.

De Portimão, veio Joaquim Andrés que também confessa estar «motivado para continuar a lutar».

«Se for preciso ir a uma manifestação geral, vou. Esta é uma causa justíssima a todos os níveis, até económico. A lei vai trazer uma atividade paralela que o Governo vai ter de resolver a seguir. Espero que os partidos vejam isto com atenção», diz ao nosso jornal.

O Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa já veio a público considerar este protesto como algo «normal». Na próxima segunda-feira, os taxistas vão ser recebidos na Presidência da República, mas o Chefe de Estado garantiu que a decisão está «nas mãos da Assembleia da República».

Para José Inácio, a questão é só uma: «estão a matar os táxis».

 

 

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