Atraso do novo modelo de apoio às artes pode colocar em causa programação do Teatro Lethes

Parte da programação do Teatro Lethes para o primeiro semestre pode estar em causa devido aos atrasos na entrada em […]

Parte da programação do Teatro Lethes para o primeiro semestre pode estar em causa devido aos atrasos na entrada em vigor do novo quadro normativo de apoio às artes, admitiu Luís Vicente, diretor da ACTA – A Companhia de Teatro do Algarve, companhia residente deste espaço cultural farense e responsável pela sua programação.

O ator e encenador há muito radicado no Algarve admite que podem estar em causa as «condições para trabalhar» dos agentes culturais, devido aos atrasos na chegada dos apoios à programação, e que não pode dar certezas de que isso não afetará a programação.

«Estamos a trabalhar para que isso não aconteça. Mas, neste momento, não estou certo. Se o secretário de Estado não resolver o problema e se não o fizer nos próximos dias, terei de tomar medidas», revelou Luís Vicente, numa entrevista ao programa Impressões, dinamizado em conjunto pelo Sul Informação e pela Rádio Universitária do Algarve.

«A Direção Geral das Artes, com o novo quadro normativo, criou-nos aqui um problema. E ele não se coloca apenas em relação à ACTA, também afeta outras estruturas», disse.

O diretor da ACTA recordou que o Governo começou a rever o enquadramento para a atribuição de apoios às artes em 2016, tendo, por isso «prolongado os financiamentos por mais um ano, ou seja, durante 2017, justamente para ter tempo para ouvir a classe e elaborar procedimentos».

«No passado dia 11 de Junho alertei o secretário de Estado para esta problemática da criação do quadro normativo. Ele respondeu que este ano ainda se atrasaria um pouco, mas que ficaria normalizado nos anos seguintes. Deduzi eu, bem como outras pessoas que estavam presentes, que lá para Março de 2018 as coisas estariam resolvidas», contou Luís Vicente.

«Acontece que no dia 9 de Janeiro sou confrontado com um quadro que me deixa assustadíssimo: não é Março, é Junho. Ou seja, passa meio ano e não temos condições para trabalhar», assegurou.

É esta realidade que leva o diretor da ACTA a temer alguns dos espetáculos previstos para o Teatro Lethes, no primeiro semestre, possam ter de cair. «Nós não podemos estar pendentes desta forma. Temos compromissos com duas pessoas que estão no Canadá e com outra que viaja pelo mundo inteiro, que em princípio voará de Paris, e temos de dar resposta», resumiu.

Neste segundo caso, trata-se do conceituado cenógrafo e pensador de espaços cénicos francês Jean-Guy Lecat, que já havia colaborado com a ACTA na produção “À espera de Godot”, em 2015.

«Eu tive de marcar as coisas com o Jean-Guy Lecat com muita antecedência. Ele, há tempos, chegou cá vindo de Houston, onde esteve como consultor técnico de um equipamento que lá construíram. Outras vezes chega de Moscovo, outras de Berlim… Com se pode imaginar, esta é uma pessoa com uma agenda complicada. Isto não é brincadeira nenhuma», afirmou.

A situação, admitiu, está complicada, mas nem tudo são más notícias. Isto porque o novo quadro normativo, que vigorará a partir de 2018 e nos anos que se seguirem, deverá resolver um problema com que os agentes culturais algarvios há muito se debatem.

«Em princípio, e depois de tanto batalhar, as coisas estão encaminhadas para ser resolvidas, num aspeto que era muito perturbador, injusto e até anti-democrático: as estruturas de Norte, Centro, Vale do Tejo e Alentejo podiam concorrer a apoios até 400 mil euros e as do Algarve só até 250 mil», disse.

De qualquer forma, o diretor da ACTA não deixa de salientar que o Algarve «tem sido altamente prejudicado por estes financiamentos do Estado» ao longo dos anos.

Até poder navegar em águas mais tranquilas (e ricas), a ACTA ainda terá de esperar pelo, menos, pelo Verão.

 

A entrevista completa a Luís Vicente pode ser ouvida aqui.

 

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