O oceano vai invadir as Piscinas Municipais de Aljezur e Monchique

Ainda há «muito por definir», mas uma coisa é certa: o oceano vai invadir as Piscinas Municipais de Aljezur, de […]

Ainda há «muito por definir», mas uma coisa é certa: o oceano vai invadir as Piscinas Municipais de Aljezur, de 29 de Março a 1 de Abril, e de Monchique, de 5 a 8 de Abril. Golfinhos, cavalos marinhos (serão verdadeiros?) e uma tempestade são alguns dos condimentos deste «teatro aquático». Luz, movimento, música e imagens conjugam-se e, atenção, se quiser ver tudo isto ao vivo…tem de ir de fato de banho e chinelos. 

Eis o “Mar Adentro”, mais uma produção do “Lavrar o Mar”, projeto integrado no “365Algarve”. Para preparar o espetáculo estrear, está a decorrer uma residência artística nas Piscinas de Aljezur. Aqui debatem-se ideias, experimentam-se movimentos e treina-se tudo ao mais pequeno pormenor.

O Sul Informação calçou os chinelos, vestiu o fato de banho e acompanhou uma manhã de ensaios. Grande parte do espetáculo vai decorrer dentro de água, recriando elementos do oceano…numa piscina.

Por isso, os intérpretes lá vão imitando golfinhos, cavalos marinhos, mas também uma tempestade, sempre sob o olhar atento de Madalena Victorino, responsável artística pelo “Mar Adentro”.

«Vamos abordar a relação do corpo com a água, que é muito antiga e até religiosa. Sem água, tudo morre. Por isso, o nosso espetáculo é político, religioso e evocador de uma série de imagens relacionadas com as movimentações das pessoas pelo Mundo. É que muitas são feitas através da água», explicou Madalena ao nosso jornal.

E, como é habitual nas produções do “Lavrar o Mar”, o espetáculo envolve as pessoas das localidades por onde passa. «Fomos buscar residentes em Aljezur que tivessem interesse na descoberta deste universo», conta Remi Gallet, outros dos responsáveis por este espetáculo.

Por agora, há um grupo de «20, 30» pessoas na residência artística, mas o número não está fechado.

«Queremos chegar às 50, 60 pessoas. Estamos a começar a abordar mariscadores, pescadores, pessoas que tenham grandes afinidades com a água, para nos ajudarem a perceber por onde ir e como abordar a água de um ponto de vista artístico», disse Madalena Victorino.

Ana Rute, residente no concelho de Aljezur, é uma das voluntárias que está a participar, desde o início, na residência artística. «Gosto muito do trabalho com a água. Já conhecia a Madalena e, como também sou bailarina, professora de dança e aprendi algumas terapias aquáticas, não hesitei em vir», disse ao Sul Informação.

Mas engane-se quem pensa que isto é fácil… Os participantes têm de fazer vários movimentos debaixo de água, sustendo a respiração, às vezes por vários segundos. Portanto, não é de estranhar quando Ana Rute fala de «um trabalho forte», que desenvolve a «resistência física».

As Piscinas de Aljezur e Monchique vão transfigurar-se por completo para este espetáculo. O público vai ser convidado a molhar os pés e a molhar-se, assistindo a tudo de fato de banho e chinelos, à beira das piscinas.

Apesar de a residência artística estar decorrer em Aljezur, até Março, em Monchique, o espetáculo será o mesmo, «mas com uma adaptação», por as piscinas serem diferentes.

«O nosso objetivo é também convidar as pessoas mais velhas. Queremos ter pessoas da serra que dêem os seus primeiros passos dentro de água neste espetáculo», explicou Madalena.

Já nas Piscinas de Aljezur, os grandes janelões com vista para a vila vão transformar-se «num grande ecrã, onde a água vai embater». O cineasta Diogo Vilhena, de Sines, será o responsável pelas imagens do espetáculo.

Certo é que até à estreia, ainda há muito a fazer. «O espetáculo vai iluminar-se, às vezes, dentro de água, mas há muitas questões a serem estudadas. Há ideias impossíveis e outras que vão dar a novas ideias», explicou, sorridente, Madalena.

Remi Gallet não podia estar mais de acordo: «a ideia está-se a definir. Como queremos pôr o mar dentro da piscina, isso passa por muitos objetos e muitas etapas».

 

Fotos: Pedro Lemos | Sul Informação

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