Paco de Lucia terá Largo em Castro Marim que será «local de romaria para turistas espanhóis»

Não é filho, mas é um neto da terra e nunca esqueceu as suas origens algarvias, apesar de ter sido […]

Paco de LuciaNão é filho, mas é um neto da terra e nunca esqueceu as suas origens algarvias, apesar de ter sido um dos nomes maiores da música espanhola do século XX.

A Câmara de Castro Marim prepara-se para lançar a obra de construção do Largo Paco de Lucia em Monte Francisco, um dos muitos projetos do atual executivo camarário que visam tornar o concelho mais atrativo, do ponto de vista turístico.

Monte Francisco é a localidade onde nasceu e viveu a mãe do falecido artista, Lúcia Gomes, onde Paco de Lucia voltava regularmente e onde ainda vivem seus familiares. Em 1987, deu o nome «Castro Marín» a um dos seus discos.

«Vamos agora arranjar financiamento e lançar esta obra. Quando o Largo estiver concluído, será um local local de romaria para turistas espanhóis, que irão sentir Paco de Lucia naquele local. Terá música e uma escultura, entre outros elementos. Estamos a falar do local onde a mãe do músico viveu», ilustrou o presidente da Câmara de Castro Marim, numa entrevista ao Sul Informação.

Este projeto, recentemente concluído e que foi lançado por Francisco Amaral, que assumiu as rédeas da autarquia em 2013, será, igualmente, uma forma de homenagear Paco de Lucia, tendo em conta que o músico sempre fez questão de assumir publicamente a sua ascendência castro-marinense.

O virtuoso guitarrista espanhol chegou a atuar neste concelho, em 2005, concerto que atraiu pessoas de ambos lados da fronteira e em que Paco de Lucia se referiu ao público português como «primos».

 

 

«Temos feito o possível para capitalizar um mercado que fica aqui bem próximo, que é o espanhol, e já estamos a conseguir. Tanto no Festival do Caracol, como na festa de Nossa Senhora dos Mártires, fazemos questão de ter uma noite espanhola, com artistas do país vizinho», contou Francisco Amaral.

O projeto em Monte Francisco é mais uma peça da estratégia de Castro Marim para se tornar mais atrativo para os turistas, todo o ano.

«Mandámos fazer vários projetos, nomeadamente ciclovias, parques de autocaravanismo e a praia fluvial de Odeleite. Também colocámos um cais acostável na vila de Castro Marim, que estava de costas voltadas para o Rio», enumerou Francisco Amaral.

Por outro lado, houve uma aposta renovada no litoral deste concelho, nomeadamente nas suas reputadas praias. «Dinamizámos as nossas praias e recuperámos a Bandeira Azul, algo que se tinha perdido há uma década», lembrou o edil de Castro Marim.

 

Sobre Paco de Lucia:

Paco de Lucia é o pseudónimo artístico de Francisco Sánchez Gomes. Filho mais novo de uma família humilde, nasceu em 21 de Dezembro de 1947 em Algeciras, cidade da província de Cádiz.

Paco é o nome que se costuma dar em Espanha a quem se chama Francisco. Como no bairro onde morava viviam muitos Pacos, para o diferenciarem passaram a chamar-lhe “Paco, o de Lucia”, nome da sua mãe portuguesa, nascida em Castro Marim.

Foi com o seu pai, o guitarrista de flamenco António Sánchez, e seu irmão Ramón, que aprendeu a tocar guitarra. As suas principais influências foram os guitarristas de flamenco Nino Ricardo, Miguel Borrull, Mario Escudero e Sabicas.

Em 1958, com apenas 11 anos de idade, fez a sua primeira aparição pública na Rádio Algeciras e, no ano seguinte, recebeu um prémio especial numa competição de flamenco em Jerez de la Frontera.

Como consequência desse êxito, entrou para a trupe de José Greco em 1961, com o qual realizou uma digressão. Entre 1968 e 1977, gravou dez álbuns com Camarón de la Isla, outro músico inovador do novo flamenco.

Reconhecido em todo o mundo como um dos melhores compositores e guitarristas, Paco de Lucia liderou a revolução que viveu o flamenco nas últimas décadas.

Paco de Lucia pegou na tradição do flamenco e reinventou-a, abrindo-a a incursões por géneros musicais como o jazz ou a bossa-nova.

E se uma das mãos esteve agarrada à tradição, onde mora a essência e a mensagem do flamenco, a outra tocou a inovação através da sua música luminosa.

Aos 58 anos e com mais de 30 discos gravados, o primeiro dos quais lançado em 1967, o brilhante guitarrista espanhol foi distinguido com o Prémio Príncipe das Astúrias das Artes.

Faleceu em Fevereiro de 2014.

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