Mértola, a vila-museu à beira do Guadiana, e os seus vários núcleos museológicos, foram este sábado o local da segunda visita cultural promovida pelo Grupo dos Amigos do Museu de Portimão.
Guiado por Lígia Rafael, coordenadora dos laboratórios da conservação e restauro do Campo Arqueológico de Mértola, e por Manuel Passinhas, também técnico e investigador do CAM, o grupo de perto de 45 pessoas começou por visitar a Igreja Matriz (antiga mesquita) e o seu novo núcleo museológico inaugurado em Março, seguindo-se a zona da Alcáçova, o criptopórtico e a zona junto ao Castelo.
Depois do almoço, de iguarias alentejanas, acompanhado pelo bom vinho da Herdade da Bombeira, seguiram-se as visitas à Basílica Paleo-Cristã, ao núcleo romano na cave da Câmara Municipal, à oficina de tecelagem onde apenas resiste uma artesã e finalmente ao núcleo islâmico, que apresenta uma bela coleção de cerâmica islâmica.
Ao fim da tarde e antes de partir, houve ainda tempo para comer um gelado à moda antiga, vendido pelo senhor Nicolau, no seu carrinho «que já tem cinquenta anos». «Gelados Nicolau são bons para chupar até ao pau» é o maroto slogan que o Senhor Nicolau, já com uns bons 70 anos, gosta de dizer, «quando as senhoras não estão presentes».
Deste que foi o segundo passeio cultural do GAMP ficou a certeza de que o Património e os Museus são fundamentais para garantir a atratividade de um território periférico como o de Mértola. É graças ao trabalho feito, desde os anos 80, pelo Campo Arqueológico de Mértola, coordenado pelo arqueólogo Cláudio Torres, que Mértola é hoje a vila-museu.
Esse aspeto, a que se junta a grande aposta na gastronomia local e ainda o aspeto muito cuidado da vila, fazem com que Mértola receba, todos os fins de semana, largas centenas de visitantes. Isso até já levou à abertura de um novo hotel na localidade, à beira do Guadiana. Entre a nova oferta turística, destaque também para os passeios de barco no rio.
Lígia Rafael disse ao Sul Informação que, «nos últimos anos, todo o investimento no património tem estado a dar bons resultados para a economia local. O número de visitantes subiu, entre estrangeiros, nomeadamente espanhóis, mas não só, e portugueses».
Manuel Passinhas, por seu lado, salientou a aposta da Câmara de Mértola em pequenos eventos ao longo do ano, como a Feira da Caça ou o Festival Islâmico, entre muitos outros.
O Museu de Mértola encerra uma característica muito interessante. É que, em vez de ser um único edifício, o Museu desdobra-se em dezena e meia de núcleos, na vila e em outros pontos do concelho. Tudo isso leva o visitante a percorrer as ruas de Mértola a pé, sempre com o Guadiana como pano de fundo, num deslumbramento contínuo.
Mas a jornada do Grupo dos Amigos do Museu de Portimão não terminou sem uma última peripécia: o autocarro da Câmara de Portimão avariou-se na Via do Infante, já no regresso, e vá lá que conseguiu chegar à Área de Serviço de Olhão. Aí, o grupo teve de esperar por dois novos autocarros, que lhe permitisse completar a viagem.
O que valeu aos muitos homens do grupo é que a cafetaria da Área de Serviço tinha televisão, ligada na RTP1, para poderem ver a final da Liga dos Campeões, entre Real Madrid e Atlético de Madrid…os dois autocarros para salvar o grupo só chegaram quase três horas depois…pelo que só faltou mesmo ver os penáltis, que decidiram a partida.
Fotos: Elisabete Rodrigues|Sul Informação
