Câmara quer louletanos a andar de bicicleta e vai dar o exemplo

Se um dia for a Loulé e vir o presidente da Câmara Vítor Aleixo a passar de bicicleta, não há […]

Se um dia for a Loulé e vir o presidente da Câmara Vítor Aleixo a passar de bicicleta, não há razão para ficar surpreendido. A autarquia louletana ofereceu, esta terça-feira, bicicletas a três escolas da cidade, que qualquer membro da comunidade escolar pode usar gratuitamente, e também comprou algumas para os seus funcionários e dirigentes, que passam a ser os veículos de serviço preferenciais , para deslocações curtas.

No fundo, trata-se de aplicar a máxima “ser a mudança que se quer ver no mundo”. Porque é disso que trata o Loulé Adapta, programa onde se insere este projeto de promoção do uso da bicicleta: agir localmente, para ajudar a combater um problema mundial, neste caso, o aquecimento global.

«Este é um projeto para o futuro. Queremos que nesta primeira fase de sensibilização e arranque, tenha como público alvo a população escolar. E não temos dúvidas que, daqui para a frente, nada mais será igual no quotidiano da cidade de Loulé», considerou Vitor Aleixo, que ontem se fez à estrada, numa das novas bicicletas da Câmara, para lançar oficialmente o Loulé Adapta nas escolas da cidade.

A comitiva passou pelas escolas EB 2,3 Padre João Cabanita e Eng. Duarte Pacheco, bem como na Secundária de Loulé, para lançar oficialmente o projeto. Cada estabelecimento recebeu dez veículos, que os alunos, funcionários e professores podem requisitar e levar para casa, sem qualquer encargo.

A autarquia deu aqui uma primeira pedalada, daquilo que se quer que seja uma tirada que leve o projeto bem mais longe. «Esta primeira fase é centrada nesta franja da população, na cidade de Loulé. Mas planeamos, em fases subsequentes, levar esta experiência a Quarteira, Almancil e, eventualmente, a Salir e Boliqueime», revelou o edil, em conversa com o Sul Informação.

Loulé Distribuiu Bicicletas nas escolas_2

Este trabalho de promoção da mobilidade sustentável não vai parar nas escolas. «Em Setembro, na Semana da Mobilidade, vamos espalhar estações como as que instalámos nas escolas um pouco por toda a cidade, não apenas para os estudantes, mas para todos quantos queiram aderir. Eu próprio conto fazê-lo, porque faço questão de dar o exemplo. Até me vai fazer bem», considerou.

A disponibilização de bicicletas, de forma gratuita, é apenas uma das muitas medidas que Loulé quer tomar, para ser uma força ativa no combate às alterações climáticas (ver caixa abaixo).

Mais do que promover a mobilidade sustentável, com os benefícios que isso traz para o ambiente e, até, para os orçamentos familiares, este projeto estimula os hábitos de vida saudáveis e a prática de atividade física.

Para que a iniciativa tenha um maior alcance, há que criar condições para que os cidadãos possam deslocar-se neste tipo de veículo, em segurança. O Loulé Adapta também pensou nessa vertente e, além de programas de sensibilização e consciencialização dirigidos aos alunos, também contempla a organização de viagens em grupo, entre pontos de encontro previamente selecionados  e as escolas, com escolta de militares daquela força policial.

Também serão definidos, «mais à frente, alguns trajetos prioritários para a mobilidade em bicicleta». Além de mais ciclovias, poder-se-ão criar zonas de uso exclusivo ou partilhado (bicicleta e veículos motorizados) em algumas artérias da cidade de Loulé.

Os diretores das três escolas contempladas elogiam a medida e acreditam que, dentro em breve, a autarquia terá de reforçar o contingente de bicicletas, para acompanhar o aumento da procura. Cada estabelecimento terá o seu regulamento próprio, para cedência temporária dos veículos, mas todas terão como denominador comum a gratuitidade e universalidade do serviço.

E, para que ninguém fique apeado, foram instaladas pontos de reparação e manutenção de bicicletas junto às zonas de estacionamento instaladas nas três escolas, onde, além das ferramentas necessárias para enfrentar as avarias mais comuns, há um ponto de ar, que permite encher os pneus.

Loulé quer ser exemplo para outros municípios porque «não temos alternativa!»loule adapta 1

A entrega das bicicletas às escolas é uma das faces mais visíveis do Loulé Adapta, programa que pretende preparar o Concelho de Loulé para as Alterações Climáticas. Ao todo são 28 as opções de adaptação, que foram apresentadas na passada segunda feira, na Sala da Assembleia Municipal de Loulé.

Depois de um estudo, integrado no projeto ClimAdaPT.Local,que identificou quais os maiores riscos para o concelho de Loulé decorrentes das alterações climáticas, foi definida uma estratégia para amenizar as suas consequências.

No caso de Loulé, as temperaturas elevadas e as ondas de calor, as secas, a subida do nível médio do mar, a precipitação excessiva, que leva a cheias e inundações, o aumento da temperatura dos oceanos, o vento forte e as temperaturas baixas e ondas de frio, foram os impactos e vulnerabilidades identificadas pela equipa de técnicos do município.

loule adapta 2Depois de definida a estratégia já apresentada, «há agora um segundo momento que passa pela implementação e monitorização das medidas concretas que são propostas na própria estratégia. Estas medidas abrangem muitos aspetos da gestão autárquica corrente e vão incorporar-se nos instrumentos de gestão e planeamento do território, nos cadernos de encargos das obras municipais, nos concursos públicos. Vão também incorporar-se nas decisões que tomarmos relativamente aos consumos energéticos de todos os contadores de consumo de energia na rede pública, nomeadamente na evolução para tecnologia LED.», explicou ao Sul Informação o presidente da Câmara Vítor Aleixo.

Para o autarca, este «é um passo importantíssimo e queremos que, no futuro, possa marcar um tempo antes e depois».

Loulé é um município pioneiro na adoção de medidas de adaptação às alterações climáticas e Vitor Aleixo admite que algumas das medidas podem não ser compreendidas mas, para o autarca, «o que está em causa é tão importante para os nossos filhos e netos que vale a pena estar à frente, se tiver o preço de não ser logo compreendido e correr riscos».

Para Aleixo, «quem gere a “coisa” pública, deve ter como primeira preocupação gerir com sentido de responsabilidade e gerir tendo o cuidado de deixar um mundo mais habitável e sustentável para filhos e netos. Nós estamos a fazer a nossa parte e tenho a certeza que outros se seguirão a nós na região, no país e na Europa. Nós não temos alternativa!», concluiu.

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