Cabaz «FrescoMar» está a levar a Praça do Peixe a casa dos algarvios

Chega às mãos do cliente depois de ser selado em vácuo e coberto de gelo, ainda bem fresco, totalmente arranjado, […]

Equipa Cabaz FrescoMar - AAPFChega às mãos do cliente depois de ser selado em vácuo e coberto de gelo, ainda bem fresco, totalmente arranjado, pronto a cozinhar e acompanhado por dicas de como o confecionar.

A Praça do Peixe começou a ir ter com os clientes do Cabaz «FrescoMar» da Associação de Armadores e Pescadores da Fuzeta esta terça-feira, naquele que foi o pontapé de saída deste inovador projeto, inédito no Algarve.

O objetivo do Cabaz «FrescoMar» é simples: conseguir que os profissionais da pesca ganhem mais com o resultado da sua faina e que também os consumidores paguem menos pelo peixe que compram.

«Esta também é uma forma de ver se as pessoas começam a comer mais peixe. Ao receber em casa o peixe já amanhado e preparado, evita que tenham de ir à praça ou à peixaria. É peixe prontinho a cozinhar», ilustrou o presidente da AAPF Humberto Gomes.

Foi isso que aconteceu nas duas experiências do mesmo género que já foram lançadas, na Azenha do Mar (Odemira) e em Sesimbra (Setúbal) e que a associação fuzetense está, agora, a replicar.

Projeto Cabaz FrescoMar_4

Para já, os cabazes estão a ser entregues em Faro, Olhão e Tavira. Ontem, terça-feira, foram os mais de vinte clientes da capital algarvia que receberam caixas de peixe, com 3 ou 5 quilos, em suas casas ou nos seus locais de trabalho. Hoje, quarta, o cabaz é distribuído em Olhão e amanhã, quinta, em Tavira.  Os dias da semana para a entrega são sempre os mesmos.

«Vamos buscar o peixe à lota e ele é aqui amanhado, selado em vácuo e colocado nas caixas, coberto de gelo, para ser entregue no dia seguinte. Garantimos que é sempre entregue menos de 24 horas depois de ser apanhado», explicou o presidente da AAPF.

Dentro das caixas, com o peso de pescado solicitado pelo cliente – as de 3 quilos custam 22 euros, as de 5 quilos 36 euros -, pode estar uma variedade de peixes, escolhidos de uma lista que  junta 44 espécies, aquelas que chegam às lotas algarvias e que têm valor comercial. Quem adere ao «FrescoMar» não pode escolher que espécies pretende receber, pois «nunca se sabe que peixe é que está disponível, a bom preço, nesse dia», mas pode “riscar” até três espécies, que nunca lhe serão entregues.

No primeiro dia de distribuição, em Faro, estavam disponíveis, para compor o cabaz, espécies como o linguado-da-areia, raia, robalo, chocos, pampo e pescada, entre outros.

Apesar do cabaz não ter uma composição certa, dá uma garantia ao cliente: a de que integra espécies de valores elevado, médio e baixo, em percentagens semelhantes. Ou seja, apesar de ser certa a inclusão de espécies mais baratas, como a cavala e outras, também se pode sempre contar com algumas que custam muito mais dinheiro, nos postos de venda direta ao público.

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Algumas das espécies da lista podem até nem ser conhecidas de muitos dos potenciais clientes. Os promotores do projeto previram esta eventualidade. «Nós fizemos uma recolha de receitas, junto da comunidade piscatória, que serão lançadas no site da associação e, também, distribuídas no cabaz», segundo Sónia Olim, a coordenadora deste projeto.

A adesão ao serviço pode ser feita online, preenchendo o formulário na página inicial do site da AAPF. Aqui, além dos dados pessoais, nomeadamente a morada de entrega (pode ser em casa ou no trabalho), é pedido ao cliente que escolha as três espécies que não quer receber, nunca, bem como para dizer a periodicidade com que quer receber o cabaz. O pagamento é feito no acto da entrega. Na primeira leva, há uma taxa de 1,5 euros, que funciona como uma caução da caixa em que é entregue o peixe.

«Para já, só estamos a entregar em Faro, Olhão e Tavira, que é onde temos clientes suficientes, para justificar a deslocação. Menos de dez pessoas, num concelho, não compensa», contou  Sónia Olim. Mas há possibilidade de o estender a outros concelhos, como São Brás de Alportel e, até, Loulé, caso haja procura suficiente.

Segundo a bióloga marinha da AAPF, o projeto foi montado com base no que já havia sido feito pelos promotores dos projetos em Odemira e Sesimbra, com quem a associação da Fuzeta mantém «relações estreitas». «Nós partimos em vantagem, já sem a parte dos erros, que podemos corrigir», ilustrou.

«O primeiro cabaz foi lançado nas Azenhas do Mar, há cerca de dois anos, e correu muito bem. Eles conseguiram convencer pescadores a descarregar em lota, que é também um dos objetivos deste projeto, houve grande adesão e aumento do valor do pescado», contou.

«Este é um projeto de proximidade, em que as pessoas sabem quem é que apanhou o produto e quem o transformou. No fundo, é o mesmo que se faz com o cabaz da horta, embora as pessoas não estejam habituadas a ver o conceito aplicado aos frutos do mar», comparou.

Projeto Cabaz FrescoMar_2

Um dia antes de começar com a distribuição, Humberto Gomes confessa que esta experiência irá obrigar a equipa nele envolvida a alguma adaptação. «Vamos ver como corre. Nestes primeiros tempos, vamos ter de aprender. As pessoas também hão-de dar sugestões, como se querem peixe de uma determinada maneira, escalado ou às postas. Para já, o peixe vai inteiro», disse.

A AAPF candidatou o Cabaz «FrescoMar» ao programa operacional Promar, o que lhe permitiu adquirir uma viatura refrigerada, para fazer o transporte do peixe fresco e dos cabazes, para entrega. No total, foi feito um investimento de cerca de 100 mil euros.

No futuro, a associação espera que o projeto crie emprego. Neste momento, além dos funcionários da associação, o «FrescoMar» está a usufruir de um apoio do Instituto do Emprego e Formação profissional e conta com uma pessoa, que chegou ao abrigo de um Programa Ocupacional, que ajuda a amanhar o peixe. A ideia é que este posto de trabalho se torne permanente e que sejam criados outros.

 

Veja as fotos do Cabaz «FrescoMar»:
(Fotos: Hugo Rodrigues/Sul Informação)

 

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