Espetáculo «Atlas Faro» dá voz ao cidadão comum no Teatro das Figuras

O palco do Teatro das Figuras vai estar cheio de histórias de vida, pessoais e profissionais, amanhã, sábado, às 21h30. […]

Atlas Faro_Ensaio_4O palco do Teatro das Figuras vai estar cheio de histórias de vida, pessoais e profissionais, amanhã, sábado, às 21h30.

A capital algarvia vai acolher mais uma edição do espetáculo «Atlas», uma criação de Ana Borralho e João Galante que já passou em 33 cidades de vários pontos do mundo, no âmbito do Festival Verão Azul, que tem uma extensão no Sotavento algarvio ao longo deste mês de Novembro.

O «Atlas Faro» é o 34º de uma série de espetáculos que pretende dar voz ao cidadão comum, através da representação, ao mesmo tempo que faz o retrato da diversidade da sociedade. Os intérpretes da peça são voluntários, com profissões, idades e histórias de vida bem distintas.

Atlas Faro_Ensaio_3Os produtores deste espetáculo não impuseram qualquer limite, na hora de recrutar o elenco. «Procuram-se 100 pessoas de diferentes profissões da comunidade local para subir a palco, com ou sem experiência performativa: Artista, padeiro, polícia, fotógrafo, surfista, prostituta, dona-de-casa, pescador, político, bombeiro, stripper, investigador, empresário, arrumador de carros, motorista, carteiro, agricultor, mecânico, futebolista, canalizador…», lia-se no apelo lançado pela associação casaBranca, que produz o «Atlas Faro» e organiza o Verão Azul.

As pessoas, donas das mais diversas profissões (ou mesmo sem nenhuma, de momento), compareceram. E alguns vieram de longe, para participar no workshop de seis dias de preparação do espetáculo. «Temos uma pessoa que vem todos os dias de Alcoutim. Também temos pessoas de Lagoa, Loulé, São Brás de Alportel e Olhão», para além das de Faro, claro, disse ao Sul Informação o produtor executivo e coordenador de grupos do «Atlas Faro» Andrea Sozzi.

O workshop serve, não apenas, para ensaiar o espetáculo, mas é, igualmente, um momento de criação, já que cada Atlas é diferente dos outro, à semelhança do que acontece com aqueles que neles participam.

«A ideia é colocar as pessoas em palco, tentando ter o máximo de representatividade possível da comunidade. A semana que trabalhamos juntos é sempre muito interessante e divertida. Para nós, além do espetáculo final, é muito importante todo o processo que aqui temos», disse.

Até porque é este processo que acaba por definir aquilo a que o público assiste, no dia do espetáculo. «Quando as pessoas tomam a palavra, falam das suas profissões, mas também há espaços em que as pessoas que desejarem podem desabafar e falar dos seus problemas», ilustrou o produtor executivo do espetáculo.

Atlas Faro_Ensaio_2Ao mesmo tempo, é escolhido um tema central. «Por exemplo, na Finlândia o principal problema identificado foi o elevado número de pessoas que tomavam antidepressivos. Já noutros locais foi o desemprego ou mesmo a má imagem que a sua cidade pode ter», explicou.

Em Faro, os problemas mais identificados foram «o forte impacto do turismo, que está ligado a uma forte sazonalidade do mercado de emprego e a alguma precariedade, bem como a algumas questões ambientais».

«Esta é uma performance, da autoria de Ana Borralho e João Galante, que nasceu em Outubro de 2011, numa altura em que começou a haver em Portugal uma situação política e social bastante grave e dramática, com a entrada do FMI», lembrou Andrea Sozzi.

«O João Galante queria fazer fazer uma grande pintura em que escreveria “se um artista incomoda muita gente, dois artistas incomodam muito mais”, e assim sucessivamente até ao mil. A sua ideia era representar não só os artistas, mas toda a população», acrescentou o produtor executivo do espetáculo.

Daqui, nasceu o Atlas, que foi pensado para ser uma apresentação única mas que, feitas as contas, já deu voz a mais de 3 mil pessoas. «Como as pessoas gostaram muito e houve convites internacionais, quatro anos e quase um mês depois, estamos na 34ª cidade e apresentámos o projeto em 15 países diferentes».

Atlas Faro_Ensaio_1O «Atlas Faro» tem Ana Borralho e João Galante como diretores artísticos e conta com a colaboração artística de Fernando J. Ribeiro, Cátia Leitão (Alface), Mickaella Dantas, Tiago Gandra. Rui Catalão é colaborador dramatúrgico, o aconselhamento de luz é dado por Thomas Walgrave e o som é da Coolgate. A direção de produção está a cargo de Mónica Samões.

Este é segundo de três espetáculos que foram programados, pelos produtores do Verão Azul, no Sotavento. 2015 é o primeiro ano em que o festival tem uma extensão nesta zona no Algarve, já que nas primeiras cinco edições se concentrou em Lagoa e Portimão, por onde já passou, em 2015, durante o mês de Outubro.

Depois de ter iniciado com a estreia de «Os Sete Pecados – Ensaio para uma cartografia», de Mónica Calle, no sábado passado, no Cine-Teatro Louletano, a programação do Verão Azul no Sotavento segue já amanhã com o «Atlas Faro» e termina com um concerto de Benjamin Clementine, no dia 28 de Novembro, às 21h30, no Teatro das Figuras.

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