Gil Vicente leixa-se ouvir e folgar na Ermida de Guadalupe

A peça «Leixai-me Ouvir e Folgar», um espetáculo que junta as artes performativas e a música antiga, escrito e composto […]

ensemble vicenteA peça «Leixai-me Ouvir e Folgar», um espetáculo que junta as artes performativas e a música antiga, escrito e composto «no tempo de Gil Vicente», é a proposta para esta tarde, às 17h00, na Ermida de Nossa Senhora de Guadalupe, em Vila do Bispo.

O espetáculo é apresentado pelo Ensemble Vicente, sendo que todos os intervenientes nesta peça são especialistas em artes antigas, tanto o ator Nuno Meireles, que é igualmente responsável pela dramaturgia, como os músicos Manuela Lopes (soprano) e Hugo Sanches (Vihuela).

A peça tem a sua «estreia absoluta» neste ciclo, mas será novamente apresentada amanhã, sábado, 15 de Agosto, na inauguração da Mostra de Artistas de Lagos (MALA), no pátio do Centro Cultural de Lagos.

Trata-se de um evento integrado no IV Ciclo de Música Antiga “Sons Antigos a Sul” a decorrer durante o mês de Agosto, integrado no no programa DiVaM – Dinamização e Valorização dos Monumentos, da Direção Regional de Cultura do Algarve.

Este projeto de promoção e divulgação da Música Antiga no Algarve, conduzido pela Academia de Música de Lagos, cuja primeira edição decorreu em 2012, surgiu da necessidade de dar a conhecer esta visão histórica a toda a comunidade local residente e aos seus visitantes.

«Este ano, temos a introdução do teatro, depois de já termos introduzido a dança em 2014», explicou ao Sul Informação Daniela Tomaz, a diretora artística do «Sons Antigos a Sul».

«Este é um projeto que já queríamos implementar há algum tempo, dinamizado por especialistas neste período da história. Quisemos fazer a ligação aos Descobrimentos nos diferentes espetáculos do ciclo», tendo em conta que se comemoram os 600 anos da Tomada de Ceuta, à qual Lagos esteve muito ligada.
O concerto desta tarde é antecedido por um beberete e a entrada custa 5 euros.

 

Ensemble Vicente:
Nuno Meireles, dramaturgia e representação
Manuela Lopes, soprano
Hugo Sanchez, vihuela

 

Notas de Programa:
«Gil Vicente (c.1470 – depois de 1536) é a figura síntese do teatro medieval europeu.
Paradoxal autor que conjuga teatro profano (momos, farsas, soties, sermões pícaros, romances de cavalaria) e teatro religioso (mistérios, hagiografias, pregações) é um caso único no panorama português.
Vai buscar influências às festas da corte, à doutrina cristã (em especial ao culto mariano), aos autores castelhanos como Juan del Encina e podemos dizer que inventa o teatro português, que com ele entra diretamente na sua maioridade.
A sua obra estende-se por quase quarenta anos de que temos a compilação póstuma feita pelos seus filhos: Copilação de Todalas Obras de Gil Vicente (1562).
Nesta multifacetada obra, neste teatro total em que se encontram teatro, dança e música medievais, abundam exemplos musicais dos quais temos por vezes o texto e a indicação da música (vilancico, hino, romance) mas na maioria das vezes resta-nos somente o texto, sem informação sequer do autor da música.
A síntese medieval de que foi protagonista Gil Vicente serve-nos de mote para este concerto teatral “Leixai-me ouvir e folgar”: batizado com este verso de Inês Pereira, neste concerto fazemos o teatro vicentino dialogar com a música antiga, representando momentos tanto do seu teatro religioso como do teatro profano em que a música desempenha um papel central.
Teremos pois Teatro e Música com Gil Vicente a dialogar com autores dos Cancioneiros de Elvas, Belém e Paris: Alonso Mudarra, Luys Milan, Luis de Narvaez e Miguel de Fuenllana. Dado sabermos que é de Pedro Escobar a autoria do Motete da Cananea, da peça Cananea (1534) será este autor a concluir o nosso concerto de cenas, vilancicos e romances.
Leixemos-vos pois ouvir e folgar.
Nuno Meireles / Ensemble Vicente»

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