ARS Algarve tem abertas 82 vagas para médicos, mas muitas devem ficar vazias

Grande parte das 200 vagas que o Ministério da Saúde abriu para médicos de Medicina Geral e Familiar, para os […]

João Moura ReisGrande parte das 200 vagas que o Ministério da Saúde abriu para médicos de Medicina Geral e Familiar, para os Centros de Saúde e outras unidades de Cuidados de Saúde Primários, são para o Algarve. O mais recente concurso de admissão de clínicos contempla 82 posições para a região algarvia, mas o presidente da Administração Regional de Saúde (ARS) do Algarve João Moura Reis mostra-se pouco convicto que sejam todas preenchidas.

Este número de médicos é o considerado pela entidade como «o necessário» para colmatar as necessidades existentes, a este nível, na região. «Caso chegassem os 82 médicos, isso permitir-nos-ia dar um médico de família a cada algarvio e iria preencher, totalmente, aquilo que necessitamos», disse ao Sul Informação João Moura Reis.

Mas, avisou João Moura Reis, este clínicos dificilmente chegarão à região antes do final do ano, pois o concurso ainda tem as candidaturas abertas e «há apenas um júri», o que tornará o processo de seleção «muito moroso».

E, mesmo aí, nada garante que venha para a região o número de médicos necessário. Na realidade, pode andar bem longe disso. «Das 175 vagas médicas que foram colocadas a concurso em 2012, 2013 e 2014, apenas 21 foram ocupadas, cá no Algarve», ilustrou.

medicos_6A “esperança”, para o Serviço Nacional de Saúde do Algarve, que tem vivido uma fase atribulada devido à falta de profissionais, é a adesão que já se verificou a este processo de recrutamento. «Neste momento, anda-se à volta dos 150 a 160 candidatos, o que é muito bom. Temos esperança que parte deles venham para o Algarve», disse.

«Há dificuldade em atrair médicos para cá. Hoje em dia, ninguém quer vir para a periferia e, apesar de o Algarve ser o que é, não deixa de ser uma região periférica. As pessoas formam-se noutros pontos do país, como Lisboa, Porto e Coimbra, e quando estão capazes para ser colocados no interior do país, já têm a sua vida constituída e dificuldade em abandonar as vidas que têm», defendeu.

A mesma lógica poderá impedir que alguns dos médicos que a Universidade do Algarve está a formar, no seu jovem Mestrado Integrado em Medicina (a primeira “fornada” de clínicos saiu este ano), fiquem por cá.

Isto porque este é um curso com uma filosofia bem diferente dos demais cursos de Medicina, em Portugal, já que aceita apenas alunos já licenciados, em áreas afins à medicina. «Muitas destas pessoas também já tinham a vida montada, noutros locais. Vieram para o Algarve em busca da concretização de um sonho. É verdade que passaram cá 4 anos, mas trouxeram um passado com elas. Há que ver se esse passado pesa mais que os quatro anos cá passados, na hora de decidir», considerou João Moura Reis.

 

Também estão a chegar mais médicos para os Hospitais

Hospital de FaroO concurso que contempla 82 vagas para o Algarve incide apenas sobre os Cuidados de Saúde Primários, mas há outros a decorrer, ligados à área hospitalar. «Está a decorrer um concurso para colocação de especialistas recém-formados, que foram formados aqui no Algarve, que correspondem a cinco vagas. Já na fase final, está a decorrer um outro concurso, ainda do ano passado, para colocação dos elementos da segunda época, que fizeram aqui o internato», revelou João Moura Reis

Este processo também foi lançado pela ARS Algarve e está numa fase mais avançada. «Em breve», diz João Moura Reis, passará para a alçada do Centro Hospitalar do Algarve.

O processo, neste caso, podia ter sido bem mais célere, admitiu João Moura Reis, caso a iniciativa de contratar os médicos tivesse partido diretamente do CHA, que é uma empresa pública.

«Era muito mais fácil se fosse o CHA a contratar diretamente, até porque, como EPE, eles têm vantagens que nós não temos, como Instituto Público. Ou seja, nós temos todas as contrariedades do tempo, porque temos de abrir concursos e determinados procedimentos que causam uma maior demora», disse.

«Neste momento, o concurso está em fase de audição, está quase a fechar e a terminar. Assim que soubemos, começamos logo as diligências», para passar todo o processo para o CHA, já que «cláusulas específicas» do concurso que foi lançado determinam que a responsabilidade passa para os Hospitais, na fase de contratação, propriamente dita.

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