Festival Terras Sem Sombra 2013 fechou com estreia nacional em Sines

A estreia nacional do ensemble Camerata Boccherini trouxe este fim-de-semana a Sines obras do compositor Luigi Boccherini raramente ouvidas em […]

A estreia nacional do ensemble Camerata Boccherini trouxe este fim-de-semana a Sines obras do compositor Luigi Boccherini raramente ouvidas em Portugal. A soprano María José Moreno encantou, com uma das melhores atuações da temporada musical do país, o público que encheu a igreja matriz do Santíssimo Salvador, em Sines.

O ensemble Camerata Boccherini estreou-se em Portugal este fim-de-semana, no concerto de encerramento do Festival Terras Sem Sombra 2013. O agrupamento italiano, cuja génese constituiu uma homenagem ao compositor Luigi Boccherini [1743-1805], abriu o concerto com a obra com dois famosos quintetos para cordas deste mestre do Classicismo, emoldurando de seguida a voz única da soprano espanhola María José Moreno, que interpretou, de modo sublime, uma obra-prima de Boccherini, o Stabat Mater para quinteto de cordas e soprano, maravilhando as centenas de pessoas que assistiram ao espetáculo.

O ensemble Camerata Boccherini estreou-se em Portugal este fim-de-semana, no concerto de encerramento do Festival Terras Sem Sombra 2013

Paolo Pinamonti, diretor artístico do Festival, lembrou a importância deste concerto de encerramento, quando se prepara a celebração da primeira década do Terras sem Sombra: “o nível de exigência a que chegou o Festival, com os seus quase dez anos de existência, permitiu trazer aos palcos do Alentejo repertórios e artistas de grande importância internacional, com a apresentação de importantes obras da história da música, algumas das quais nunca antes ouvidas em solo português. Boccherini é um exemplo do enorme virtuosismo da época clássica e o modo exímio como a Camerata o revela, com instrumentos de época, permite uma verdadeira viagem até ao âmago da grande tradição do século XVIII”.

No dia seguinte, o porto de Sines abriu portas aos músicos e à comunidade local para a última atividade inscrita no programa de conservação da natureza promovido pelo Festival.

Já em terra, continuando um trabalho de monitorização da biodiversidade litoral, procedeu-se à colheita e análise de amostras de plâncton marinho, um sistema natural de alerta permanente e um garante da sustentabilidade ambiental

“Biodiversidade marinha num porto industrial” foi o mote para uma manhã em que, com a colaboração da Administração do Porto, do Laboratório de Ciências do Mar e do Centro de Oceanografia da Universidade de Évora e do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas, os participantes subiram a bordo de uma moderna embarcação da autoridade portuária, o “Porto Covo”, para observarem a compatibilização das indústrias no porto com a conservação dos recursos naturais sineenses.

Depois, já em terra, continuando um trabalho de monitorização da biodiversidade litoral, procedeu-se à colheita e análise de amostras de plâncton marinho, um sistema natural de alerta permanente e um garante da sustentabilidade ambiental.

Os participantes subiram a bordo de uma moderna embarcação da autoridade portuária, o “Porto Covo”, para observarem a compatibilização das indústrias no porto com a conservação dos recursos naturais sineenses

Como referiu o presidente da Administração do Porto de Sines, João Franco, “é um enorme prazer colaborar em iniciativas deste foro, em especial pelo modo como o Festival contribui, de modo simples, mas eficaz, para a preservação de um património natural único. A responsabilidade social do Porto de Sines tem em si os princípios da salvaguarda da biodiversidade, valores partilhados com o Terras Sem Sombra e, por isso, aplaudimos e acolhemos esta iniciativa, que conta já com um impacto significativo para a região”.

Muitas dezenas de pessoas, incluindo músicos, espetadores e membros da comunidade local, quiseram associar-se, como voluntários, à iniciativa.

Em jeito de síntese, José António Falcão, o diretor do Departamento do Património Histórico e Artístico da Diocese de Beja, a entidade promotora do Festival, concluiu assim a etapa de 2013: “chegámos a um patamar de afirmação de uma ideia que começou por ser para a comunidade e que agora, dez anos depois, se tornou da comunidade. O progresso é evidente, pois cada vez mais contamos com o apoio das gentes das terras e, em particular, das forças vivas da região, sem as quais não se teria conseguido atingir este ponto. Chegados ao término da sua 9.ª edição, observamos que o Terras sem Sombra está já inscrito em lugar de destaque no calendário da música europeia e o seu contributo para a internacionalização do Alentejo tornou-se significativo a vários níveis”.

“Biodiversidade marinha num porto industrial”

Quanto à próxima edição, o futuro está ainda em aberto. Para já, José António Falcão tem uma certeza: “o maestro Paolo Pinamonti aceitou o desafio para 2014 e fica connosco”. Se se associar isto ao facto de que, além das cidades e vilas que são já localidades-âncora do Festival, há várias terras interessadas em aderir, tudo indica que o próximo ano representará outro ponto alto para o projeto Terras sem Sombra. Uma boa notícia em tempos de grave crise para a cultura portuguesa.

 

Um acontecimento dinamizador

O Festival Terras sem Sombra atrai, todos os anos, milhares de visitantes à região do Alentejo. É também um acontecimento de significativa projecção mediática, em que participam personalidades e instituições de relevo.

Marcaram presença, no concerto de encerramento, entre outros protagonistas, a assessora para os assuntos diplomáticos e a consultora para os assuntos culturais da Presidência da República, Embaixadora Luísa Bastos de Almeida e Ana Bustorff Martinho, o Ministro Conselheiro da Embaixada de Espanha em Lisboa, Embaixador Antonio Pedauyé González, a diretora do Istituto Italiano di Cultura em Lisboa, Lidia Ramogida, o antigo ministro da Cultura Pedro Roseta, o presidente da Câmara  Manuel Coelho Carvalho, e o provedor da Santa Casa da Misericórdia de Sines, Luís Venturinha.

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