ESO descobre planeta extrassolar que pode ser visto diretamente

O Observatório Europeu do Sul anunciou a descoberta do primeiro planeta extrassolar detetado pela sua observação direta. Há uns dias, […]

O Observatório Europeu do Sul anunciou a descoberta do primeiro planeta extrassolar detetado pela sua observação direta.

Há uns dias, o Observatório Europeu do Sul (ESO) anunciou a descoberta de um planeta extrassolar. Recorde-se que um planeta extrassolar (ou exoplaneta) orbita uma estrela que não o Sol.

Quem tem acompanhado esta “caça ao planeta”, dirá com um sorriso: É mais um para a coleção! De facto, desde 1995, aquando do trabalho pioneiro dos astrónomos suíços M. Mayor e D. Queloz, já foram anunciados ao Mundo quase 900 novos mundos (a “The Extrasolar Planets Encyclopaedia” mantém o registo online diário e atualizado da lista de planetas extrassolares descobertos).

O anúncio agora feito pelo ESO diz respeito à observação de um planeta, com uma massa estimada de 4 a 5 vezes superior à do “nosso” Júpiter, e que orbita uma estrela de nome HD 95086 da constelação da Carina (no Hemisfério Sul).

Esta estrela tem uma massa que é 1.6 vezes superior à massa do Sol, é muito jovem (com, no máximo, 20 milhões de anos) e está a quase 300 anos-luz da Terra (recorde-se que 1 ano-luz corresponde à distância percorrida pela luz durante um ano).

Qual o interesse desta descoberta? Este novo planeta, para já denominado HD 95086 b, foi descoberto pelo método direto. Ou seja, foi possível obter uma imagem diretamente vinda do planeta, independentemente da luz que nos chega da estrela. E este tipo de observações é muito difícil porque, normalmente, a luz da estrela ofusca o planeta.

Na grande maioria dos planetas extrassolares até agora descobertos foram usados métodos indiretos, relacionados com efeito que o planeta induz, por exemplo, no movimento da estrela. Nestes casos o planeta não é observado diretamente, mas sim a sua influência na estrela.

A imagem mostra a observação agora anunciada pelo ESO: o planeta é o ponto azul; a estrela branca marca a posição original de HD 95086 (que foi retirada da imagem para mais facilmente se poder ver HD 95086 b); a circunferência azul representa a órbita de Neptuno no Sistema Solar (para melhor se ter uma noção da escala espacial).

O resultado é importante, uma vez que HD 95086 b parece ser, até à data, o planeta com menos massa a ser observado fora do Sistema Solar pelo método direto.

A terminar, deixo as palavras de um dos descobridores, Gael Chauvin (Institut de Planetologie et d’Astrophysique de Grenoble): “o brilho das estrelas dá a HD 95086 b uma temperatura à superfície estimada de cerca de 700 graus Celsius, o que é suficientemente frio para que vapor de água e possivelmente metano existam na atmosfera”. E a busca de outros como nós continua.

 

Autor: João Fernandes
CGUC, Dep. de Matemática e Observatório Astronómico da Universidade de Coimbra
Ciência na Imprensa Regional – Ciência Viva

Imagem: http://www.eso.org/public/archives/images/large/eso1324a.jpg

Para mais informações sobre esta descoberta, consultar www.eso.org/pt.
Sobre a temática de planetas extrasolares permito-me recomendar um livro
recente escrito por autores portugueses, “Outras Terras no Universo – uma
história da descoberta de novos planetas” (N. Santos, L. Tirapicos e N.
Crato, Gradiva 2012).

*Adaptado do post no blog De Rerum Natura, de 5 de Junho de 2013

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