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teatro das figuras

Sul InformaçãoA literatura portuguesa de divulgação de ciência tem ganho nos últimos anos obras de qualidade internacional. Uma delas foi publicada em Outubro do ano passado e, devo escrever, eleva o patamar da excelência e da exigência para este género tão importante para o desenvolvimento da cultura científica de um povo em liberdade.

Estou a referir-me ao livro feito a quatro mãos por Alexandre Aibéo, que o escreveu, e por Pedro Aibéo que o ilustrou, e que tem por título “Isto não é (só) matemática”.

Editado pela QuidNovi, este livro rasga os cenários impossíveis e apresenta uma obra sui generis no panorama da divulgação científica escrita e desenhada originalmente em português.

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Sui generis, ou por outras palavras, única no seu género, pois os autores conseguem compaginar a divulgação acessível de conhecimento científico (com fórmulas matemáticas), com a ilustração na forma de cartoons e banda desenhada e com humor quanto baste para que o leitor não perca o fio à meada e lhe apeteça mesmo continuar a ler e ver.

Bom humor. E, se os cultores do género falam da inteligência intrínseca que existe no bom humor, então estamos perante um livro muito inteligente, que consegue, a meu ver, alcançar os seus objetivos: «abordar alguns aspetos que a Matemática trata, mas sem estar muito preocupado com um formalismo muito denso, não pretendendo, com isso, carecer de rigor», conforme escreve Alexandre, numa introdução intitulada “Ah não?”.

O livro está escrito num tom coloquial, com uma linguagem do dia-a-dia, o que facilita muito a eficácia com que consegue comunicar com o leitor. Prende livremente o leitor ao livro. E o leitor leva o livro com ele.

«Se “Isto não é Matemática”, então o que é?» assim começa a introdução. Os autores desafiam o leitor a descobrir a resposta a esta pergunta logo no início da introdução.

O convite dos autores é ainda mais provocador, sem ser pretensioso, ao sugerirem que o leitor se prepare para uma caminhada de “mochila às costas”, ao longo de dez capítulos, cujos títulos apelam à curiosidade como uma boa inspiração de ar puro no cimo de uma montanha (ou num prado verde, como queiram): 1.º Naturais, reais e algo surreais; 2.º Balanças, baloiços e criminosos; 3.º Coelhinhos, zangões e conspirações; 4.º O que é o quê?; 5.º Bem, mal ou assim-assim?; 6.º Vou ver-me grego?; 7.º Evolução, taxas de juro, montes de dados e átomos radioativos; 8.º De origens e índios; 9.º Um mundo cheio de riscos e setinhas; 10.º Somas, cobrinhas e parêntesis indecisos?

Sul InformaçãoNuno Markl não ficou indiferente a este livro, muito pelo contrário. Sim, o autor de “O Homem que mordeu o cão”, que diz odiar matemática, «apesar de nunca lhe ter virado as costas», não só leu o livro como é dele o prefácio, onde diz que tem «pena que este livro não lhe tenha aparecido mais cedo» na sua vida.

Para Markl, este livro conseguiu estabelecer-lhe «o elo perdido entre os meus (dele) professores de Matemática e a Samantha Fox». «Eles (os Aibéo) conseguiram dar uma estranha espécie de sex-appeal à Matemática mas, mais importante do que isso, são pessoas inteligentes que perceberam que pelo humor é que vamos. Eles lograram criar um sacana de um livro de Matemática que tem piada», acrescenta Nuno Markl.

Por fim, e já que este é o primeiro livro de divulgação de ciência de Alexandre Aibéo, o necessário agradecimento pelo feito e o voto nesta assembleia de leitores, em que me incluo, para que seja (só) isso: o primeiro.

 

Autor: António Piedade
Ciência na Imprensa Regional – Ciência Viva

 

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