João Amado é o novo presidente do Secretariado Regional das Misericórdias do Algarve

O médico João Amado acaba de ser eleito presidente do Secretariado Regional da União das Misericórdias Portuguesas (UMP), em eleições […]

O médico João Amado acaba de ser eleito presidente do Secretariado Regional da União das Misericórdias Portuguesas (UMP), em eleições que decorreram este domingo no Salão Nobre da Misericórdia de Faro.

O novo Secretariado é constituído por João Amado (Misericórdia de Portimão), Vítor Lourenço (Misericórdia de Vila do Bispo) e Rui Ginja (Misericórdia Monchique).

João Amado substitui Candeias Neto (Misericórdia de Faro), que ocupou este cargo durante 30 anos.

Fruto de um alargado consenso, apresentou-se a esse ato apenas uma lista integrando as Misericórdias de Portimão, Vila do Bispo e Monchique.

Recolhendo os votos favoráveis de 14 das 15 Misericórdias presentes e um voto branco, o novo secretariado é composto pelo provedor da Santa Casa da Misericórdia de Portimão João Amado, que passa a presidir, pelo provedor da Misericórdia de Vila do Bispo Vítor Lourenço, como primeiro secretário, e pelo secretário da Mesa Administrativa da Misericórdia de Monchique, Rui Gingeira, como segundo secretário.

Ao encerrar um ciclo de três décadas à frente do secretariado regional da UMP, o presidente cessante Candeias Neto, provedor da Misericórdia de Faro, lembrou as dificuldades que envolveram a criação e consolidação da UMP, bem como o trabalho realizado pelos Provedores que, ao longo destes anos, impulsionaram as suas instituições e congratulou-se com o crescimento do número e qualidade das respostas sociais que as Misericórdias algarvias prestam aos seus utentes.

Agradeceu ainda o apoio que sempre recebeu da parte dos seus pares e manifestou confiança no futuro, convicto de que os agora eleitos saberão continuar a dignificar as Misericórdias algarvias.

Dirigindo-se em particular ao novo presidente, desejou-lhe as maiores felicidades e falou sobre o peso crescente da área da Saúde nas Misericórdias, para em seguida afirmar que, pela sua experiência profissional e currículo, João Amado constitui uma excelente escolha, pelo que deixa as funções que desempenhou com um sentimento de nostalgia mas também com inteira confiança em quem lhe sucede.

Após tomar posse, João Amado tomou a palavra agradecendo a todos os provedores algarvios a confiança depositada em si, e na sua equipa, esperando poder corresponder às suas expectativas e provar no final do mandato que essa confiança é justificada.

Agradeceu ainda aos mesários da Misericórdia de Portimão o apoio solidário que lhe têm concedido, sem o qual não lhe seria possível concretizar o trabalho desenvolvido na Santa Casa da Misericórdia de Portimão e na UMP.

Dirigiu-se depois aos membros do secretariado cessante, e em particular ao seu presidente, para agradecer todo o trabalho em prol das Misericórdias algarvias.

Nas suas palavras, “Candeias Neto constitui uma referência para todos os que chegam às Misericórdias e é uma honra, e também uma enorme responsabilidade, embora assumida com gosto, suceder-lhe nestas funções”.

Continuou afirmando que nos esperam anos difíceis, fruto da crise social e económica que nos atinge, dos reflexos que essa crise tem nas disponibilidades de tesouraria das instituições e dos problemas de relacionamento que a mesma acarreta.

Dias difíceis na relação “com utentes e familiares que têm cada vez mais dificuldade em cumprir com as suas comparticipações”, “com os colaboradores cujos postos de trabalho nos esforçamos por manter”, “com o Estado e com as pessoas que em cada momento o representam e que nem sempre mostram a indispensável abertura para nos ouvir e para aceitar a nossa vontade de contribuir para a criação de respostas sociais de qualidade mas menos onerosas”.

A propósito da criação de novas respostas, a par dos lares sociais, dos centros de dia, do apoio domiciliário, das creches, das cantinas sociais ou das unidades de cuidados continuados, João Amado referiu as unidades para doentes de Alzheimer, os centros de acolhimento temporário e os centros de noite, e ainda a evolução da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados através da regulamentação de Redes de Cuidados Paliativos, de Saúde Mental e de Cuidados Pediátricos.

Relembrou ainda a urgência de criação de condições para o avanço das USF modelo C, e do contributo do sector social para o desafio de permitir a todos os cidadãos o acesso a um médico de família, e das Unidades de Dia da RNCCI.

Defensor da participação das Misericórdias, e até do seu papel impulsionador nalgumas destas áreas, o Presidente do Secretariado Regional de Faro da União das Misericórdias Portuguesas, deixou no entanto um alerta, “no passado foram muitas vezes as Misericórdias a avançar, a investir, a construir equipamentos, a equipá-los, a dotá-los de recursos humanos, vindo o Estado a reconhecer mais tarde a sua necessidade. Hoje, fruto da crescente diminuição de donativos e de recursos próprios, de uma maior dificuldade de acesso ao crédito e de uma maior volatilidade das decisões políticas, as Misericórdias não podem, não devem, ceder à tentação de avançar nessas novas áreas sem garantias de que essas são as reais necessidades das populações e de que as mesmas são sustentáveis. As Misericórdias não podem esperar que o Estado vá a reboque das suas iniciativas mas também não poderão elas próprias ir a reboque de decisões políticas pouco fundamentadas, pondo em risco o seu futuro”.

Terminou pedindo aos Provedores ali presentes que ponham em prática para consigo uma das 14 obras de Misericórdia, a de dar bom conselho, pedindo o seu auxílio para as difíceis tarefas que a todos aguardam.

 

Nota biográfica:

 

João Manuel Malveiro Amado é algarvio, nascido em Monchique, a 26 de Agosto de 1961. É casado e pai de dois filhos.

Licenciou-se em Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra em 1985, iniciando a sua carreira profissional como Interno do Internato Geral, no ano de 1986, no Hospital Distrital de Portimão.

Após concurso nacional de admissão, ingressou no Internato Complementar de Cardiologia que frequentou entre 1992 e 1998 no Hospital Distrital de Faro.

Após pedir exoneração da função pública, exerceu Medicina em várias instituições privadas de saúde algarvias, tendo integrado órgãos de administração e direção clínica em várias delas, de que são exemplo a MAR-SA, o grupo HPA e o Hospital da Misericórdia de Portimão.

Entre 2006 e 2012, exerceu as funções de Diretor Técnico e Clínico das Unidades de Cuidados Continuados da Santa Casa da Misericórdia de Portimão.

Com uma intensa atividade cívica ao longo de 3 décadas, integrou os corpos sociais de diversas associações de âmbito local e regional, foi membro do Conselho de Administração da Administração Regional de Saúde do Algarve, Vereador da Câmara Municipal de Portimão, membro da Assembleia Municipal de Monchique.

Integra atualmente o Conselho de Gestão do Grupo Misericórdias Saúde, o Conselho da Comunidade do ACES Algarve Central e o Conselho Nacional de Saúde Mental.

Ligado há uma década à Irmandade da Santa Casa da Misericórdia de Portimão, da qual foi colaborador e diretor clínico, exerceu as funções de vice-provedor durante os dois últimos mandatos e é, desde o ano passado, seu Provedor.

 

Nota: as fotos são de Armindo Vicente

 

 

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