O Nobel da Paz

A União Europeia recebeu esta semana o Prémio Nobel da Paz. A atribuição deste prémio à União Europeia logo levantou […]

A União Europeia recebeu esta semana o Prémio Nobel da Paz.

A atribuição deste prémio à União Europeia logo levantou vozes a favor e, sobretudo, vozes contra. O Comité Nobel, que decide sobre a atribuição destes prémios, explicou que tinha escolhido a instituição pelo facto de ela ter contribuído de forma decisiva para a manutenção do mais longo período de paz na Europa. E, de facto, desde 1945, ou seja, há 67 anos, que não há uma guerra europeia.

Para este que foi, até agora, o mais largo período de paz no Velho Continente contribuiu sem dúvida a União Europeia, mas também, por estranho que pareça, aquele frágil equilíbrio de forças entre o chamado Bloco Ocidental, pró-americano, e o Bloco Soviético, a que se deu o nome de Guerra Fria.

O facto de não ter havido, em quase 70 anos, nenhuma guerra à escala europeia, não significa que, desde 1945, não tenha havido guerras na Europa. Basta lembrar a Guerra dos Balcãs, que dilacerou a ex-Jugoslávia.

É verdade que, para muitos europeus, a Guerra dos Balcãs não era considerada como uma “guerra europeia”. Era uma coisa de uns tipos bárbaros lá numa franja periférica, numa zona que, para muitos, nem sequer deveria ser considerada Europa. Até em Portugal tenho ouvido comentários destes, como se nós, portugueses, situados na periferia oposta da Europa, não fossemos também considerados por muitos europeus do Centro e do Norte como uma gente bárbara, mais moura que europeia…

Por mim, sempre me chocou essa guerra fratricida nos Balcãs, que teve aspetos de terrível ferocidade que eu preferia pensar que nunca se voltaria a repetir na nossa civilizada Europa. Mas repetiu-se, durou anos e afetou uma zona importante do Velho Continente. E há por lá feridas que ainda não sararam!

Curiosamente, desses países que antes de guerrearam, um deles, a Croácia, entretanto já entrou no exclusivo grupo da União Europeia, e outro, a Sérvia, espera fazê-lo em breve. Também aqui o argumento dos responsáveis pela União Europeia é que a integração desses países é uma forma de assegurar a paz.

Apesar de tudo, repito que não é bem verdade que nestas sete décadas não tenha havido guerras na Europa.

Pormenor curioso na atribuição deste Nobel da Paz é que ele tenha sido decidido por um Comité Nobel, que, neste caso, tem sede na Noruega, um país que já por duas vezes, em referendo, recusou entrar na União Europeia.

Eles não querem fazer parte do clube, mas consideram que o clube faz falta à paz mundial. Eu concordo!

Comentários

pub