A forma interessa para a eficácia da terapia génica

No início dos anos 80, em Zurique, na Alemanha, iniciou-se uma viagem pelo mundo das nanopartículas, com inúmeras aplicações. Surgiu […]

No início dos anos 80, em Zurique, na Alemanha, iniciou-se uma viagem pelo mundo das nanopartículas, com inúmeras aplicações. Surgiu assim, uma área que se dedica ao estudo das características e aplicabilidades de estruturas de dimensões extremamente pequenas, escala nanométrica, a nanotecnologia.

Estas estruturas podem ser preparadas por diferentes tecnologias e em função dos materiais usados na sua produção classificam-se em: poliméricas, polissacarídicas, proteicas e lipídicas. Atualmente as nanopartículas, são usadas como forma de libertação de medicamentos, marcação e processamento de imagens de cancro, entre muitas outras aplicações tecnológicas.

Num estudo publicado primeiramente on line a 11 de Outubro na revista Advanced Materials, é avaliado a influência da forma geométrica de nanopartículas transportadoras na eficácia da terapia génica e em alternativa ao uso de vírus.

A terapia génica consiste na inserção de genes funcionais em células com genes “defeituosos”, de modo a substituir ou complementar esses genes causadores de doenças, até que recuperem a sua funcionalidade normal.

A nanopartícula polimérica, utilizada como transportador, degrada-se inocuamente, liberta o ADN que permite às células usá-lo para produzirem as proteínas funcionais em falta.

As nanopartículas produzidas neste estudo foram obtidas por empacotamento do ADN com polímeros, expostos a várias diluições de um solvente orgânico, adquirindo formas geométricas definidas, com um “escudo” protetor em torno do material genético, que evita a sua eliminação pelo sistema imunitário.

Os testes foram realizados com animais, usando o mesmo tipo de nanopartículas e o mesmo ADN. A única diferença residindo na forma geométrica das partículas produzidas: bastonete, serpentina e esférica.

Registou-se uma expressão do gene com uma eficácia 1600 vezes maior, nas células do fígado, com partículas em forma de serpentina. Os resultados obtidos permitem aos investigadores acreditar que a produção de nanopartículas com esta forma geométrica pode ser a forma mais eficaz de desenvolver terapia génica para estas células.

 

Autora: Margarida Vieira

Ciência na Imprensa Regional – Ciência Viva

 

Referência artigo

Xuan Jiang, Wei Qu, Deng Pan, Yong Ren, John-Michael Williford, Honggang Cui, Erik Luijten, Hai-Quan Mao. Plasmid-Templated Shape Control of Condensed DNA–Block Copolymer Nanoparticles. Advanced Materials, 12 October 2012.
http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/adma.201202932/full

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