«Arte Pública é simplesmente arte produzida para a comunidade e reconhecida pela comunidade»
Robert Atkins
Aplica-se o termo Arte Pública às obras de arte em espaços exteriores, sem condicionamentos de ordem social e económica.
Uma vez que o espaço público não é pertença do Poder Público, a Arte Pública contemporânea tem a sua base na diversidade cultural e social dos seus utilizadores. Esses, sim, conferem-lhe o estatuto de Arte Pública.
Este é o interesse dos Monumentos Públicos contemporâneos: interagir com o grande público, permitir a descoberta da Arte por um grande número de espetadores, diversificados socialmente.
Não sendo uma arte impositiva que ignora a história dos lugares, é uma arte urbana que dá valor aos espaços, cria relações de tempo, situa-nos na malha da cidade, cria relações entre os habitantes.

Uma dinâmica individual surge no encontro com estes lugares, ela suscita perceções sensoriais, reflexões, a procura de significados, pontos de referência.
É assim que olhares diferentes definem uma realidade social que contém um pensamento coletivo.
Assim se vão construindo, ao longo do tempo, com as experiências dos observadores, afinidades, a cultura comum.
O «Monumento ao 25 de Abril» de 1974, em Lagos, é um exemplo deste novo conceito de Arte Pública contemporânea, ao ter sido absorvido pela comunidade, e por ela retitulado como «Rotunda das Cadeiras».
De acordo com a sua memória descritiva, neste momento, a leitura do monumento encontra-se cortada, devido ao facto de a Câmara de Lagos ter decidido desligar a eletricidade: «o conjunto destes elementos: a Terra, o Homem, o Dialogo e a Luz, constituem o monumento ao Diálogo, aos 25 anos de vida democrática, aos 25 anos do 25 de abril».
Autora: Vera Faria Gonçalves é artista plástica e a autora do «Monumento ao 25 de Abril», em Lagos
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