Vítimas incógnitas da crise

Grande parte das vítimas da crise são bem conhecidas – o emprego, que está a desaparecer a olhos vistos (e […]

Grande parte das vítimas da crise são bem conhecidas – o emprego, que está a desaparecer a olhos vistos (e o Algarve atingiu no primeiro trimestre deste ano, soube-se esta semana, o triste recorde de 20 por cento de desemprego), as famílias, que já não sabem para onde se hão-de voltar para sobreviver a este furacão, a cultura, que mal sobrevive quando todos cortam nos gastos, as escolas e as universidades, que se veem espartilhadas pela falta de investimento dos poderes públicos, a economia do Algarve, etc, etc.

Mas há umas quantas vítimas da crise de quem pouca gente se lembra. Há dias estava sentada numa esplanada, numa cidade algarvia, e dei por mim a reparar nessas vítimas incógnitas.

E quem são elas?

Logo para começar, os jardins. Já repararam como andam castanhos, cheios de erva e às vezes cheios de lixo tantos jardins neste nosso Algarve? É que os espaços verdes foram das áreas em que mais cedo os poderes públicos desinvestiram, cortando na rega – e este Inverno nem sequer choveu – e nas operações básicas de manutenção, como o corte de relvas e ervas.

Depois, há as estradas. E nem sequer estou a falar da EN125, que continua com as obras paradíssimas. Falo das ruas e estradas dos nossos concelhos, onde as autarquias também não têm, na sua maioria, dinheiro para sequer tapar buracos… e os buracos avolumam-se, para desespero da suspensão dos nossos carros.

Finalmente, as pinturas dos edifícios e a reparação de vidros em janelas. Quantos edifícios públicos há a precisar urgentemente de uma pintura ou da substituição de vidros partidos? Olhem à vossa volta e reparem. Cada vez são mais!

Ligadas a estas vítimas – jardins, estradas e pinturas – surgem outras: as empresas que antes forneciam esses serviços e que agora se veem sem trabalho. Mas também é verdade que, durante demasiado tempo, muitas destas empresas até tiveram trabalho…só que ninguém lhes pagou…

Mas isso é outra questão, que agora não é para aqui chamada!

 

Nota: Este é o texto da minha crónica de quinta-feira na rádio RUA FM, no âmbito da rubrica «Tenho Dito», que pode ser ouvida de viva voz aqui

 

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