Polo Museológico da Água já abriu portas em Querença

O Polo Museológico da Água em Querença, obra integrada no vasto Plano de Revitalização que nos últimos anos tem dado […]

O Polo Museológico da Água em Querença, obra integrada no vasto Plano de Revitalização que nos últimos anos tem dado uma nova dinâmica a esta aldeia do interior do concelho de Loulé, foi inaugurado na passada sexta-feira, 18 de maio, Dia Internacional dos Museus, após várias vicissitudes no projeto.

Inserido na Rede de Museus de Loulé – uma estrutura polinucleada que tem o seu centro no Museu Municipal de Loulé e vários polos nas freguesias – este equipamento terá como função principal ser um centro de interpretação da água, uma das riquezas desta freguesia.

Assim, permitirá que os visitantes partam deste espaço para os vários percursos existentes em Querença relacionados com a água, sendo disponibilizados audioguias que ajudarão a descobrir esta riqueza hídrica que passa pelas ribeiras, noras, açudes, moinhos, etc.

Ao contrário de outros polos já existentes, o Polo Museológico da Água não dispõe ainda de qualquer coleção ou conjunto documental. Como tal, trata-se acima de tudo de um projeto que irá assentar em trabalhos de investigação científica, pesquisa e recolha de peças, contando com o envolvimento das populações locais, que permitirão criar um futuro acervo, sobre o qual assumirá a responsabilidade pela sua conservação, assim como pelas suas utilizações científica, educativa e comunicacional devidamente programadas.

Nesse sentido, integrará uma área de serviços educativos, prevendo-se uma interação profícua com a comunidade escolar.

Para além de uma mostra de alguns equipamentos ligados à água, o Polo conta neste momento com uma exposição documental com painéis que falam da cultura da água em Querença, a Paisagem Protegida da Fonte da Benémola, as espécies de fauna e flora aí existentes e os projetos de que foi objeto ao longo dos anos, nomeadamente a criação de uma barragem para aproveitamento hidroelétrico e de uma unidade hoteleira.

Por outro lado, esta exposição aborda a temática da água ao longo do ano agrícola e astral, e das lendas populares ligadas à água, em que fala por exemplo de uma crença que dizia que quem tomasse banho na Benémola na Noite de S. João, não teria mais doenças até ao fim do ano.

O visitante depara-se nestes painéis com alguns apontamentos históricos como As Posturas Municipaes do Concelho de Loulé de 1862, que estabeleciam as divisões das águas, às quais recaía sobre os zeladores e guardas rurais, nomeados pela Câmara, a boa aplicação da execução das posturas e regulamentos municipais no território da freguesia.

Está ainda em exibição no local um filme sobre a importância da água na freguesia de Querença, com o depoimento de pessoas de Querença que falam, por exemplo, sobre os métodos de rega utilizados outrora.

Neste local ficará ainda integrado o Posto de Informação Turística de Querença, que até aqui funcionava na sede da Junta de Freguesia, e que irá apoiar os visitantes.

 

Equipamento importante para atrair turistas

 

O Pólo Museológico da Água significou um investimento que ascende a 370 mil euros, com uma comparticipação na ordem dos 120 mil euros por parte do Programa Operacional Algarve 21.

O presidente da Câmara Municipal de Loulé, Seruca Emídio, falou da importância deste equipamento para os habitantes. “É importante para o turismo, para as visitas das escolas, mas é essencialmente importante para os habitantes de Querença, que sentem como ninguém o perigo de desertificação, a dificuldade em manter-se a viver na sua terra”, disse.

O edil falou ainda do investimento de 5 milhões de euros realizado nesta freguesia, com destaque para toda a reabilitação urbana realizada no Largo da Igreja onde se localiza este Polo Museológico.

Presente nesta cerimónia, o presidente da CCDR Algarve David Santos sublinhou o facto deste Polo remeter-nos para os “valores do antigamente, o cuidado que havia com a água na sua racionalização, na sua utilização e o seu bom aproveitamento”.

Depois da forte aposta realizada no turismo do litoral, este responsável referiu a preocupação atual em centrar as atenções nas denominadas zonas de baixa densidade, através da criação de equipamentos de atração turística.“Hoje temos qui a inauguração de um equipamento, que não é só um equipamento museológico cultural, que tem uma perspetiva turística, que nos dá a conhecer este interior do Algarve. Se continuamos a apostar só na questão de sol e praia, o Algarve não terá um bom futuro, temos de apostar também na área do ambiente, natureza e cultura”, afirmou David Santos, adiantando referiu ainda a “componente económica e social neste tipo de iniciativas, como forma de trazer sustentabilidade a estas regiões marcadas pela desertificação”.

Finalmente, este responsável falou da “viabilidade, interesse, oportunidade e bom aproveitamento” dos fundos comunitários no Concelho de Loulé e na freguesia de Querença.

O presidente da Junta de Freguesia de Querença Manuel Viegas dos Santos realçou a riqueza hídrica da freguesia, “onde nasce o maior aquífero da Europa, denominado de Querença-Silves, sem água nada é gerado, e Querença é hoje uma freguesia azul”. Quanto ao equipamento inaugurado, referiu que “este momento é o princípio de uma grande vida”.

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