25 de Abril continua a fazer sentido

Cumpriu-se esta semana mais um aniversário – o 38º aniversário – do 25 de Abril de 1974. Eu tinha onze […]

Cumpriu-se esta semana mais um aniversário – o 38º aniversário – do 25 de Abril de 1974.

Eu tinha onze anos quando se deu a Revolução dos Cravos, mas lembro-me bem da alegria do meu pai nesse dia. Assim como me lembro do pessimismo da minha mãe, que lhe disse: «estás a rir-te agora, mas ainda hás de chorar»!

O meu pai e a minha mãe tiveram razão para a sua alegria e a sua tristeza. O pós-25 de Abril, estes 38 anos têm-se feito de altos e baixos, de vitórias e de derrotas.

Mas hoje, com o país mergulhado numa crise como há muito não se vivia, começa a ser mais difícil acreditar nas madrugadas de luz que o 25 de Abril prometia.

E é pena que, por causa da crise, dos erros cometidos na economia e nas finanças deste país, se esteja agora a malbaratar o capital de alegria e de otimismo que a Revolução dos Cravos e os anos que se seguiram trouxeram a este país outrora amarfanhado na tristeza, no silêncio, na tradição e no cinzentismo.

Por mim, acho que é nestes momentos de crise que se deve ter esperança, ainda que isso seja difícil. É nestes momentos de crise que se deve fazer planos para um futuro melhor, que se deve mudar de caminho, investir no que aí vem.

É nestes momentos em que tudo parece à deriva, esmagado pelo peso da troika e de quem implementa as suas medidas, algumas delas porventura necessárias, que temos que levantar os olhos e traçar um novo rumo.

O 25 de Abril tem hoje um peso simbólico muito importante. Quase 40 anos depois da Revolução – uma vida! – o que resta dessa esperança, desse otimismo, dessa vontade de mudar? O que resta dessa madrugada de Abril?

Eu acho que resta muito, mas é preciso trabalhar todos os dias para que o 25 de Abril continue a fazer sentido. No meu trabalho de jornalista, proclamando a liberdade de expressão, o direito a informar e a ser informado, é isso que eu faço todos os dias. Mas é preciso que todos nós dêmos o nosso contributo, quotidiano, para que o que nos ficou desse já distante 25 de Abril de 1974 continue a fazer sentido em pleno século XXI.

 

Nota: Este é o texto da minha crónica de quinta-feira na rádio RUA FM, no âmbito da rubrica «Tenho Dito», que pode ser ouvida de viva voz aqui

 

 

 

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