«Um dia histórico» – foi assim que Rui André, presidente da Câmara de Monchique, descreveu esta terça-feira, dia em que os esgotos do concelho ficaram ligados à rede da Águas do Algarve, sendo agora tratados na ETAR da Companheira, em Portimão.
Para assinalar a data, Pedro Paulo, secretário de Estado do Ambiente e do Ordenamento do Território, deslocou-se a Monchique e foi o membro do Governo que teve a responsabilidade de acionar o botão que efetivou o princípio do fim das descargas dos esgotos nas ribeiras.
A ligação dos esgotos de Monchique à ETAR da Companheira é apenas uma de muitas alterações que o concelho serrano está a aplicar na rede de saneamento básico e abastecimento de água.
Segundo as obras apresentadas numa sessão pública em que Pedro Paulo esteve presente, antes de se deslocar às Caldas de Monchique, onde se realizou a cerimónia oficial de ligação dos esgotos à rede da Águas do Algarve, até 2013 – com um investimento de 4,7 milhões de euros – 90 por cento da população do concelho será abrangida por esta rede de esgotos, o que levará ao fim das descargas nos cursos de água de Monchique.
Nessa sessão pública, Rui André destacou que «há muitos anos que se falava na ligação dos esgotos a Portimão e isso parecia uma miragem. Sentia-me constrangido por liderar um concelho que continuava A despejar esgotos para as ribeiras, uma obra que deveria ter sido feita há muito tempo atrás».
Em declarações ao Sul Informação, o autarca explicou ainda que um concelho que quer apostar num turismo de natureza não pode ter descargas para as ribeiras. «Não faz sentido que um hóspede de um hotel de cinco estrelas vá fazer um passeio pedestre – que é uma das nossas apostas – e encontre esgotos a despejar para os cursos de água».
Já Pedro Paulo mostrou-se «agradado com o que o município quer fazer, e pelo que tem apresentado em termos de estratégias de diferenciação com o litoral».
No entanto, o membro do Governo deixou também algumas recomendações em relação às obras apresentadas, para que não se retroceda no tempo. «Para além de fazer o investimento, há que assegurar a sua sustentabilidade e manutenção, porque muito dificilmente haverá novos pacotes de fundos europeus para este tipo de investimento. Se não forem cobradas tarifas que tornem sustentáveis os investimentos, vamos voltar 25 anos atrás, porque os equipamentos acabam por se degradar. Já há ETARs no país que não fazem tratamento, são apenas um “bypass” de águas residuais», alertou.
Balanço da visita ao Algarve é positivo
Em relação à visita ao Algarve, onde também participou numa reunião com todos os presidentes de câmara da região, onde se debateu a reforma na administração local, o secretário de Estado do Ambiente disse ao Sul Informação que o balanço é positivo.
«Os objetivos da visita estão concretizados e são positivos. Houve a reunião de trabalho com todos os autarcas da região do Algarve e com o secretário de Estado da Administração Local, onde foram debatidos temas sobre a reforma administrativa que estão conexos também com o Ordenamento do Território. Era nosso objetivo falarmos de questões importantes, debatermos o tema, e termos feedback das dificuldades dos autarcas, para sabermos de que forma essas reformas possam ser o mais adequadas possíveis», concluiu.