Peter Wirtz, investigador do CCMAR, participou num novo estudo que revelou que, quanto maiores os peixes de recife adultos e quanto menos exigentes nas condições de habitat, maior o sucesso em ultrapassar barreiras naturais que existem nos oceanos.
Porque é que algumas espécies de peixes vivem nos dois lados do Oceano Atlântico, mas a maioria não? Da mesma forma, porque é que algumas espécies vivem a norte e sul da foz do Rio Amazonas, mas a maior parte não?
Para tentar compreender como é que novas populações se estabelecem através de barreiras marinhas, cientistas de vários países e instituições internacionais, entre os quais o investigador do Centro de Ciências do Mar (CCMAR), analisaram as características biológicas de 985 espécies de peixes de recifes tropicais.
O estudo foi levado a cabo entre duas barreiras marinhas, o Oceano Atlântico e a pluma de água doce dos rios Amazonas-Orenoco, e demonstrou que a variação no modo de desenvolvimento larvar que se assumia estar relacionada com potencial de dispersão por migração, é afinal menos importante do que se pensava.
Este estudo comparou as espécies bem sucedidas no atravessamento daquelas barreiras com as que não conseguem fazê-lo, concluindo que há características dos peixes adultos que podem ser decisivas nesta dispersão.
As espécies que se encontram em ambos os lados destas barreiras naturais tendem a ter adultos maiores e são menos exigentes sobre o tipo de habitat que colonizam, comparativamente com as espécies que só se podem encontrar num dos lados das barreiras.
A capacidade de poderem ser transportadas com destroços flutuantes foi particularmente importante para atravessar a vasta extensão do Oceano Atlântico, ao passo que a capacidade para durante o percurso utilizarem habitats que não recifes como “estações de serviço” foi importante nas espécies que cruzam a pluma dos rios Amazonas-Orenoco.
O estudo foi publicado recentemente na revista “Proceedings of the Royal Society B: Biological Sciences”.