Turismo do Algarve pode ter perdido 5 milhões de euros por falta de contabilização do AL

Plano de Marketing Estratégico do Turismo do Algarve até 2028, apresentado ontem, é, acima de tudo, um «documento orientador» para a região

André Gomes – Foto: Pedro Lemos | Sul Informação

A Região de Turismo do Algarve pode ter perdido, em 2023, cerca de 5 milhões de euros de financiamento devido à falta de contabilização oficial dos Alojamentos Locais (AL) com menos de 10 camas. O alerta foi deixado esta quinta-feira, 14 de Novembro, por André Gomes, à margem da apresentação do Plano de Marketing Estratégico da região até 2028. 

Em declarações aos jornalistas, o presidente da Região de Turismo do Algarve falou sobre a preponderância dos AL: são, nos 16 concelhos, cerca de 44 mil, sendo que mais de 42 mil têm menos de 10 camas, o que faz com que não sejam contabilizados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

«A região do Algarve em 2023 poderá ter um número à volta das oito milhões de dormidas que não foram contabilizadas para efeitos do INE e que não são contabilizadas para o financiamento das entidades regionais de turismo. Isso é extremamente preponderante e negativo para o Algarve, em particular», defendeu.

Ora, isto faz com que a região esteja a ser financiada «com base nos 20,4 milhões de dormidas registadas pelo INE em 2023, quando na realidade teve perto de 29 milhões de dormidas», disse André Gomes.

Esta discriminação é, na opinião do líder da Região de Turismo, «mais prejudicial para o Algarve do que para outras regiões».

«Quando estamos a falar de orçamentos anuais para as entidades de turismo do Algarve na ordem dos 10 milhões, podemos estar a falar aqui de uma perda na ordem dos cinco milhões de euros», afirmou André Gomes.

O responsável aludiu, ainda assim, ao reforço do orçamento da Região de Turismo para 2025: cerca de 500 mil euros a mais, num total de 5,5 milhões, como o Sul Informação noticiou.

 

 

 

 

Só que, como disse, esse reforço surge «através do Turismo de Portugal e não via Orçamento de Estado».

De resto, o Plano de Marketing Estratégico do Turismo do Algarve até 2028, apresentado ontem, é, acima de tudo, um «documento orientador» para a região.

«Não é um plano disruptivo como os anteriores. É um rever daquilo que é a hierarquização dos mercados, dos produtos da oferta e, com base nas reflexões, definimos os nossos eixos de atuação», explicou.

Esses eixos passam por ideias como melhorar a oferta e a valorização dos recursos humanos, fomentar sinergias, criar um programa de eventos em época baixa, um Plano de Mobilidade Turística ou apostar na promoção da região através de influencers digitais.

Nos desafios que a região enfrentará estão também áreas como a sazonalidade, as assimetrias concelhias (Loulé, Albufeira e Portimão concentram 65% das dormidas), a mobilidade e a própria seca.

O objetivo passa por criar «um destino turístico competitivo, desenvolvido de forma sustentável, reconhecido nacional e internacionalmente pela qualidade e diversidade da sua oferta, e capaz de proporcionar experiências memoráveis todo o ano».

«O plano o que pretende delinear e identificar eixos de atividade que vão além da esfera organizacional das entidades de turismo. O que queremos – e por isso este foi um processo participativo – é deixar um caminho a seguir para toda uma região: públicos e privados», concluiu André Gomes.

O plano pode ser consultado na íntegra aqui.

 

 

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