É caso para dizer que o melhor talvez tenha mesmo ficado para o final. A programação de comemoração do centenário da elevação de Portimão a cidade, promovida pelo Lavrar o Mar, está a chegar ao fim, mas, até Janeiro, haverá direito a um Museu do Tempo, uma experiência culinária, laboratórios musicais e um espetáculo que nos põe a pensar «na esquizofrenia do turismo».
Como já era conhecido, a programação artística desenhada para a celebração do centenário de elevação de Portimão a cidade (1924-2024) nasceu de uma reflexão sobre a identidade desta cidade a partir da sua relação com a arte.
Tudo começou lá para trás, no início do ano, e agora, como disse, ao Sul Informação, Giacomo Scalisi, do Lavrar o Mar, está-se a entrar «na reta final».
Até ao fim, ainda há muito para ver. A começar pelo “RUMOR”, um espetáculo de som, movimento e palavra, pensado e concebido por Madalena Victorino.
«No fundo, é um espetáculo que nasce da necessidade de pensar o turismo e a sua relação com Portimão, abordando as consequências positivas e negativas desta esquizofrenia: uma cidade cheia no Verão e menos cheia no Inverno», explicou Giacomo Scalisi.
A iniciativa contará com a participação de pessoas da comunidade local, nomeadamente do Rancho Folclórico da Figueira, uma vez que o objetivo também é falar da dicotomia entre campo e cidade.
Será nos dias 22, 23 e 24 de Novembro, com ponto de partida no Cais Gil Eanes, na Zona Ribeirinha. O espetáculo dura 2h30 e os bilhetes podem ser comprados aqui.
Outro dos destaques serão… as cerimónias de enterro que acontecerá em três momentos (23 e 24 de Novembro, 30 de Novembro e 1 de Dezembro e 7 e 8 de Dezembro).
E o que serão? Giacomo Scalisi explicou que este projeto, criado por José Antonio Portillo, visa criar um Museu do Tempo. «Foram convidadas 22 pessoas que escolheram um objeto importante, ligado à sua vivência com a cidade», disse.
Cada participante escolheu também o local onde esse objeto será enterrado, a 50 centímetros de profundidade. A partir destes dois elementos, foi criado um mapa da cidade que o público poderá percorrer, à boleia das memórias.
«Teremos uma explicação de cada objeto e também um QR Code para que as pessoas possam ver. Este Museu do Tempo ficará depois para sempre para Portimão», adiantou Giacomo Scalisi.
A estas iniciativas, junta-se uma verdadeira maratona com Johann Le Guillerm, do Cirque Ici, de França. É que este artista será o protagonista de três espetáculos diferentes, promovidos pelo Lavrar o Mar.
O primeiro será uma experiência culinária, em que os participantes «são convidados a saborear, lambendo pratos, lambendo dedos». Johann Le Guillerm e Alexandre Gauthier, chef de cozinha com duas estrelas Michelin, são parceiros neste espetáculo: a cozinha é do chef, os objetos, formas e cenografias do artista.
A iniciativa acontecerá de 28 de Novembro a 1 de Dezembro, no Portimão Arena, às 11h30 e 19h30, com os bilhetes a custarem 12 euros e a poderem ser comprados aqui.
No dia 29, às 21h00, Le Guillerm dará uma conferência sobre o que é recriar o mundo a partir do ponto mínimo. “Le pas Grand Chose” acontece às 21h00, no Auditório do Museu de Portimão.
Por fim, no Feriado Municipal, a 11 de Dezembro, o francês termina a “estadia” em Portimão com “La Transumante”, uma instalação itinerante com 450 barrotes de madeira de três metros, dez manipuladores e um mestre de obras. Será na Praça 1º de Maio.
A tudo isto, junta-se ainda a exposição “A Cidade Fala” que apresenta uma antologia de retratos captados por João Mariano, João Tuna e Filipe da Palma, expostos nas janelas do Museu de Portimão, a partir do próximo sábado, 16 de Novembro.
A mostra, que poderá ser vista até 26 de Janeiro, reúne uma antologia de retratos captados junto da comunidade local nos últimos meses pelos três fotógrafos.
João Mariano, João Tuna e Filipe da Palma aceitaram o desafio e, em estúdio ou na rua, foram à procura de 55 pessoas que compõem a essência de Portimão — desde profissionais do comércio e serviços, professores, artistas, pescadores, construtores navais e antigas operárias conserveiras, até residentes da periferia, cujos rostos revelam o pulsar humano por trás do quotidiano da cidade e que poderão ser vistos em 69 janelas do Museu.
Apesar de ainda faltarem muitas iniciativas, Giacomo Scalisi garante que já é possível fazer um «balanço positivo» da programação que a Cooperativa Lavrar o Mar está a trazer a Portimão.
«As pessoas aderiram, pediram sempre mais e mais. Acho que deixámos a semente», concluiu.
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