Nasceu há 14 anos e há muito que se assume como uma empresa de Turismo Responsável, norteada por princípios de defesa do património ambiental e de impacto social positivo. Há cerca de um mês, a algarvia ProActiveTur foi uma das cem empresas portuguesas a receber do Turismo de Portugal o selo “Engaged with sustainability”.
Este é «um processo de certificação», assente, como todos os outros, em critérios e métricas, mas, no caso desta empresa sediada em Loulé, a distinção acaba por ir ao encontro do seu ADN.
«Nós assumimos mais o termo responsabilidade, para designar o tipo de turismo que promovemos, porque responsabilidade já acarreta aqui outro tipo de comportamento, outro tipo de postura, nomeadamente a relação com as comunidades locais e com as pessoas locais. A sustentabilidade está muito centrada na questão do ambiente», enquadrou João Ministro, fundador da ProActiveTur, numa entrevista ao Sul Informação.
«Mas vamos assumir que as duas coisas são muito idênticas. A verdade é que desde o início isto faz parte da nossa essência», disse o responsável máximo por esta empresa de Turismo de Natureza, que oferece serviços como caminhadas e saídas para observação de aves, entre outros.
E se João Ministro, no seu percurso pessoal, tem forte ligação ao ambientalismo – «vim de uma associação de ambiente [a Almargem] e a minha formação é em Engenharia do Ambiente» -, a ProActiveTur está envolvida em muitos projetos «que têm uma missão pública, como o TASA», mas também a organização do Walking Festival Ameixial, que colocou esta freguesia no mapa das caminhadas, a nível nacional e internacional.
Para conseguir o selo “Engaged with sustainability”, a empresa algarvia teve de se submeter a um processo com «alguma complexidade» e que «não é muito fácil», mas que vai ao encontro daquilo que João Ministro acredita ser o futuro do turismo: a garantia de que a atividade é sustentável e responsável.
«No fundo, nós temos de estar todos conscientes de que este é o caminho, não há volta a dar. E o Turismo Portugal mostrou que está perfeitamente consciente disso», acrescentou.
Para receber o selo, as empresas tiveram de preencher «um conjunto de critérios», ligados «com questões sociais, com questões ambientais, com questões económicas e até com questões de gestão de recursos internos».
«Para cada critério, tens métricas definidas. E a parte interessante é que nós acabamos também por beneficiar um pouco deste processo, uma vez que nos dá uma perspetiva do caminho a percorrer para atingir objetivos».
«Se nós, por exemplo, queremos deixar de produzir dióxido de carbono, vamos supor, em 2030, este tipo de programa permite-nos definir as métricas para atingir o objetivo. E, depois, todos os anos temos que provar que ainda cumprimos os critérios», disse.
No caso da ProActiveTur, muito do trabalho estava feito ainda antes do início do processo de certificação.
«Já fazemos ações de reflorestação, já fazemos uma gestão até do uso do carro. Nós temos aqui uma viatura que ainda não é elétrica, mas que há de vir a ser elétrica. Fazemos uma gestão da viatura com muito cuidado. Há uma planificação para evitar que a viatura faça percursos desnecessários», revelou João Ministro.
«A própria equipa de trabalho, uma boa parte dos meus colegas, só vêm cá [ao escritório] duas vezes por semana. O resto do tempo estão a trabalhar em casa. Portanto, isto também nos permite reduzir a pegada carbónica», acrescentou.
João Ministro foi, de resto, convidado a falar e a contar a história da sua empresa na cerimónia de entrega do selo, que decorreu em Alcobaça.
No terreno, da parte dos seus clientes, o empresário algarvio diz que sente, cada vez mais, uma preocupação com a sustentabilidade, seja da atividade em si, seja da empresa prestadora do serviço.
O mesmo acontece com o trade. «Nós trabalhamos com uma série de agências e operadores turísticos internacionais, que estão lentamente a exigir que os parceiros locais tenham algum tipo de certificação de sustentabilidade. Para já, está a acontecer de forma lenta, mas acredito que, mais ano, menos ano, todos terão alguma exigência a este nível».
«É importante termos este selo que prova que, de facto, nós estamos a fazer as coisas bem feitas – ou tentamos fazê-lo. O Turismo de Portugal está no bom caminho!», disse.
Há 14 anos no mercado, João Ministro nota que há uma procura crescente por produtos e serviços ligados ao Turismo de Natureza.
«Acho que, claramente, estes são tempos interessantes para quem trabalha nesta área. Há procura e o mercado americano veio, claramente, dar um grande impulso. E nós, nestes 14 anos, assistimos, sem dúvida, a esse crescimento», disse.
No entanto, avisa João Ministro, «há muito por fazer».
«Ainda que, não só da parte das empresas, mas também das entidades oficiais, haja uma nova sensibilidade para estas coisas, também há problemas para resolver, ainda há muita coisa para melhorar. Faltam, por exemplo, algumas infraestruturas de apoio, como casas de banho funcionais em certos locais, algo que eu acho que já nem devia ser assunto», ilustrou.
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