A Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Algarve já convidou a Unidade Local de Saúde (ULS) do Algarve a candidatar, a fundos europeus, o projeto de construção do Centro Oncológico do Algarve, uma «infraestrutura tecnológica de diagnóstico e terapêutica especializada na prevenção e tratamento do cancro», a construir no Parque das Cidades (Loulé/Faro).
A ULS, a nova entidade pública que gere a saúde, no Algarve, e que integrou tanto o Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA) como a Administração Regional de Saúde, tem até ao dia 30 de Dezembro para candidatar uma proposta, ao abrigo de um aviso que lhe é especificamente dirigido.
Este é o oficializar de um apoio há muito anunciado, que foi inscrito no Algarve 2030 por insistência da CCDR, no âmbito das negociações com a União Europeia relativas ao Programa Regional algarvio.
«Na área da saúde, nós tínhamos várias escolhas: ou defendíamos a mobilização de verbas apenas para os Cuidados de Saúde Primários ou apostávamos em algo diferenciador. Nesse sentido, nós batemo-nos junto da Comissão Europeia para que o programa possa financiar um centro regional dedicado à oncologia», enquadrou José Apolinário, presidente da CCDR Algarve, à margem de uma sessão de apresentação das linhas mestras do Algarve 2030, em Abril de 2023.
«Nós estamos numa situação de discriminação em relação ao resto do país. O Algarve não tem respostas em termos de oncologia», e os doentes precisam de «ter esse tratamento em Lisboa ou em Sevilha», lembrou.
Na altura, José Apolinário explicou que a ideia era «criar um centro, em articulação com o futuro Hospital Central, que permita responder àquilo que, neste momento, é uma situação de carência da região: nós não temos estruturas para responder à situação de tratamento e de acompanhamento das pessoas que têm cancro e, portanto, a região não pode ficar em segundo plano em termos da luta contra esta doença».
Para isso foi inscrito, «indicativamente, um primeiro valor de 9 milhões de euros», destinado ao centro oncológico, valor que «pode ser reforçado desde que o programa funcional assim o indique».
Em Junho de 2023 – e já depois de garantido o terreno para o futuro centro oncológico -, o CHUA lançou um Concurso Público Internacional, para a realização dos projetos de execução e especialidades para o Centro Oncológico de Referência do Sul (CORS).
Quando anunciou o lançamento do concurso, o CHUA revelou que o «equipamento vai permitir reunir, num único espaço físico, a possibilidade de diagnósticos, tratamentos e investigação na área da oncologia, e representa um investimento total de 14 milhões de euros (40 por cento financiados pelo CHUA e o restante pelo Programa Regional Algarve 2030). Estima-se que, anualmente, dará resposta até três mil doentes com cancro».
O futuro equipamento ficará implantado numa área com cerca de 5.500 metros quadrados no Parque das Cidades, irá integrar o Serviço Nacional de Saúde e reunirá todas as valências da área da oncologia e imagiologia para que o doente não precise de sair da região.
«O CORS vai assim reunir várias a especialidades, como oncologia médica, cirurgia, radioncologia, medicina nuclear, cardiologia, anatomia patológica, patologia clinica, nutrição, dor crónica, medicina física e de reabilitação, cuidados paliativos e apoio social, de forma a que o doente, numa única deslocação, possa realizar o seu tratamento de forma integrada e multidisciplina», revelou, na altura, o CHUA.
Na nota hoje enviada às redações,a dar conta do convite que foi feito à ULS para apresentar candidatura, a CCDR fala em números semelhantes – «3.500 pessoas/ano, 14.200 pessoas até 2029» -, e num valor base para a obra inferior ao que tinha sido falado anteriormente,.
«Trata-se de um investimento da responsabilidade do Centro Hospital Universitário do Algarve (CHUA), com uma estimativa inicial de 12 milhões de euros (8 milhões de euros de fundos europeus FEDER e 4 milhões de euros em capitais do Centro Hospital Universitário do Algarve)», diz a CCDR.
«A criação deste Centro Oncológico integrado no Algarve, de um Centro Oncológico de Referência do Sul, permitirá cobrir necessidades de uma área de influência de 800 mil pessoas, em capacidade de diagnóstico oncológico, estadiamento [extensão da doença] e seguimento de doentes, dinamizando igualmente uma área de investigação na região, com a inerente captação de recursos humanos qualificados», conclui esta entidade.
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