Nova máquina de ressonância em Loulé ajuda a mudar panorama da saúde no Algarve

Imaging Lab by ABC foi inaugurado em Loulé na passada sexta-feira

Foto: Mariana Carriço | Sul Informação

«Ajudar utentes que estão em lista de espera, desenvolver investigação na região e contribuir para fixar novos profissionais que gostariam de ficar no Algarve, mas neste momento não têm essa possibilidade» são, nas palavras de Helena Guerreiro, algumas das mais valias do novo equipamento de ressonância magnética instalado no Imaging Lab by ABC, em Loulé, inaugurado oficialmente na passada sexta-feira, 27 de Setembro. 

A jovem médica louletana é, aliás, a prova de que este investimento já está a contribuir para atrair para a região profissionais qualificados.

Ela própria decidiu deixar Hamburgo, na Alemanha, onde liderava uma equipa de investigação, para abraçar este projeto lançado pelo Algarve Biomedical Center (ABC), em parceria com o Município de Loulé, e que envolve ainda a Unidade Local de Saúde do Algarve (ULSAlg) e a Universidade do Algarve.

«Para mim, é muito gratificante poder voltar para o Algarve e abraçar este projeto que eu acho que tem uma mais valia enorme para a região», afirma a médica.

Em entrevista ao Sul Informação, Helena Guerreiro explica que, apesar de o equipamento se encontrar em instalações provisórias, nuns contentores junto ao Pavilhão Municipal Joaquim Vairinhos, todas as condições estão reunidas para começar a dar resposta à população.

Este é o terceiro equipamento de ressonância magnética do Algarve, com uma tecnologia avançada que permitirá diagnosticar e monitorizar utentes do Serviço Nacional de Saúde nas áreas neurológica, musculo-esquelética, abdominal, genito-urinária, mama/senologia, oncologia, cardiovascular ou pediátrica.

A máquina permite ainda fazer ressonâncias magnéticas de corpo inteiro, o que, até ao momento, não era possível realizar em nenhuma das máquinas no Algarve, obrigando os doentes a deslocarem-se a Lisboa.

Mas como é que os doentes podem ter acesso ao Imaging Lab? Para já, apenas por indicação hospitalar. Aberto das 8h00 às 20h00, de segunda a sexta-feira, o Imaging Lab vai trabalhar em três pilares.

«O primeiro é esta ligação com o Hospital, dado que vamos receber doentes que se integram em linhas de investigação estabelecidas de acordo com as regras. O hospital faz um pedido de agendamento, nós agendamos aqui na ressonância e depois chamamos os doentes para serem examinados aqui connosco. A partir do momento em que as imagens são feitas, estão disponíveis para o hospital, assim como os relatórios», explica Helena Guerreiro.

 

Foto: Mariana Carriço | Sul Informação

 

O segundo pilar é o dos estudos prospetivos, que, segundo a médica, «geralmente precisam de financiamento e por isso é preciso fazer uma proposta, que tem que ser aprovada pela Comissão de Ética». Uma vez aprovada, será possível estudar doentes ou utentes que sejam saudáveis e nos quais se queira testar alguma variável.

Além disso, o Imaging Lab dedicar-se-á ao desenvolvimento tecnológico da imagem e da própria ressonância magnética.

«Ou seja, vamos desenvolver aqui novas ferramentas para quantificar, visualizar e mapear algumas estruturas. No fundo, são três pilares ligados à investigação, mas de âmbitos diferentes», remata Helena Guerreiro.

Para Vitor Aleixo, presidente da Câmara de Loulé, este é «mais um pilar que se coloca no grandioso projeto que já é, e será cada vez mais, um complexo ecossistema de inovação e investigação científica para apoio à biomedicina», que se está a construir nesta cidade, com o já inaugurado Centro de Simulação e Formação Cirúrgica, o primeiro Laboratório de Genética Médica do Algarve, que será inaugurado em breve, e o primeiro Centro de Saúde Universitário do país.

Como também comentou Jorge Brito, diretor do Serviço de Radiologia do Hospital de Faro, «Loulé está no mapa para mudar o panorama da saúde no Algarve».

Nas palavras de Vitor Aleixo, todos estes investimentos têm «uma clara escolha política deste executivo que entende que a economia da nossa região não pode continuar circunscrita a uma só atividade que é o turismo e a atividade imobiliária agregada ao turismo».

«A aposta na Ciência, que estamos a fazer no Algarve, e muito particularmente em Loulé, é de facto o grande futuro que vem aí para a nossa região», afirmou o autarca louletano.

 

Foto: Mariana Carriço | Sul Informação

 

Questionado pelo Sul Informação sobre as condições da atual localização do equipamento, Pedro Castelo Branco, presidente do ABC, admite que não são as ideais, mas frisa que o essencial é começar a dar resposta à população.

«Nós, só a nível de coluna e cabeça, temos cerca de 3 mil pessoas à espera de ressonâncias magnéticas. Vamos já começar a diminuir as listas de espera, cruzando as linhas de investigação que foram previamente estabelecidas e, por isso, não faria sentido estarmos à espera mais dois ou três anos com um equipamento de ponta que não estivesse em funcionamento».

Em relação a ser em Loulé, e não dentro do Hospital de Faro, por exemplo, Pedro Castelo Branco afirma que, «ao contrário do que se pensa, grande parte das pessoas que precisam de ressonâncias magnéticas não estão hospitalizadas» e «Loulé acaba por ser uma cidade central, tanto para quem vem de Portimão como quem vem de Vila Real de Santo António».

A ideia é que, nos próximos anos, tanto o Imaging Lab, como o Centro de Simulação e Formação Cirúrgica,  o Laboratório de Genética Médica do Algarve e outras valências migrem para o Edifício Mariano Gago, a futura “casa-mãe” do ABC, que irá nascer junto ao Estádio Municipal de Loulé.

Este será um edifício dedicado exclusivamente à investigação, localizado numa área de 4200 metros quadrados, cujo concurso público para a empreitada será lançado no final do primeiro trimestre de 2025, como adiantou o presidente da Câmara de Loulé na cerimónia de inauguração do Imaging Lab.

O Imaging Lab nasce da cooperação entre o ABC e o Município de Loulé, com o apoio dos fundos europeus do CRESC Algarve 2020.

 

Fotos: Mariana Carriço | Sul Informação

 

 

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