Com consensos e diferenças, Associação Académica vai a votos com quatro candidatos

Eleições são a 7 de Novembro

Há consensos, essencialmente na habitação e nas propinas, mas também ideias diferentes para as praxes e para a própria Semana Académica. A Associação Académica da Universidade do Algarve (AAUAlg) vai a votos a 7 de Novembro, numas eleições que prometem ser históricas, já que há quatro listas a votos. 

Desde a fundação da AAUAlg, a 1 de Outubro de 1997, só por uma vez é que houve um ato eleitoral tão concorrido. Na ida às urnas, os estudantes da UAlg vão poder escolher entre quatro listas.

São elas: a A (encabeçada por Rita Tavares, atual presidente), a C (liderada por Leonardo Quádrio, administrador da AAUAlg), a L (encabeçada por Salvador Lourenço, estudante de Sociologia) e a T, (cujo candidato a presidente é Rodrigo Raziel, antigo dux da UAlg).

Todos deram entrevistas à Rádio Universitária do Algarve (RUA) FM, parceira do Sul Informação, onde puderam dar a conhecer as principais linhas das candidaturas que cada um encabeça.

Um dos temas quentes em cima da mesa foi a habitação, com um alargado consenso – todos concordaram que esse é um dos principais problemas que os estudantes enfrentam.

 

 

Rita Tavares

 

 

Rita Tavares, atual presidente da AAUAlg e recandidata ao cargo, assumiu que as atuais residências «não têm capacidade de resposta», lembrando o projeto que a Associação Académica tem para «construção de uma residência» em Portimão.

Leonardo Quádrio, que é administrador da AAUAlg, mas se candidata “contra” a “sua” presidente Rita Tavares, também falou desse mesmo projeto, alertando que falta avançar com o «projeto de arquitetura» para que, depois, se «avance com um período de crowdfunding».

Salvador Lourenço, estudante de Sociologia e membro co-fundador do Núcleo de Estudantes desse curso, aludiu, por sua vez, à sua própria experiência enquanto estudante deslocado, enquanto Rodrigo Raziel, ex-dux da UAlg, recordou que a Universidade do Algarve já está a avançar com duas novas residências nos campi da Penha e Gambelas.

«Há pontos pelos quais temos de pensar que podemos fazer muito mais. É um problema a nível nacional: temos de perceber que o nosso caminho é criar camas específicas. Os preços estão inflacionados, temos uma procura turística e uma crescente procura de estudantes para a UAlg e isso são dois elementos a ter em consideração», disse.

Se na habitação houve consensos, no que toca aos planos para a Semana Académica – o principal evento organizado pela AAUAlg -, houve maiores divergências.

Rita Tavares assumiu que é necessário «reestruturar» o evento, «no seu pensamento e estrutura».

«Sabemos que é fundamental a participação de todo os cursos, mas também sabemos que têm sido muitas as dificuldades. Um ponto muito importante é que todos os cursos participem [nas barraquinhas], continuar a aposta na nossa cultura algarvia e fomentar uma maior auscultação dos estudantes para saber o que querem», disse.

 

 

Rodrigo Raziel

 

 

Rodrigo Raziel, por sua vez, apontou críticas ao formato da última Semana Académica, organizada pela direção de Rita Tavares.

«Tivemos uma Semana Académica que ficou aquém. Se calhar, temos de fazer uma reestruturação do que foi implementado este ano, nomeadamente nas pulseiras [cashless] e isso prejudicou o consumo», disse.

«O nosso projeto passa por reestruturar as barraquinhas, reorganizar os tópicos de entrada de cada curso, tornar o projeto mais transparente e participativo. Queremos também aumentar o espaço das barraquinhas e rever o que é o mercado e perceber se o pagamento por pulseiras deve continuar ou não. Temos de lidar com a Semana com muita cautela e estudo, porque é muito importante para as contas da Associação Académica», defendeu também.

 

 

Leonardo Quádrio

 

 

Já Leonardo Quádrio fez uso da sua experiência enquanto coordenador, por três vezes, dos recintos da Semana Académica e Receção ao Caloiro para defender que toda a organização está limitada pelo espaço onde decorrem os eventos.

«O sítio ideal seria o Largo de São Francisco. Foi onde tudo começou e tem uma infraestrutura muito boa», defendeu, anunciando também que, para a próxima edição, ainda não se sabe onde decorrerá a Semana Académica.

Quanto a Salvador Lourenço, da lista L, considerou que, acima de tudo, a SA deve «aproveitar o talento local e dar-lhe voz».

«A partir daí, é olhar para o orçamento e avaliar os nomes que se pode trazer e auscultar os estudantes. É preciso dinamizar outras áreas dentro da Semana Académica também, como as barraquinhas, para que não haja tantos entraves», disse.

As praxes foram outro tema fraturante – uma «questão sensível», como assumiu a (ainda) presidente Rita Tavares.

A líder da AAUAlg defendeu que a Académica tem o «papel fundamental de respeitar todos: sejam praxados ou não».

«Essa sempre foi sempre a nossa postura e assim vai continuar. Alguns têm ligação à praxe; outros não, mas o importante é a questão da integração», considerou.

Antigo dux, Rodrigo Raziel é um dos nomes mais associados à praxe da Universidade do Algarve. Defendendo, a nível pessoal, que a praxe é «um projeto muito giro», o candidato a presidente da AAUAlg também considerou que «ninguém se pode sentir excluído» e que a praxe «tem de estar aberta à mudança».

«Quando dizemos que a praxe é uma escolha, temos de o garantir. E conseguimo-lo, tirando as condicionantes. Há uns anos, um dos elementos máximos da tradição era o traje académico. Na UAlg, antes, só podias trajar se fosses praxado. Hoje, já não é assim. Antes, um aluno que não fosse praxado não podia ir a um jantar de curso. Hoje, isso já não acontece», recordou.

«Não queremos que ninguém se sinta excluído. Nesse sentido, até o meu trabalho à frente do MCV [Magnum Concilium Veteranorum], é garantir que a praxe deve ser escolhida ou não, em consciência. Quem não participa, temos de garantir que pode participar nas mesmas coisas», defendeu.

 

 

Salvador Lourenço

 

Salvador Lourenço também recordou o seu passado nas praxes, das quais foi o presidente da comissão no seu curso. «Nós [em Sociologia] quisemos sair da praxe mais física e ir mais ao encontro de um verdadeiro cariz de integração».

«Quisemos dar uma alternativa fora da praxe, com atividades dinâmicas. Temos de começar a desconstruir essa ideia de que a praxe é o ponto de ligação mais forte na vida universitária», defendeu.

Por fim, Leonardo Quádrio também reivindicou uma presença da AAUAlg nas praxes. «Temos de ter uma maior proximidade para com os estudantes porque é o inicio de todo o percurso estudantil», concluiu.

 

Se quiser ouvir as entrevistas completas, onde também foram abordados temas como a saúde mental e o desporto universitário, basta clicar aqui. 

 

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