A classificação do Castelo de Salir, em Loulé, como monumento de interesse público (MIP) está em consulta pública até 11 de Novembro, na sequência de proposta da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Algarve e do Município de Loulé.
Com este procedimento, pretende a Câmara Municipal de Loulé que o Castelo de Salir obtenha o grau de interesse público «com o objetivo final da apropriação pública deste bem patrimonial e a potenciação dos seus valores culturais e identitários, atendendo a que constitui um testemunho do património arquitetónico medieval islâmico e medieval cristão, na categoria de arquitetura defensiva».
Segundo a Unidade de Cultura da CCDR Algarve, a edificação representa «um valor cultural e histórico de grande significado no território nacional, pertencendo a um património medieval islâmico e medieval cristão na categoria de arquitetura defensiva do Algarve, conquistado por D. Paio Peres Correia, mestre da Ordem de Santiago, depois da tomada da cidade de Tavira e outros castelos do litoral, entre 1248 e 1249, que ali acampou até à chegada do exército de D. Afonso III, e daí partiram para a conquista da cidade de Faro».
Neste castelo, foram feitos trabalhos de investigação arqueológica, desenvolvidos desde 1987, da responsabilidade científica da professora Helena Catarino, que confirmam a importância do local.
Neste contexto, a CCDR Algarve propôs este ano ao Património Cultural a abertura de procedimento com vista à eventual Classificação como monumento de interesse público (MIP), de acordo com o previsto no n.º 5 do artigo 15.º da Lei n.º 107/2001 de 8 de setembro.
As ruínas do castelo localizam-se na zona poente da povoação, integradas na zona urbana da vila, sobre um cabeço calcário com 256 metros de altura.
O Castelo de Salir é uma fortificação de origem islâmica, com origem provavelmente no século XII e terá feito parte das fortificações que foram reconstruídas na época almóada para a defesa de Loulé e para proteger as povoações da região rural.
A conquista do castelo terá ocorrido entre os anos de 1248/49, quando o exército da Ordem de Santiago conquistou a região. Segundo a historiografia antiga, foi neste lugar que D. Paio Peres Correia esperou por D. Afonso III, vindo do reino de Portugal para sul, pela serra algarvia, e entrando no Algarve por este local, como relatado na Coreografia do Reino do Algarve de Frei João de São José.
Os trabalhos de investigação arqueológica realizados revelaram uma malha urbana bastante densa, tendo sido identificadas estruturas pertencentes a seis casas e dois arruamentos.
Estas casas terão funcionado durante os séculos XII e XIII, tendo sido abandonadas após a conquista cristã. O processo de conquista deste castelo foi bastante duro para a sua população, uma vez que os vestígios encontrados nas escavações arqueológicas mostram níveis de destruição violentos e incêndios de grandes dimensões (Catarino, 1997).
Atualmente, na área musealizada, podem ver-se as ruínas das casas identificadas durante as escavações arqueológicas, com silos escavados na rocha, arruamentos e canalizações bem como um estreito passadiço ou adarve entre a muralha e algumas das habitações. Apesar da fortificação se encontrar muito destruída pode ainda ver-se um troço de muralha na área escavada e quatro torres, algumas camufladas por entre o casario atual de Salir.
Com o propósito de valorizar as ruínas, foi inaugurado, em 2002, o Pólo Museológico de Salir onde se encontram expostos materiais recolhidos durante os trabalhos de escavação arqueológica.
A abertura do procedimento foi feita pelo Património Cultural, em 11 de outubro de 2024, o período de audiência de interessados decorre até 11 de novembro e os elementos relevantes deste processo podem ser consultados aqui.
A Unidade de Cultura da CCDR Algarve atua nas áreas da salvaguarda do património cultural, dos estudos, projetos e obras, da programação e promoção cultural e do incentivo à leitura e ao acesso à informação.
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