Rede de Museus do Algarve promete lutar pela continuidade de Emanuel Sancho no Museu do Traje

A Rede de Museus recorda como Emanuel Sancho «veio dar continuidade aos trabalhos de recolha etnográfica do Padre Cunha Duarte»

A Rede de Museus do Algarve (RMA) está solidária com Emanuel Sancho, suspenso do cargo de diretor do Museu do Traje e impedido de entrar nas instalações, e disponibiliza-se a «lutar pela sua permanência» à frente deste espaço museológico. 

Num comunicado, enviado esta quinta-feira, 26 de Setembro, a RMA diz que, no decurso de uma reunião geral, na segunda-feira, 23 de Setembro, no Palácio Gama Lobo em Loulé, os membros foram «surpreendidos pela notícia e comentários, que referiam a suspensão do diretor do Museu do Traje de S. Brás de Alportel e o impedimento de sua entrada neste espaço museológico, por parte do provedor e da Mesa Administrativa da Santa Casa da Misericórdia».

A Rede de Museus recorda como Emanuel Sancho «veio dar continuidade aos trabalhos de recolha etnográfica do padre Cunha Duarte».

«Sob a sua liderança», o Museu do Traje «tornou-se um museu de referência no interior algarvio, não só pelas suas colecções (exemplarmente organizadas em reservas visitáveis), investigação que desenvolve, acervo documental, mas especialmente pelas suas dinâmicas na área da museologia social e na relação com a comunidade multicultural onde está inserido. Um museu atento às questões da atualidade, às transformações no tecido social de São Brás de Alportel, que nas suas iniciativas (exposições, encontros, palestras,…) procura refletir, questionar, reagir e envolver», diz a entidade.

A Rede de Museus também relembra que o Grupo de Amigos do Museu , que conta com cerca de 400 membros, «é um dos mais dinâmicos dos museus do Algarve».

«Emanuel Sancho, protagonista destas dinâmicas, foi um dos fundadores em 2007 da Rede de Museus do Algarve(RMA) e tem sido presença inspiradora para os colegas na área da museologia social. Foi distinguido recentemente com o prémio de Museólogo do Ano, atribuído em 2021, pela Associação Portuguesa de Museologia. Tem desenvolvido um trabalho continuado, consistente, inovador e sabido defender no Museu do Traje, um espaço de autonomia e liberdade, reconhecido pelos museus dentro e fora de fronteiras, que a tutela começou a questionar desde 2016, abalando a estabilidade do trabalho desenvolvido», lê-se.

A entidade diz que este mal-estar se «atitudes unilaterais e contraditórias» da tutela (Misericórdia) que, ao longo deste tempo, «têm fragilizado a entidade museológica e o seu louvável serviço público».

«A luta diária que visa a dignificação do Museu e dos profissionais e voluntários que nele trabalham só pode ser verdadeiramente alcançada através de um amplo e normal nível de autonomia, indispensável ao cumprimento das funções sociais que lhe são inerentes», conclui.

 

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