T5:E4 – Pontevedra >> Caldas de Reis
Os 68 degraus que tivemos que descer desde o quarto andar foram um desafio que tivemos que ultrapassar, para ir jantar em Pontevedra…
E foi um jantar completamente português. Desde os donos do restaurante, gente boa e simpática do Porto, até aos clientes, só se ouvia falar a nossa língua.
O Caminho foi duro e sai-nos do corpinho, pelo que normalmente compensamos com um bom jantar. Talvez ajudados pela ótima comida, o convívio (que durou cerca de duas horas e meia) entre as três gerações foi muito interessante, com uma troca de experiências e vivências que, com certeza, ficarão na nossa memória como agradáveis recordações.
Fica aqui a merecida publicidade ao Emma’s, restaurante de cozinha portuguesa, um dos muitos negócios geridos por compatriotas que ostentam a nossa nacionalidade com orgulho.
Uma coisa curiosa é que, quando perguntamos porque é que vieram para aqui, a resposta anda quase sempre à volta dos… impostos.
Depois de besuntados com quatro cremes/pomadas com vários fins medicinais, arrancámos para mais uma etapa, mas com duas baixas na equipa por motivo de doença. Apesar disso, ainda conseguiram juntar-se a nós no meio do caminho e finalizámos todos juntos.
À saída de Pontevedra, tivemos o que me parece que vai ser o novo normal. Uma fila enorme de peregrinos, de tal modo que começo a pensar se a rádio não deveria fazer um informativo de trânsito sobre o assunto. Em Alba, junto à capela de San Caytano, até havia bicha para carimbar a credencial.
Tenho estado a verificar que há dois tipos de peregrinos: os “para /arranca” e os “movimento contínuo”.
Os primeiros são conhecidos por nos estarem sempre a passar, pois param para descansar e depois passam por nós outra vez. Os outros são aqueles que nos passam e depois já não conseguimos pôr-lhes a vista em cima.
O percurso de hoje foi o normal, trilhos, estradão, muita vinha e nota-se que o governo galego está a usar os fundos comunitários para melhorar os caminhos, tentando evitar as estradas movimentadas e o alcatrão.
Mais uma vez, encontrámos os “Zancadas sobre ruedas” que é aquela associação cujos voluntários apreciam a natureza e o desporto e que, utilizando uma cadeira especial, levam pessoas com deficiência para passeios na montanha ou caminhadas. De vez em quando, ouvíamos palmas dos peregrinos a ovacionar estes autênticos heróis.
A terceira geração lembrou-se hoje do geocaching que é uma espécie de “procura do tesouro” praticado com o GPS na busca de caixas onde se faz um registo. Eles encontraram várias, mas se quiserem saber mais vão ao Dr. Google.
Almoçámos à beira do Caminho, num sítio onde a dona estava a ouvir fado, recebeu os pedidos em espanhol e confirmou-os em português. E falava com muitos xes, à galega.
Já passámos o marco que assinalava os 50 quilómetros que faltam para Santiago de Compostela. Hoje foram 22,7 km e, quando chegámos, o prédio onde ficamos também não tinha elevador. Mas, felicidade, o apartamento era no primeiro andar!
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