A exposição de arte “Perspectivas de Abril”, onde artistas de vários territórios da lusofonia, mostram, através da arte, a memória e os sentimentos em relação à Revolução dos Cravos, é inaugurada este sábado, 14 de Setembro, às 17h00, na Fortaleza de Sagres.
Produzida pela Fungo Azul, com curadoria de Nuno Murta, a exposição conta com trabalhos de 30 artistas de Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Angola, Moçambique, Brasil, Macau e Timor-Leste, para além de alguns representantes de Portugal.
Segundo Carlos Norton, diretor artístico da Fungo Azul, esta «é uma forma de olharmos para nós próprios, mas do lado de fora. Sempre que pensamos no 25 de Abril, falamos sobre Salgueiro Maia, sobre a liberdade, o MFA, cravos e o povo na rua. É a perspetiva deste lado. Mas a realidade nem sempre é só uma, e por vezes esquecemo-nos que para outros pode ter sido bem diferente».
No ano em que se comemora os 50 anos de Abril, a associação achou importante «dar voz a quem estava noutros territórios, em períodos difíceis de guerra, de caminhos tortuosos para a independência. Perceber como fora de Portugal foi vivida e é recordada a revolução, é fundamental para em Portugal compreendermos melhor o que aconteceu há 50 anos».
A inauguração terá ainda a exibição de um filme com os testemunhos dos artistas convidados. “Perspectivas de Abril” ficará na Fortaleza de Sagres até 31 de Dezembro, mas, para a Fungo Azul, haverá ainda mais para um futuro próximo.
«Este ano desenvolvemos alguns projetos comemorativos na região, como o caso do ciclo de concertos Sons de Abril na Biblioteca Municipal de Lagos (o próximo concerto será dia 20 de Setembro, pelas 21h00), obviamente embalados por todo um grande movimento geral em torno da data, tanto a nível de interesse artístico, de participação de público ou mesmo de investimento por parte das entidades. Mas temos algum receio que esmoreça», diz Carlos Norton.
«Comemorar uma data redonda de forma tão intensa, pode originar algum afastamento nos anos vindouros, ainda para mais que sendo 50 anos, significa que a maior parte não chegou a viver a ditadura. Na Fungo, não há ninguém nascido antes de 74, por isso para nós são apenas relatos e memórias de outros. Se deixarmos esmorecer, com o passar do tempo, comemoraremos esta data como o 1 de Dezembro, ou o 5 de Outubro, ou seja, algo longínquo, apenas de um passado distante. Por isso, já estamos a preparar algumas criações artísticas para os próximos anos, de forma a manter bem acesa a chama, até porque infelizmente a democracia já viu melhores dias e é importante lembrar o que foi a ditadura, o que é a liberdade e como se fez uma revolução», conclui Carlos Norton.
“Perspectivas de Abril” é uma produção da Fungo Azul para a Fortaleza de Sagres / Museus e Monumentos de Portugal. A inauguração conta com o apoio da Quinta do Barranco Longo.
Comentários