Ia eu andando pela minha cidade quando deparei com várias ruas alagadas. Após uma breve estranheza, lembrei-me do que era.
Mas primeiro vamos ao que não era. Não era um cano que tinha rebentado porque, se fosse esse o caso, com aquela quantidade de água, já estaria lá o pessoal a reparar a rotura. No entanto, acrescento que já houve gente, com responsabilidades, que telefonou para o piquete das águas para irem reparar os canos.
Também não era das alterações climáticas, tão na moda, que iriam dar para pôr os ativistas do livro das trombas (mais conhecido por Facebook) a opinar desalmadamente contra tudo e contra todos, clamando em vez de terem algum (muito pequeno) gesto para a melhoria da saúde do planeta.
Como fui nascido e criado numa cidade junto ao mar (tirando uns anos de exílio em Lisboa, por motivos académicos), vi que o fenómeno estava ligado àquilo a que chamamos as marés vivas. É uma coisa recorrente e habitual nesta altura do ano, quando a lua se combina com o sol e algumas ruas ficam inundadas pela subida das águas porque ficam a uma cota inferior ao rio ou ao mar.
Agora sim, vamos falar das alterações climáticas. Se esta situação habitualmente é normal, o que é que vai acontecer num futuro próximo quando a subida dos mares e o aquecimento global potenciarem a anormalidade do fenómeno?
Provavelmente, mais ruas e praças ficarão inundadas, com mais e maior frequência e amplitude. Acho que temos que ver isto como uma oportunidade.
Uma oportunidade para começar a vender o Algarve ribeirinho como uma Veneza, trazendo os turistas para darem uma volta de chata (a chata é um bote que serve de apoio aos barcos de pesca) pelas ruas, com o barqueiro remando à ginga (para os não iniciados, é quando se usa o remo à popa – e popa é a parte de trás do barco) enquanto vai cantando um fado da Amália.
De qualquer forma, podemos estar descansados porque esta questão da subida das marés já deve estar prevista nos (obrigatórios) Planos Municipais e Intermunicipais de Ação Climática. Haja calma!!!
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