Era uma das escolas mais necessitadas do concelho de Silves, mas, na abertura deste novo ano letivo, a Escola Básica do 1º Ciclo de Alcantarilha vai apresentar-se como nova. Na realidade, é mesmo nova.
É que, como explicou ao Sul Informação a vice-presidente da Câmara e vereadora com o pelouro da Educação, «durante as obras verificou-se que havia muitos problemas estruturais e o edifício antigo, construído nos anos 80, ficou reduzido aos pilares. Tudo o que aqui está é novo».
A Escola EB1 de Alcantarilha foi alvo de remodelação e ampliação, com um investimento global de 1,912 milhões de euros, comparticipados a 80% pelos Fundos Europeus geridos na região, no âmbito dos programas regionais CRESC Algarve 2020 (1ª fase) e Algarve 2030 (2ª fase).
As obras incluíram a modernização e ampliação das salas de aula, melhoria das condições dos espaços, em termos funcionais, ambientais, de conforto térmico-acústico, bem como das instalações sanitárias para alunos com mobilidade reduzida, dos espaços exteriores (criação de espaço coberto) e da ampliação de novos espaços – refeitório, biblioteca, sala de professores, sendo para o efeito ampliados os dois pisos da escola.
No piso térreo, foi criada uma área destinada a refeitório, devolvendo a sala polivalente à sua função original, e remodeladas e ampliadas as áreas da cozinha e dos serviços.
Também foram remodeladas as instalações sanitárias, com inclusão de uma instalação para utentes com mobilidade reduzida.
No piso superior, foram criadas áreas para a biblioteca, a sala de professores e a sala de reuniões e ampliadas duas salas de apoio para atividades de expressão plástica ou como salas laboratoriais.
Foram igualmente reordenadas as áreas exteriores, com a criação de um anfiteatro ao ar livre, uma arrecadação e uma zona exterior coberta de ligação entre a escola e a entrada do recinto escolar, bem como uma zona de hortas.
Após esta intervenção, o equipamento escolar terá capacidade para 100 alunos e melhores condições para alunos, professores e funcionários.
Carlos Silva, diretor do Agrupamento de Escolas Silves Sul, onde se integra a EB1 de Alcantarilha, não cabia em si de contente: «hoje, estou mesmo muito feliz», revelou. Depois de agradecer «esta escola toda nova», Carlos Silva recordou que se tratava de «um sonho de há muito tempo».
José Pacheco, vice-presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Algarve, entidade que gere os fundos europeus na região, sublinhou o «grande investimento que tem vindo a ser feito nestes últimos anos no parque escolar» regional.
Admitindo que a escola de Alcantarilha era «uma das mais degradadas que havia no concelho de Silves», aquele responsável fez questão de salientar que «o Algarve tem hoje um dos melhores parques escolares de Portugal».
Mas, garantiu, «ainda não estamos satisfeitos, vamos continuar». E um dos investimentos ainda previstos é uma nova ampliação da escola de Alcantarilha, onde serão criadas mais duas salas de aulas.
A presidente da Câmara de Silves, que é professora, recordou que, «há uns anos, quando eu era vereadora não permanente, o que os pais aqui pediam era a melhoria do espaço exterior, nem falavam do resto».
Mas «esta escola estava a precisar de obras de requalificação», acrescentou Rosa Palma, referindo-se ao «processo longo e difícil».
Luísa Conduto Luís, a vice-presidente da autarquia, explicou ao Sul Informação a génese do projeto, que foi lançado ainda na anterior Câmara (de maioria PSD), no âmbito de outros investimentos em escolas considerados prioritários. «No Programa Operacional 2007/2013, era 1ª prioridade, mas o executivo de então não aproveitou, nunca lançou os projetos e as candidaturas, por isso as obras não avançaram. Em resultado disso, no quadro comunitário seguinte, os investimentos das escolas de Silves já não estavam entre as prioridades. Ou seja, já não havia dinheiro para essas obras».
«Inicialmente, quando entrou este novo executivo [CDU], o nosso projeto era apenas fazer a requalificação do edifício existente, mais um refeitório, já que os alunos comiam no polidesportivo» e a cozinha era pouco mais que um corredor.
«Mas não tínhamos dinheiro, não havia financiamento», acrescentou Luísa Luís.
Foi graças à insistência da Câmara de Silves e à compreensão da CCDR Algarve, até tendo em conta a reprogramação das verbas depois dos atrasos de projetos de outras autarquias, que o financiamento acabou por surgir.
E da simples requalificação, passou-se a uma ampliação, com mais duas salas, uma nova cozinha, salas para professores, biblioteca, espaços exteriores de qualidade, entre outros investimentos, que foram inaugurados na terça-feira.
«Antes, quando pegámos neste projeto, não havia alunos suficientes para as quatro salas desta escola. Agora, mantivemos as quatro salas, mas acrescentámos duas salas polivalentes, que terão de servir provisoriamente», enquanto uma 3ª fase desta obra não permitir a construção de mais duas salas novas, disse ainda a vice-presidente.
«Tal como no resto do Algarve, também aqui no concelho de Silves tem aumentado o número de alunos», frisou, sublinhando a importância das crianças imigrantes neste acréscimo.
Carla Fernandes, delegada regional de Educação, por seu lado, recordou que a ampliação da EB1 de Alcantarilha «dá resposta ao que está a acontecer no Algarve, que é termos um crescente número de alunos».
A «batalha bem dura» que a ampliação desta escola significou para a Câmara de Silves está quase a chegar ao fim, como recordou a presidente Rosa Palma.
«É uma escola que nos orgulha a todos», exclamou a autarca, perante as dezenas de pessoas que participaram na inauguração, entre pais, atuais e antigos alunos, professores, funcionários atuais e antigos, autarcas.
Ao que o Sul Informação apurou, a EB1 de Alcantarilha é a única escola nova a ser inaugurada em todo o Algarve, antes da abertura do ano letivo de 2024/2025.
Ao longo de 2025, prevê-se a conclusão de outras escolas, em diversos concelhos, mas, para já, esta é a única a abrir as suas (novas) portas.
Fotos: Elisabete Rodrigues | Sul Informação
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