Quando pensamos em campos de golfe, pensamos em vastas áreas relvadas, sempre bem verdes, estejamos no Inverno mais chuvoso ou numa prolongada situação de seca. Mas no Amendoeira Golf Resort, em Alcantarilha, Silves, a realidade é outra, graças à opção dos seus responsáveis de deixar de regar diversas zonas do empreendimento, incluindo partes circundantes dos seus dois campos de 18 buracos, que tem sido bem recebida pelos golfistas e não prejudicou a operação – antes pelo contrário.
No ano passado, a administração deste campo de golfe, que foi adquirido em 2023 pelo Grupo Rolear, apostou em reduzir de forma substancial os seus consumos de água e aumentar a sua eficiência hídrica, algo que obrigou, em alguns casos, a opções difíceis.
O Amendoeira Golf Resort submeteu-se a um processo de readaptação, alicerçado num Plano de Contingência Hídrica, que passou, entre outras medidas, pela «remoção de relva nas zonas de jardim, substituindo-a por inertes, nomeadamente brita, seixo rolado, casca de pinheiro e estilha», mas também com «a redução das áreas circundantes do tee, mas também parte dos rough», mantendo apenas a rega “normal” nas zonas de fairway, de partida e nos greens, ou seja, «as zonas de jogo premium», segundo João Fernandes, diretor geral do Amendoeira Golf Resort.
A ideia foi «reduzir a rega ao máximo e aumentar a eficiência hídrica», ao mesmo tempo que se operava «um upgrade ao sistema de irrigação». Também houve um esforço de redução substancial, na ordem dos 40%, na utilização da água de furo, estando prevista para 2025 a utilização de água residual tratada, as chamadas Águas para Reutilização, para rega de espaços verdes no empreendimento.
Ao reduzir a área de espaços relvados, a equipa do Amendoeira Golf Resort pode «concentrar-se mais nas áreas principais do campo, melhorando-as».
Esta foi, admitiu João Fernandes, uma aposta arriscada, pelo seu forte impacto visual, mas que não se refletiu negativamente na operação, antes pelo contrário, como este responsável revelou a uma comitiva liderada por Pedro Machado, secretário de Estado do Turismo, em Julho.
«Tivemos um aumento de 21,4% no número de voltas. Fomos dos que mais cresceram, apesar das “maldades” que fizemos aos nossos campos», revelou.
Esta melhoria do desempenho também se verificou ao nível dos hóspedes – «mais 6,4%» – e dos proveitos totais, que aumentaram em «22,8%». «O RevPAR [receita por quarto disponível] também aumentou».
Estes resultados, salientou João Fernandes, só foram possíveis graças ao profissionalismo e empenho da equipa do resort. «Ou era feito com muito profissionalismo ou podia ter corrido mal».
Para isso, também terá contribuído a decisão de António Parreira Afonso, fundador e administrador do Grupo Rolear, em «aumentar substancialmente os ordenados» dos funcionários do empreendimento, algo que, segundo João Fernandes, se refletiu «num aumento da produtividade».
Já a aposta na sustentabilidade, deu frutos financeiros, uma vez que permitiu aumentar a rentabilidade do negócio.
Para isto contribuiu o esforço de comunicação do Amendoeira Golf Resort junto dos seus clientes, que «em muitos casos, vêm de países «onde este tema da sustentabilidade é muito valorizado».
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