Maria da Graça Carvalho, ministra do Ambiente, afirmou esta terça-feira, 6 de Agosto, que espera que a alimentação artificial das praias do troço litoral Quarteira-Garrão esteja acabada até ao final do próximo ano.
«Não sei se na época estival, porque depende de quanto é que demora o concurso público e depois ainda temos oito meses de obra. Se não, ou faz-se durante, ou se interrompe e acaba-se até ao fim do ano», disse Maria da Graça Carvalho, ontem, durante a visita ao Algarve, onde anunciou um investimento de 16,7 milhões de euros para a proteção do litoral da região, com intervenções na faixa costeira nos concelhos de Loulé e Portimão, numa extensão total de cerca de oito quilómetros.
A operação prevista para o troço de Quarteira ao Garrão, com um investimento total aprovado de 14,3 milhões de euros, consiste na alimentação artificial deste troço, numa extensão de 6,6 quilómetros, combinando a reposição de areias com a proteção das arribas.
«Esta é a zona do Algarve que sofre mais erosão. Tivemos este ano um problema grande, no mês de Março, e, de 10 em 10 anos, é preciso uma intervenção deste género. Está agora no tempo de fazer novamente esta intervenção, porque, se não a fizermos, as praias vão-se reduzindo e não vamos preservar o nosso litoral, que é uma joia e um património precioso que temos em Portugal», reforçou a ministra.
Já a intervenção no troço costeiro entre a Praia do Vau e os Três Castelos, na extensão de 1,5 quilómetros, com um valor previsto de 2,4 milhões de euros, pretende aproveitar o excesso de areia acumulada, ao longo das últimas décadas, na Praia da Rocha, para compensar a erosão verificada nas praias vizinhas.
No concelho de Loulé, o processo será, de acordo com a governante, mais complexo, dado que, devido ao valor da obra, é necessário um concurso internacional. O mesmo não se verifica em Portimão.
Maria da Graça Carvalho não adiantou, contudo, qualquer data para o lançamento do concurso, nem para o previsível início das obras, mas o Sul Informação apurou, junto da Agência Portuguesa do Ambiente, que se prevê que os concursos sejam lançados até ao final deste ano.
Questionada pelos jornalistas sobre se este é o preço a pagar por continuarmos a ter construção em cima das arribas, Maria da Graça Carvalho diz que, no que depende do Governo, «não são autorizadas construções em zonas protegidas».
«Uma das nossas preocupações é ver exatamente quais são as construções ilegais e ainda agora tivemos uma ordem de destruição de uma construção ilegal, que era junto a um rio, mas é o mesmo princípio. O litoral é para preservar e não é para construir em cima das arribas, não é permitido», continuou.
Em Quarteira, mais concretamente na praia do Forte Novo, os trabalhos agora anunciados chegam depois de a destruição já ter acontecido.
Tal como o Sul Informação já havia relevado nesta reportagem, o temporal que, no fim de semana da Páscoa, em Março passado, fez desaparecer o areal e causou a destruição parcial dos passadiços da Praia do Forte Novo, não impediu que, neste Verão, se pudesse fazer praia, embora com condicionantes.
O areal é mais pequeno do que em anos anteriores – o que fez com que a concessão que naquela praia labora também tivesse de ser reduzida, bem como a zona de guarda-sóis – e os acessos estão diferentes.
A 12 de Julho, Carlos Carmo, vereador da Câmara de Loulé, explicou inclusive ao nosso jornal que «houve, da parte da Câmara de Loulé e da Junta de Freguesia de Quarteira, um investimento para, não só retirar o impacto da tempestade e aquele bocado de passadiço que ficou sem sustentação, como para o posicionar mais atrás e fazer os acessos à praia, para que todas as condições de segurança estivessem asseguradas».
Quanto à intervenção de alimentação artificial do troço Quarteira-Garrão, Carlos Carmo disse que este anúncio não é novidade e que se trata de um «investimento que já estava previsto e sobre o qual a própria Câmara de Loulé teve influência».
«Não foi esta intempérie que definiu esta realimentação. Ela já estava prevista e, da parte da Câmara, foi tudo cedido na altura. Agora, está nas mãos da APA e do atual Governo andar com as coisas para a frente», afirmou ainda a 12 de Julho.
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