Um troço de frente de mar de 1500 metros, abrangendo as praias dos Três Castelos, Amado, Careanos e Vau, onde se tem acentuado a erosão costeira, vai receber as areias acumuladas na praia da Rocha ao longo das últimas décadas.
O projeto, com um valor previsto de 2,4 milhões de euros, foi o motivo de uma visita-relâmpago da ministra do Ambiente, esta tarde, ao Miradouro da Praia da Rocha.
A visita foi de tal forma rápida que nem chegou a ser feita qualquer apresentação da intervenção prevista.
Mais tarde, já na praia do Garrão, no litoral de Loulé, que a governante também visitou esta tarde, Maria da Graça Carvalho, respondendo a perguntas do Sul Informação, adiantou que se prevê que a intervenção dure «sete meses».
Tendo em conta que já no anterior Governo, tinha sido lançado um concurso público para esta mesma obra, que depois não chegou ao fim, o nosso jornal quis também saber se, desta vez, haverá complicações que emperrem o processo.
A ministra do Ambiente respondeu que, ao contrário das obras mais pesadas que terão lugar no litoral de Quarteira ao Garrão (em Loulé), na zona da costa de Portimão, devido ao montante previsto (2,4 milhões de euros), não será «preciso fazer concurso internacional», por isso a intervenção será «mais rápida». No entanto, não foi adiantada qualquer data para o lançamento do concurso, nem para o previsível início das obras.
Segundo o Resumo Não-Técnico do Estudo de Impacte Ambiental do chamado «Projeto de Migração Sedimentar para a Praia do Vau», pago pela Câmara Municipal de Portimão e que data já de 2022, «após a construção dos molhes da embocadura do rio Arade, a praia da Rocha tem constituído a zona de deposição das areias provenientes de oeste, no sentido do trânsito sedimentar litoral».
De tal forma que, tendo uma «largura média natural de 35 metros, a praia da Rocha apresenta atualmente uma largura de 235 metros».
Em declarações ao Sul Informação, o presidente da Câmara de Portimão referiu precisamente essa questão, dizendo que, atualmente, «na maré baixa, a borda da água já está a meio do molhe, o que nunca aconteceu antes».
A própria ministra sublinhou, nas suas declarações, que a intervenção prevista «beneficia a própria Praia da Rocha», porque irá diminuir «a distância que as pessoas têm de percorrer até ao mar».
No final da intervenção, a Praia da Rocha ficará bem mais curta, enquanto as outras praias ficarão com um areal mais largo, afastando o mar das arribas. No total, prevê-se a retirada de 220 mil metros cúbicos de areia de toda a zona da praia hoje mais próxima da água, em especial da zona junto ao molhe, mais larga devido à depoisção ao longo dos anos, como se pode ver na imagem seguinte:
Segundo o EIA, que o nosso jornal consultou, «as areias depositadas na praia da Rocha têm duas fontes principais: a fonte fluvial associada ao rio Arade e a erosão das arribas no troço entre a Ponta João Arens e a praia da Rocha».
Ora, acrescenta o Estudo, «com o presente projeto pretende-se reverter o circuito de circulação sedimentar, promovendo a migração sedimentar desde o final do circuito (a zona de acumulação da praia da Rocha) para o seu local original, onde a erosão das arribas causa maior risco para os utentes das praias».
Esta intervenção deve, por isso, «ser entendida como medida de proteção costeira, na medida em que a areia a depositar nas praias suportadas por arribas permitirá alimentar a célula natural de circulação sedimentar poente, atenuando significativa e temporariamente a erosão das arribas nas praias dos Careanos, Amado e Três Castelos».
Nas suas declarações ao Sul Informação, o autarca Álvaro Bila sublinhou que a intervenção é urgente, recordando que foi a própria Câmara de Portimão que pagou o Estudo de Impacte Ambiental.
«Isto é fundamental para limitar a erosão costeira naquela zona entre os Três Castelos e o Vau. Sempre que há um mar de Sueste, as ondas vão bater nas arribas, acentuando a erosão», acrescentou o presidente da autarquia.
Para proteger a zona, «sempre que há Sueste, a Câmara tem de pôr uma máquina em permanência naquela zona, para suster as areias e defender as arribas».
O presidente da Câmara de Portimão manifestou ainda a sua preocupação por nada ter sido dito, durante a visita da ministra Maria da Graça Carvalho, sobre o lançamento do novo concurso para a intervenção.
Outra questão que o preocupa é o calendário de realização da obra. É que levar areia da praia da Rocha para a zona mais a oeste obrigará a colocar grandes tubagens ao longo do areal e junto às arribas, por isso o autarca espera que «não comecem os trabalhos no Verão».
De qualquer modo, como o Estudo de Impacte Ambiental referia, depois de concluída, «prevê-se uma longevidade de cerca de 4-5 anos para a intervenção, na ausência de qualquer intervenção suplementar».
As operações que a ministra veio anunciar, no litoral de Portimão e de Loulé, serão comparticipadas pelo Programa Sustentável 2030, no âmbito da valorização dos recursos naturais e promoção do desenvolvimento sustentável.
Fotos: Elisabete Rodrigues | Sul Informação
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