Estratégias para a prevenção do Cancro da Pele: o que precisamos de saber sobre isso este Verão?

Com práticas adequadas de proteção solar e vigilância, é possível reduzir significativamente o risco de desenvolver doença oncológica cutânea

No sul de Portugal, especialmente nas regiões do Algarve e Alentejo, a intensa exposição solar é uma realidade que aumenta significativamente o risco de cancro cutâneo (cancro da pele).

As neoplasias cutâneas, como o carcinoma basocelular, o carcinoma espinocelular e o melanoma, estão entre as formas mais comuns de cancro, resultantes, em grande parte, da exposição prolongada e repetida à radiação ultravioleta (UV). Aproveitemos este artigo para estarmos informados.

 

Principais Tipos de Cancro Cutâneo

Devemos compreender que existem três tipos principais de cancro cutâneo que devem ser destacados:

1. Carcinoma Basocelular
O carcinoma basocelular é o tipo mais frequente de cancro cutâneo, representando aproximadamente 65% dos casos.
Embora seja considerado o menos agressivo, pode causar danos locais significativos se não tratado a tempo.
Desenvolve-se principalmente em áreas de pele que são cronicamente expostas ao sol, como por exemplo a face.
Surge frequentemente como um nódulo rosado com bordas brilhantes e aspeto perolado. Lesões mais avançadas podem ulcerar e invadir tecidos mais profundos, especialmente em áreas como o nariz e orelhas.

2. Carcinoma Espinocelular
O carcinoma espinocelular, que constitui cerca de 25% dos casos, é mais agressivo em comparação com o carcinoma basocelular, tendo também maior probabilidade de metastizar.
Surge tipicamente em áreas de pele frequentemente expostas ao sol, e pode apresentar-se como uma escama persistente ou uma ferida que não cicatriza, evoluindo posteriormente para um nódulo duro que pode ulcerar.
Este tipo de cancro exige tratamento precoce e adequado para evitar a progressão.

3. Melanoma
O melanoma é o tipo mais perigoso de cancro da pele, embora seja menos comum, representando cerca de 7% dos casos.
Pode surgir a partir de nevos (sinais) atípicos preexistentes ou como uma lesão nova, a qual é frequentemente muito escura ou de cor rosada.
O melanoma é conhecido pelo seu rápido crescimento e capacidade de metastizar para outras partes do corpo, o que torna a sua deteção precoce crucial.
Importa referir que a taxa de cura é de 95% quando diagnosticado e tratado em estágios iniciais, o que realça a significativa importância da sua rápida deteção.

Embora não fazendo parte das tipologias de doença oncológica estabelecida, é igualmente importante referirmos a queratose actínica. A queratose actínica, muitas vezes referida como queratose solar, é a lesão pré-cancerosa mais comum, podendo evoluir para carcinoma espinocelular em 10-15% dos casos se não tratada.

Manifesta-se como uma mancha ou escama áspera, frequentemente encontrada em áreas da pele que foram repetidamente expostas ao sol.

O tratamento atempado destas lesões é essencial para prevenir a progressão para um estágio de doença oncológica.

 

 

Fatores de Risco e Prevenção

A literatura refere como fatores que aumentam o risco de desenvolver cancro da pele, a exposição excessiva ao sol, histórico de queimaduras solares, pele clara, presença de numerosos nevos, história familiar de cancro da pele, e a utilização de solários.

Reparemos que aqueles de nós passem muito tempo ao ar livre, como trabalhadores agrícolas ou desportistas, estão em risco particularmente elevado, e assim as práticas de prevenção tornam-se ainda mais relevantes.

Para prevenir o cancro da pele, a Associação Portuguesa de Cancro Cutâneo, recomenda a adoção de medidas como:

• Uso de Protetor Solar: Utilizar protetor solar de amplo espectro (UVA e UVB) com um fator de proteção elevado (SPF 30 ou superior), 30 minutos antes da exposição solar, e reaplicar a cada duas horas, especialmente após nadar ou transpirar.

• Proteção Física: Utilizar roupas de proteção, chapéus de abas largas e óculos de sol com proteção UV. Roupas com etiqueta UV-SPF 50+ são recomendadas, especialmente para crianças.

• Evitar a Exposição Solar Direta: Procurar sombra sempre que possível e evitar a exposição solar durante as horas de pico (11h às 16h) .

• Autoexame Regular: Observar a sua pele pelo menos a cada dois meses, procurando alterações em sinais e manchas que possam indicar doença cutânea. Na educação médica referem-nos o método ABCDE, o qual partilho com todos.

A de Assimetria: É a lesão identificada assimétrica?
B de Bordo: E o seu bordo é irregular?
C de Cor: Existem várias cores na mesma lesão?
D de Dimensão: A lesão apresenta um diâmetro superior a 5 mm?
E de Evolução: Reparou em qualquer evolução do aspeto da lesão ao longo do tempo?

Se respondeu ‘Sim’ a qualquer uma destas questões, entre em contacto com o seu Médico de Família ou Dermatologista.

A comunidade do sul de Portugal, devido à alta exposição solar, deve adotar uma abordagem preventiva rigorosa para proteger a pele, bem como ter a prática de autoexame regularmente presente.

Com práticas adequadas de proteção solar e vigilância, é possível reduzir significativamente o risco de desenvolver doença oncológica cutânea, garantindo uma vida mais saudável e segura.

Desfrutemos do sol com moderação, precavendo a nossa saúde e a daqueles que amamos.

Autor: Tiago Cunha Reis, PhD, é docente universitário, doutorado em Bioengenharia e aluno de Medicina

 

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