«Entre as Águas» é o título da exposição de fotografia que João Mariano apresenta em Aljezur, «num lugar surpreendente e pouco convencional, mesmo junto à ribeira – base de inspiração e local trabalho». A abertura está marcada para sexta-feira, 19 de Julho, às 17h00, mas a mostra poderá depois ser vista até 30 de Agosto.
A exposição resulta do seu projeto «Entre as Águas», que esteve presente na última edição do Imago Lisboa Photo Festival, explica o fotógrafo. O mesmo projeto que, em Outubro de 2021, já tinha dado lugar à edição de um livro – um álbum – com o mesmo título.
No livro, o fotógrafo tinha já escrito que este era o seu «singular tributo a este ziguezagueante ser telúrico recheado de água, cascalho, areia e rochedos, mas também de intensas sensações, sugestionados cenários e eternas efemeridades».
«E agora é a vez de todos os estados de alma que me assolaram durante o desenvolvimento do projeto serem partilhados cá por estes lados», acrescenta.
«Este é um projeto cuja ideia inicial vem dos primórdios da minha existência fotográfica e cuja primeira, e pouco consequente, abordagem foi feita ainda durante os tempos de estudante. Algumas fotografias feitas para uma das cadeiras do curso (…). Mas que por aí ficou, numa paciente latência, durante cerca de 30 anos», acrescenta.
«Depois de todo este tempo, e ao rever certas provas de contacto dessa época, tive realmente a perceção de que a ribeira que nasce na vertente noroeste do alto da Serra de Monchique, junto à Fóia, e desce sinuosa e ondulante até à Ponta Viva, na praia da Amoreira, em Aljezur, sempre foi, para mim, uma referência afetiva. (…) Percorri as suas margens e o seu leito vezes sem conta. (…) Inconscientemente, sem conseguir resistir ao seu “water appeal”!»
Agora, com este trabalho, «perscrutei a sua alma, entrei profundamente no seu interior e conheci-a ainda mais a fundo».
Por seu lado, Ricardo Bento, fotógrafo e investigador CICS.NOVA – Universidade Nova de Lisboa, escreve que «as histórias que contas com estas imagens parecem pertencer a um tempo cósmico que não se encaixa na vertigem do nosso tempo quotidiano e, por isso, nos ensinam que as espessuras da existência são largas e misteriosas. Ouvem-se as vozes ancestrais das ninfas de água, as náaides na fonte e as nereides no espaço marítimo, quando sensivelmente tacteias os rostos de desconhecidas divindades que vivem entre ramos, nascentes e pedras. É um livro pleno de poesia e intimidade que dialoga com a nossa condição humana».
«Nestas imagens, ressoam duendes, ninfas e bruxas que emergem dos leitos escuros e pedregosos. A natureza é tanto um lugar de paz e de sonho púbere, como um lugar de brutalidade e de violência inóspita. Viajar na exploração deste trabalho é uma verdadeira luta corpo a corpo. Entre a vida e a morte caem todas as máscaras, todos os simulacros. A experiência destas abstrações concretas transformam natureza e humano num poema que escorre perene. A melancolia, o medo e a agressão juntam-se ao êxtase da descoberta, à pertença calorosa e aos sentimentos que se projectam nas ondas de luz escolhidas», escreve ainda o investigador Ricardo Bento.
A Câmara Municipal de Aljezur, que apoia a exposição, salienta que esta «mostra fotográfica resulta da imersão e comunhão do fotógrafo aljezurense com a natureza local, ao longo das margens e leito da ribeira que nasce no alto da Serra de Monchique e desagua na praia da Amoreira».
O Município associa-se e apoia esta iniciativa cultural cedendo, a pedido do autor e especialmente para este evento, «o edifício adquirido pelo município ao Dr. João Paulino, outrora residência da sua família». Assim, a mostra terá lugar na Rua João Dias Mendes, número 26, junto à ribeira.
A exposição pode ser visitada de terça-feira a sábado, de 20 de Julho a 30 de Agosto, entre as 10h00 e as 13h00 e entre as 14h00 e as 18h00.
A mostra conta com o apoio principal da MAE – Marques Antunes Engenharia, bem como da Câmara Municipal de Aljezur, 1000olhos – Imagem e Comunicação, Atalaia – Mediação de Seguros e Tertúlia – Associação Sócio-Cultural de Aljezur.
ENTRE AS ÁGUAS — Exposição
Dimensão da imagem — 120 x 80 cm
Dimensão final da peça — 124 x 84cm
Fotografia impressa em — Hahnemühle fine art paper
Moldura de madeira | Vidro — Mirogard Museum
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