Partilhar uma refeição, entre familiares ou amigos, é um ato «fantástico, extraordinário», tão antigo «como a humanidade». «Se a isso se adicionar a boa qualidade e o bom preço destes petiscos, então temos uma proposta irrecusável», acredita Vitor Aleixo, presidente da Câmara de Loulé, concelho que acolheu o lançamento oficial da Rota do Petisco de 2023, que começou na sexta-feira e dura até 15 de Outubro.
A parte do convívio a que se refere o autarca louletano é, sem dúvida, um dos aspetos mais importantes do evento de um mês que a associação Teia d’Impulsos promove pela 13ª vez. Em 2023, esta viagem gastronómica chegará a 176 restaurantes, espalhados por 11 concelhos do Algarve: Aljezur, Vila do Bispo, Lagos, Portimão, Monchique, Lagoa, Silves, Albufeira, Loulé, São Brás de Alportel e Tavira.
Mas a Rota do Petisco é mais (e cada vez mais) que isso: é também uma forma de promover a economia de pequena escala, de dar a conhecer propostas gastronómicas diferenciadas e de ajudar os mais vulneráveis, uma vez que tem também uma vertente solidária, que este ano foi reforçada.
«Um dos destaques desta edição é a Rota Solidária, com um modelo muito diferente, não só de apoio às associações e aos projetos sociais, mas também de capacitação das equipas que o fazem», revelou ao Sul Informação Luís Brito, presidente da Teia d’Impulsos, à margem de uma sessão que teve lugar no dia 15, no Palácio Gama Lobo, em Loulé.
Esta formação será feita «através de um Bootcamp de Empreendedorismo Social, que vai capacitar esses projetos, para que depois, sim, sejam apoiados mediante aquela que for a angariação de fundos através da venda de passaportes da Rota do Petisco».
Nesta iniciativa, vão participar o Agrupamento de Escolas Eng. Nuno Mergulhão, o Agrupamento de Escolas Poeta António Aleixo, a Associação Em Contacto, a CASA – Centro de Apoio ao Sem Abrigo, a FIR – Fundação Irene Rolo e o GRATO – Grupo de Apoio aos Toxicodependentes.

Desde que foi lançada a Rota Solidária, a Teia d’ Impulsos já distribuiu cerca de 140 mil euros por projetos de cariz social dos concelhos aderentes. Esta verba foi angariada com a venda do passaporte da rota, que custa 1,5 euros e garante o acesso ao evento: em cada paragem, o livrete é carimbado e, quantos mais petiscos provar e mais carimbos colecionar, mais hipóteses cada petiscador tem de ganhar prémios.
Cada pessoa só tem de adquirir um passaporte para fazer toda a rota – e repetir -, mas este ano terá boa desculpa para comprar mais, o que é o mesmo que dizer ajudar mais.
«Outra inovação da rota é que temos quatro imagens distintas nas capas dos passaportes. Eles são todos iguais, no interior, mas há capas diferentes, que as pessoas podem colecionar», disse Luís Brito.
Até porque, como ilustrou Vítor Aleixo, o colecionismo também faz parte do espírito da Rota do Petisco, uma vez que há «muitas pessoas que gostam desse jogo de colecionar carimbos».
Outro destaque deste ano «é a grande aposta na Rota dos Chefs. A adesão ainda não foi bem aquela que desejávamos, mas caminhamos bem nesse sentido, o de ter uma rota de chefs que realce tudo aquilo que de melhor há na gastronomia algarvia, com um toque especial» segundo Luís Brito.
Além disso, continua a existir a Rota do Mundo, uma seleção de pratos típicos de outros países, como Cabo Verde, Argentina, Peru, México, Turquia, Índia, Tailândia, China ou Japão, bem como o menu Doce e a Opção Vegetariana.
O menu Petisco (prato + bebida) custa 4 euros e o menu Doce (sobremesa + bebida) é a 2,50 euros. As propostas da Rota dos Chefs Audi custam 5 euros (prato+bebida).

Para montar um evento desta envergadura, que envolve entidades públicas e privadas, a Teia d’Impulsos tem de “dar o litro”, ano após ano.
E, mesmo com o sucesso e nome que a Rota do Petisco ganhou ao longo dos anos, angariar restaurantes para participar no evento nem sempre é fácil, ao contrário do que seria de esperar.
«Há espaço para crescer. A grande questão prende-se com a situação sócio-económica que existe a cada ano ou a que se prevê. Por exemplo, este ano previa-se um ano excecional e foi muito difícil angariar estabelecimentos. No final, o ano não será tão excecional quanto se previa, em termos turísticos e do que foram as receitas da restauração, pelo que, para o ano, possivelmente, será mais fácil angariar restaurantes», enquadrou Luís Brito.
«Acima de tudo, é difícil para os restaurantes dar resposta. Há muitos que nos dizem que gostariam, mas não conseguem», acrescentou.
Um «grande problema» que existe e «limita muito a adesão dos restaurantes» é a falta de recursos humanos, que não permite a muitos «entrar num projeto como a Rota do Petisco, devido à dinâmica que um estabelecimento tem de ter para dar resposta a um evento de 31 dias e à rotatividade de clientes que promove».
E, pelo menos à luz do que aconteceu noutros anos, a Rota do Petisco promete mesmo meter algarvios e visitantes a mexer.
«Espero que os louletanos se desloquem aos restaurantes de outras localidades, assim como que os outros algarvios e turistas aproveitem para vir aqui a Loulé, porque temos aqui boas propostas», desejou Vítor Aleixo.
Também presente na sessão esteve André Gomes, presidente da Região de Turismo do Algarve (RTA), que defendeu que «a gastronomia é um dos nossos melhores cartões de visita» e que a Rota do Petisco é «um dos melhores exemplos que temos no Algarve do valor e da qualidade da nossa oferta gastronómica».
Fotos: Hugo Rodrigues | Sul Informação
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