A apresentação do catálogo da exposição “Isolino Vaz. Um Homem Diferente” vai encerrar as comemorações do centenário deste artista no dia 22 de Junho, às 18h00, no Museu Municipal de Faro.
O lançamento desta obra resultou de uma parceria entre o Museu Municipal de Faro e a Associação Mestre Isolino Vaz, com o apoio da Direção Regional de Cultura, Fundação Millenium BCP, União de Freguesias de Faro, Junta de Freguesia do Montenegro, Aeroporto de Faro e RADIS.
A Ilha do Farol, em Faro, «converteu-se desde meados da década de 60 no seu refúgio estival, e não só. Aí passava largas temporadas, cultivando amizades, memórias e obras de arte», descreve a Câmara de Faro.
Rogério Bacalhau, presidente da Câmara Municipal de Faro, chama a atenção para este pormenor, «porque não sendo farense, acabou por levar o nosso território ao mundo, falando dele, pintando-o, usufruindo de forma bastante intensa e peculiar das características inspiradoras que ali sentiu».
O autarca, destaca também a importância de «expor e investigar», como caminho que «leva a bons resultados, nomeadamente com a edição dos catálogos, sinais perenes de uma atividade que nos tem feito descobrir pessoas, histórias, objetos e que temos de continuar a dinamizar, para formar públicos, manter uma ligação estreita com a academia e, sobretudo, atrair o olhar dos visitantes para a beleza que, na nossa região, vai muito além do património ambiental ou arquitetónico».
Sobre Isolino Vaz (Vila Nova de Gaia, 1922 – Lisboa, 1992):
«Destacou-se como artista plástico e dedicado pedagogo, tendo sido professor de personalidades culturais como Álvaro Siza Vieira ou Joana Vasconcelos.
A sua formação e vivência determinaram um estilo versátil, tendencialmente neorrealista e uma produção inquieta, reveladora de uma face distinta da arte portuguesa do século XX.
Para desenvolver a sua força criadora abraçou várias disciplinas artísticas, evidenciando uma expressividade que lhe granjeou inúmeros admiradores. Um Homem Diferente, entre outras razões, pelo seu carácter de artista reservado, distante dos circuitos e intuitos do mercado artístico; ou pela defesa de princípios artísticos humanistas e solidários, orientados para a melhoria da condição humana.
Os temas das suas obras centraram-se gradualmente na representação do povo, alinhando-se com uma ideia de “pintura social” enquadrada pelo movimento neorrealista português. Retomando os valores humanistas dos realismos do século XIX, a arte neorrealista é marcada por um forte conteúdo social. Foca-se na representação do homem comum, do modo de vida operário e campesino, denunciando as desigualdades e o modelo social vigente e transformando em heróis resistentes as figuras anónimas do mundo do trabalho.
À sua faceta de pintor, Isolino Vaz alia um amplo trabalho como escultor, ceramista, ilustrador, gravador, muralista, caricaturista, desenhador de medalhas, de vitrais para igrejas e de decorações arquitetónicas. Os retratos – enquanto reflexo da alma – são uma das suas expressões prediletas, não deixando de retratar, igualmente, as injustiças sociais, as crianças, a família e as figuras do povo.
Sempre dividiu o seu tempo entre o ateliê e as salas de aula. Ensinou, nomeadamente na Escola de Artes Decorativas Soares dos Reis (Porto) e na Escola Secundária Marquês de Pombal (Lisboa), constituindo-se figura de referência de alunos como Álvaro Siza Vieira, António Guimarães (Guima), ou Joana Vasconcelos».
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