Mais de 5.900 mosquitos adultos capturados em 2022, nenhum Aedes albopictus contaminado

Este mosquito pode transmitir dengue, zika e chikungunya

Mais de 5.900 mosquitos adultos foram capturados no ano passado em Portugal e nenhum da espécie Aedes albopictus, que pode transmitir dengue ou zika, estava contaminado, segundo os dados da rede de vigilância.

De acordo com o último relatório da Rede Nacional de Vigilância de Vetores (REVIVE), em 2022, foram capturados nas armadilhas 5.904 mosquitos adultos, recolhidas 34.262 larvas e pupas de mosquito e contados 35.251 ovos de mosquito.

“No ano passado, foram colhidos 5.904 adultos, desses mosquitos adultos, os Aedes albopictus são todos testados para a sua atividade viral, para saber se estão ou não infetados”, disse à Lusa a coordenadora da Rede Nacional de Vigilância de Vetores (REVIVE), Maria João Alves, acrescentando que, até agora, nunca foi identificado qualquer “agente patogénico para o humano”.

O documento disponibilizado pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) refere que, na última década, tem sido observado “um aumento considerável na disseminação do mosquito tigre asiático”(Aedes albopictus), que pode transmitir dengue, zika e chikungunya e que foi detetado pela primeira vez em Portugal em 2017 (Penafiel). Este mosquito está “em contínua expansão na região europeia”.

Explica que as recolhas decorreram entre maio e outubro, em Portugal continental, e de janeiro a dezembro, na Região Autónoma da Madeira, em diversos pontos de entrada, entre os quais seis aeroportos, dois aeródromos, 14 portos e cinco outros pontos (fronteiras, indústrias).

A vigilância em aeroportos foi realizada em Lisboa, Beja, Faro, Funchal, Porto e Porto Santo e nos aeródromos de Cascais e Évora. Nos portos, abrangeu as estruturas de Aveiro, Caniçal, Faro, Figueira da Foz, Funchal, Leixões, Lisboa, Base Naval de Lisboa, Portimão, Porto Santo, Setúbal, Sines, Viana do Castelo e Vila Real de Santo António.

A vigilância em outros pontos de entrada foi realizada em zonas de fronteira no Algarve e Alentejo e em empresas de recauchutagem na região de Lisboa e Vale do Tejo e no Norte.

Os autores sublinham que “os mosquitos invasores em determinadas localizações geográficas podem representar uma ameaça à Saúde Pública” e lembram que as espécies do género aedes “são as mais frequentes e importantes”.

Cinco espécies deste género já estão “estabelecidas e em proliferação na Europa”, duas delas em Portugal continental (Aedes albopictus) e na Madeira (Aedes aegypti).

Ambas as espécies exóticas invasoras estão sob monitorização particular: o Aedes aegypti está presente na Madeira desde 2004 e foi responsável pelo único surto de dengue na região, em 2012, com mais de 2000 casos, e o Aedes albopictus foi já identificado nas regiões Norte (2017), Algarve (2017) e Alentejo (2022).

Os dados disponíveis indicam que, entre 2011 e 2021 foram capturados 498.596 mosquitos (97.553 ovos, 287.791 imaturos e 113.252 adultos).

As equipas REVIVE são constituídas por elementos das Administrações Regionais de Saúde, Direção Regional de Saúde da Madeira e Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), o que equivale anualmente a mais de 300 técnicos.

Os mosquitos representam o grupo de artrópodes mais importante do ponto de vista médico e veterinário pelo facto de serem vetores de importantes doenças, entre as quais malária, dengue, zika, chikungunya, febre amarela, entre outras.

 

 



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