Dois aviões bombardeiros médios em permanência no Algarve são a grande novidade do DECIR de 2023

Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais no Algarve foi hoje apresentado, com o ministro da Administração Interna

Ministro da Administração Interna a visitar a Algarsafe – Foto: Elisabete Rodrigues | Sul Informação

Dois aviões bombardeiros médios, estacionados em permanência no Algarve, entre 1 de Junho e 15 de Outubro, são a grande novidade do Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais (DECIR) para este ano, anunciou Vítor Vaz Pinto, comandante regional de Emergência e Proteção Civil, numa cerimónia em Portimão, que contou com a presença do ministro da Administração Interna.

Os dois aviões Fireboss irão operar a partir do Aeródromo de Portimão. Os dois restantes aviões que irão intervir no DECIR no Algarve operam a partir da Base Aérea de Beja.

Outra novidade anunciada é o acréscimo de 11 Equipas de Intervenção Permanente, nos corpos de Bombeiros de Albufeira, Aljezur, Faro/Cruz Lusa, Lagoa, Monchique, Portimão, São Brás de ASlportel, Silves e Vila Real de Santo António e Castro Marim.

Haverá também mais duas equipas do Corpo Nacional de Agentes Florestais do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas, bem como o reforço de uma equipa da Força de Bombeiros Sapadores Florestais do ICNF, com nove elementos, especializada na consolidação da extinção dos fogos.

Alteração em relação ao ano passado, é igualmente o reforço do Posto de Comando Operacional Regional para a gestão de ocorrências de elevada complexidade, de modo a garantir o funcionamento por vários dias consecutivos.

 

Comandante Vaz Pinto – Foto: Elisabete Rodrigues | Sul Informação

 

Segundo o comandante Vaz Pinto, em termos de meios aéreos, o Algarve disporá de 4 helicópteros de ataque inicial (um deles sediado em Ourique), um helicóptero de ataque ampliado, sediado no Centro de Meios Aéreos de São Brás de Alportel, 4 aviões bombardeiros médios (dois estacionados no Aeródromo de Portimão, a partir de 1 de Junho, os dois restantes na Base Aérea de Beja), um helicóptero bombardeiro ligeiro a operar a partir de Monchique, um helicóptero bombardeiro pesado a operar a partir de São Brás de Alportel.

Aquele responsável acrescentou que, em termos de vigilância, haverá 12 postos de vigia, em funcionamento permanente desde 5 de Maio «pelo menos até 4 de Novembro».

O ICNF contribui com sete equipas de vigilância, composta por 19 vigilantes de natureza, bem como com duas equipas do Corpo Nacional de Agentes Florestais.

Os municípios de Monchique, Loulé, São Brás de Alportel e Tavira assinaram protocolos com o Exército, que irá desempenhar funções de patrulhamento, vigilância e de dissuasão.

Ao nível da primeira intervenção, haverá 21 equipas, num total de 100 operacionais.

Em termos permanentes, estão disponíveis 382 bombeiros, apoiados por 89 meios técnicos, aos quais se somam dois grupos de combate, constituídos por bombeiros fora do dispositivo e grande grau de prontidão.

A Unidade de Emergência, Proteção e Socorro da GNR assegurará a guarnição dos três helicópteros estacionados em São Brás e Monchique, entre outras missões.

O DECIR conta ainda com 11 máquinas de rastos, 10 pertencentes aos municípios e uma ao ICNF, preposicionada em Loulé.

Antes de apresentar o dispositivo e os meios, o comandante Vaz Pinto tinha já avisado que, este ano, devido à seca, estando as barragens muito abaixo da sua capacidade normal, isso acabará por ser «um constrangimento para o combate» a eventuais incêndios, uma vez que será mais difícil o abastecimento dos aviões.

A seca e todos os factores à sua volta, bem como as próprias características da região, fazem aquele responsável antever «um Verão extremamente complexo do ponto de vista da defesa da floresta».

 

António Pina, presidente da AMAL – Foto: Elisabete Rodrigues | Sul Informação

 

Precisamente para ajudar a esta defesa, a apresentação do DECIR foi ainda aproveitada para a assinatura de um protocolo entre a Comunidade Intermunicipal do Algarve (AMAL), e a Autoridade Macional de Emergência e Proteção Civil, ratificado também pelo ministro José Luís Carneiro.

O protocolo permite reforçar o financiamento aos bombeiros algarvios em mais 621.184 euros, pagos pelos 16 municípios algarvios, de modo a acrescentar 23 euros por dia à compensação paga aos bombeiros, que assim passarão a auferir 87,2 euros por dia, por cada 24 horas de serviço.

António Pina, presidente da Câmara de Olhão e da AMAL, sublinhou que todos os autarcas algarvios estão «empenhados nesta parceria, que é caso único no país». A luta contra a epidemia da Covid-19 fez com que a região ganhasse «o bom hábito de se articular», explicou.

Na sua intervenção, o ministro da Administração Interna defendeu a necessidade de mais «trabalho de informação junto dos cidadãos», já que, até Abril, «64% dos incêndios tiveram origem no uso negligente do fogo [para queimas e queimadas] ou de máquinas».

José Luís Carneiro acrescentou que, se após 2017 e a tragédia de Pedrógão, «se concentrou a proteção nos aglomerados rurais, no edificado», agora, usando as «lições aprendidas», nomeadamente as resultantes do grande incêndio da Serra da Estrela no ano passado, «temos de ter capacidade de combater também o incêndio dentro da floresta».

Ora, tendo em conta a orografia e coberto vegetal de muito do território português, isso, «por vezes, exige o combate apeado», explicou o governante. Por isso mesmo, salientou o ICNF reforçou as suas capacidades, ao nível da Força Especial de Proteção Civil e dos Sapadores Florestais.

A apresentação do DECIR teve lugar em Portimão, no âmbito do certame AlgarSafe, uma mostra dos equipamentos mais modernos nas várias áreas da Proteção Civil.

A anfitriã, Isilda Gomes, presidente da Câmara de Portimão, falou da necessidade de uma autoescada, que não existe no Algarve. «Temos prédios com 30 andares e não conseguimos lá chegar».

 

Fotos: Elisabete Rodrigues | Sul Informação

 

Números:

Em 2022, houve 2075 hectares de área ardida no Algarve

97% dessa área corresponde apenas a 2 incêndios.

Em 10 anos, arderam no Algarve 49.961 hectares

Há uma média de 582 ocorrências por ano

31% do Algarve está classificado como de alta e muito alta perigosidade

Desde 2018, já foram intervencionados 41.287 hectares (gestão de combustível e caminhos)

Este ano, foram intervencionados 870 hectares no Algarve

 

Fotos: Elisabete Rodrigues | Sul Informação

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