Marta Ribeiro, Tiago Pimenta, Laura Pires e Alice Afonso semearam, com “A Semente que Palpita”, o início dos seus percursos no cinema de animação. Os quatro jovens alunos da Universidade do Algarve, agora licenciados em Imagem Animada, foram os grandes vencedores do prémio “Sophia Estudante” na categoria de Melhor Curta-Metragem de Animação, cujos resultados foram anunciados no passado dia 5 de Março.
«É muito gratificante ter o nosso trabalho reconhecido. Nós fizemos isto acontecer e, chegar a este ponto, de ter uma academia a reconhecer o nosso trabalho, é muito bom e é para nós um grande impulso», confessou Marta Ribeiro ao Sul Informação.
Mas, tanto para a jovem de 23 anos, como para Tiago Pimenta, de 22, «o mais importante não são os prémios», mas sim a qualidade do trabalho que desenvolvem.
“A Semente que Palpita”, uma curta-metragem de 4 minutos que conta a história de uma personagem que se apaixona pela lua, é o exemplo disso mesmo, acreditam.
O trabalho começou a ser desenvolvido no âmbito do Estágio Curricular que os quatro alunos da Universidade do Algarve tiveram de realizar para finalizar o curso. Tudo começou com um pitch, apresentado à Cola, uma cooperativa de produção internacional especializada em dar vida a conteúdos de filmes artesanais, que acabou por ser a mentora dos jovens neste período.
Durante dois meses, viveram todos juntos numa casa, no Porto, e foi lá que desenvolveram grande parte do trabalho inicial da curta. O estágio era acompanhado via online, pelo produtor da Cola, que era quem dava mentoria ao projeto.
«Foi uma experiência muito boa, porque estávamos todos presentes e era muito mais fácil de passar o trabalho por todos», explica Tiago Pimenta.
Contudo, dois meses não chegaram para que os jovens conseguissem finalizar o trabalho que queriam e, mesmo depois de acabado o estágio, continuaram a trabalhar para conseguirem o produto final com o qual concorreram aos prémios Sophia Estudante.
«É um trabalho de quatro minutos, mas que demora meses e meses a ser finalizado. Durante o estágio, o que mais desenvolvemos foi a pré-produção e um bocadinho de produção, o resto veio depois», conta Marta Ribeiro, referindo que a Cola se disponibilizou para os continuar a ajudar, financiando até a sonorização do filme.
Apesar de não terem acabado o trabalho com os prémios em vista, a jovem admite que a ideia era concorrer a festivais.
«O objetivo de concorrer é também o de podermos partilhar o nosso trabalho. Nós estamos a fazer um projeto durante meses e depois, no final, podermos mostrar às pessoas o que é que estivemos a fazer é uma sensação muito boa. Na animação, a produção é dolorosa porque são muitas horas de trabalho, sempre fechados no mesmo sítio, e quando saímos e mostramos o que fizemos é muito bom», continua Marta.
Agora, com o primeiro prémio na mão, os ex-alunos da UAlg ambicionam continuar a trabalhar no cinema de animação, integrando outras equipas e projetos.
«Queremos ser profissionais da indústria e, para isso, temos que ter experiência e saber o que é um ambiente de estúdio. Aprender a trabalhar com outras pessoas e noutros projetos é muito importante, porque o curso só nos deu as bases, agora é que vamos começar o nosso caminho», refere ainda.
Questionados sobre o que sentem em relação à abertura do público para este tipo de produção, Marta e Tiago consideram que «há cada vez mais interesse»: um caminho que também se abriu com a nomeação de João González para os Óscares, dizem.
«Ainda existe muito a ideia de que a animação é só para um tipo de público, mas a animação é para toda a gente e é isso também que queremos mostrar com os nossos trabalhos. Cada um tem a sua perspetiva e interpretação do que vê no ecrã», remata Marta.
Depois da distinção no “Sophia Estudante”, os jovens aguardam agora nomeação para a fase final dos prémios Sophia, que decorrerá em Lisboa.
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