PCP acusa Plano Ferroviário Nacional de ignorar investimentos fundamentais para o Algarve

PCP Algarve fez uma apreciação crítica do documento

O PCP acusa o Governo de lançar um novo Plano Ferroviário Nacional «sem prioridades, calendário, nem garantias e quantificação do financiamento necessário à sua execução» e de deixar de fora deste documento investimentos e medidas fundamentais para o Algarve.

Numa análise ao Plano Ferroviário Nacional, cuja Consulta Pública terminou no dia 28 de Fevereiro, o secretariado da Direção da Organização Regional do Algarve do PCP mostrou-se muito crítico não só em relação ao mais recente plano, mas também no que toca ao Ferrovia 2020, sobre o qual não foi feita «qualquer apreciação crítica».

«De facto, é mais fácil fazer-se planos que construir linhas férreas, é mais barato fazer promessas que comprar comboios, é mais simples substituir planos não concretizados por novos planos do que fazer o balanço sério à concretização do anteriormente planeado», acusam.

Os comunistas consideram que é «urgente calendarizar, garantir os fundos necessários e sobretudo concretizar um conjunto de investimentos na rede».

Um deles, «as intervenções de modernização e electrificação »,  com enfoque na «existência de material suficiente em termos de quantidade, qualidade e fiabilidade que garanta a plena operação de Lagos a Vila Real de Santo António (que continua a exigir mais de 3 horas de viagem)».

Novas ligações ferroviárias à Universidade do Algarve e ao Aeroporto de Faro e a reativação da concordância em Tunes, «que este PFN ignora», são outras das necessidades apontadas.

«A hipótese apresentada no PFN para a ligação Lisboa – Évora – Beja – Faro – Sevilha, tendo em vista a sua continuidade para Huelva e Sevilha, é uma hipótese válida, mas apresentada para um prazo demasiado longo. Há que garantir a sua concretização, sem deixar arrastar a ligação Algarve-Andaluzia no tempo, sendo que é uma solução há muito tempo consensualizada na região», defende o PCP Algarve.

Outra questão é a possibilidade de estender o serviço Intercidades ir até Vila Real de Santo António – algo que já foi, de resto, anunciado pela Infraestruturas de Portugal e que acontecerá a partir do momento em que a linha esteja eletrificada. «O PFN considera essa possibilidade mas ignora por completo o tamanho das plataformas ferroviárias (Tavira tem 80 metros). Se não existir um projecto para alterar o tamanho das plataformas das estações, na realidade tal nunca passará do papel».

O PCP pede ainda que se assegure «a intervenção em infraestruturas diversas – nas estações e no reforço da sua guarnição, nos apeadeiros, na retoma do processo de supressão de passagens de nível, introduzindo melhoramentos que há muito são reclamados pelos utentes, trabalhadores e populações», bem como que se reativem estações ferroviárias «cujas populações há muito lutam por esse objetivo», nomeadamente a de São Marcos da Serra.

Salientando que um «PFN não pode ser apenas um Plano Nacional para a Rede Ferroviária e seus serviços», o PCP diz  que «não há ferrovia sem comboios e sem ferroviários. Sem uma CP que reúna a infraestrutura e operador, sem a contratação dos trabalhadores ferroviários em falta, sem a consideração quanto à produção em Portugal de comboios (como existiu até ao início do século) sem um forte investimento público a concretização deste plano terá o mesmo destino de outros que ficam apenas no papel».

«Nas próximas décadas, tendo como horizonte o ano de 2050 (data assumida pelo PFN), o país deve mobilizar os recursos necessários por via do Orçamento de Estado, Fundos comunitários e outras possibilidades. Tudo isto envolve um investimento, que se estima que ronde os 30 mil milhões de euros e que deve assumir um peso orçamental de 0,5% do PIB, todos os anos, afeto a investimentos na ferrovia», acrescentam

Para o PCP, «o ano de 2023 não pode representar mais adiamentos e anúncios como os que têm sido feitos ao longo dos anos. Para o PCP, o investimento na ferrovia ao longo desta primeira metade do seculo XXI pode ser, se integrado numa estratégia de desenvolvimento do país e da região algarvia, um elemento determinante para a sua modernização e progresso».

 



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