Boa parte dos 35 projetos de Inovação Social do Algarve promove o sucesso educativo

Mostra em Lagoa visou refletir sobre o contributo da inovação social para o sucesso educativo e apresentar alguns dos projetos já implementados na região do Algarve

O Algarve tem 35 novos projetos de Inovação Social aprovados, no valor de 9,4 milhões de euros, revelou ontem, em Lagoa, Filipe Almeida, presidente da Estrutura de Missão Portugal Inovação Social (EMPIS). Em todo o país, estão aprovados 644 projetos.

Este responsável, que falava na sessão de abertura da 1ª Mostra de Projetos de Inovação Social na Promoção do Sucesso Educativo, que decorreu durante a tarde desta quarta-feira no auditório do Convento de S. José, em Lagoa, acrescentou que os 35 projetos algarvios contam com apoio do Programa Operacional CRESC Algarve 2020 o envolvimento e o financiamento de todos os 16 municípios da região, sendo que os que mais apostam nesta área são, por esta ordem, «Loulé, Olhão, Albufeira, Castro Marim e Lagoa».

Segundo Filipe Almeida, Lagoa, anfitriã da Mostra, é «a nível nacional, o 36º município em termos de financiamento de projetos de inovação social».

Aliás, na sessão de abertura, Luís Encarnação, presidente da Câmara de Lagoa, realçou o esforço feito nesse âmbito, no concelho, em parceria entre o Município, os Agrupamentos de Escolas e outras entidades, como IPSS e associações.

Um dos projetos que referiu é o «MyPolis – Cidadania 4.0 em Lagoa», um projeto da associação Discurso Paralelo, que criou uma plataforma mobile e web para trazer a participação cívica para o século XXI, em especial no caso dos millenials.

O edil lagoense referiu ainda os projetos na área desportiva, como a Unidade de Apoio ao Alto Rendimento nas Escolas, a primeira a ser criada ao Sul do Tejo, na Escola Secundária Padre António Martins de Oliveira. Conta hoje com 70 alunos na Secundária de Lagoa e mais «cerca de uma vintena» na Escola do Parchal, associada ao projeto.

«Em Lagoa, há cinco ou seis anos, tínhamos problemas graves de abandono escolar precoce», e uma escola «que estava sempre no fim dos rankings». Além disso, os melhores alunos do concelho acabavam por «escolher escolas nos municípios vizinhos (Portimão e Silves)», o que tornava a Secundária de Lagoa «ainda menos atrativa».

Graças a um «trabalho de equipa», «hoje o problema que o presidente da Câmara tem é o contrário: a diretora do Agrupamento de Escolas diz que já não temos mais salas, já não cabem mais alunos», sublinhou Luís Encarnação.

Com tudo isto, acrescentou, «passámos de escola repulsiva a escola atrativa».

 

 

José Apolinário, presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve, voltou a sublinhar o projeto que o objetivo que a região algarvia pretende atingir nos próximos anos. Atualmente, o Algarve tem das mais altas taxas de abandono escolar precoce do país (19%), bem como fracas performances numa série de outros indicadores relativos à educação. Mas, com as verbas do Portugal 2030, há «um contrato para que esse abandono precoce fique nos 5% no final de 2029».

Apolinário acrescentou que o acordo do Portugal 2030 para o Algarve, no que à Educação diz respeito, privilegia verbas «centradas em atingir estes objetivos qualitativos», embora ainda continue a haver «verbas para obras nas escolas». «No Portugal 2030, colocámos as fichas mais no sucesso educativo e nas qualificações», acrescentou, objetivos que considerou «ambiciosos, mas estratégicos».

«Lagoa tem procurado marcar a sua agenda de intervenção com projetos na educação e na formação», recordou o presidente da CCDR Algarve, razão que levou esta entidade, responsável pela gestão dos fundos comunitários na região, a escolher o concelho para esta 1ª Mostra.

Filipe Almeida, presidente da EMPIS, agradeceu o facto de os projetos de inovação social na educação estarem a ser mostrados no concelho de Lagoa, fora dos grandes centros, uma forma de «desinquietar para olhar para os problemas a partir de um outro ângulo».

Citando também alguns números emblemáticos, Filipe Almeida recordou que a taxa de desistência de alunos no final do básico é de 6% no Algarve, enquanto a média nacional é de 4.3%. Mas, frisou, mesmo a nível intra regional, há diferenças acentuadas: em Monchique essa taxa é de 15%, em Lagoa é de 5%.

Falando da necessidade de «atacar o problema de forma multinível, multisectorial», o presidente da EMPIS sublinhou que uma das formas é precisamente a inovação social.  Mas, sublinhou, é preciso «criar mecanismos para que os projetos de inovação social não fiquem fechados no microcosmos onde foram criados, mas possam expandir-se».

Esse foi precisamente o objetivo da 1ª Mostra, que passou pela apresentação de oito projetos de todo o país, nomeadamente do Algarve, que usam a inovação social para promover o sucesso educativo.

Um dos projetos é algarvio: “Milage Aprender +”. Desenvolvida pela Universidade do Algarve, “Milage Aprender +” é uma plataforma digital educativa que tem como finalidade implementar uma prática pedagógica inovadora, com recurso às tecnologias móveis, num modelo híbrido de aprendizagem, que combina o analógico com o digital.

Mauro Figueiredo, professor da UAlg e um dos pais desta plataforma, disse que a Milage «começou pelo ensino da Matemática, mas estendeu-se a todas as disciplinas até ao 12º ano», em escolas de todo o país, tendo mesmo chegado à Alemanha e Espanha. Até agora, já passaram pelo projeto 162 mil alunos, estando a ser desenvolvida uma nova versão da plataforma, com funcionalidades novas, mas, sobretudo, com um design mais atrativo.

Outros projetos apresentados, apesar de não terem génese algarvia, têm também parcerias na região. É o caso do «Tech for Portugal», que passa por colocar mentores pedagógicos em escolas, para acompanharem os alunos mais desfavorecidos. No Algarve, o projeto está presente na Escola de Martim Longo, em Alcoutim, e na escola de São Brás de Alportel, cuja mentora pedagógica partilhou a sua experiência.

 


Projetos apresentados:
Milage Aprender+ -aprender a aprender
Teach for Portugal: De onde uma criança vem, não pode ditar para onde vai
Coopera: Um projeto pedagógico transformador
Apps for good: Promoção da Literacia Digital
Tree Tree 2 – After School: Promoção da Literacia científica
Cantinho do estudo – Estudar em casa
Ajo – Apoiar o estudo
Fundação Cidade de Lisboa, Academia CV
À Barca, À Barca, Levar a arte à escola
MyMentor, Orientar para o novo mercado de trabalho.

 

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