Lagos: Ir à escola, aprender surf e saber mais sobre literacia dos Oceanos

Projeto integra formação desportiva e sessões de componente ambiental promotoras da literacia do Oceano

Alunos do 4º ano do 1º ciclo do Município de Lagos participaram, nos últimos dois anos e «apesar de todas as restrições e limitações», nas sessões de Sensibilização ao Surf, proporcionadas pelo projeto “Ver para Querer”, promovido pelo Centro Ciência Viva de Lagos, tendo como parceiro o Centro de Formação Desportiva de Surf (CFD) do Desporto Escolar do Agrupamento de Escolas Gil Eanes.

O projeto pretende desenvolver ações que fomentem relações positivas com o meio marinho e costeiro. «Mais do que uma simples aula de Surf, esta atividade inclusiva, teve como objetivo a sensibilização para a preservação dos ecossistemas marinhos», explica o CCV Lagos.

«O Surf e os desportos de ondas têm assumido uma importância crescente na sociedade, contribuindo para a divulgação de estilos de vida saudáveis, para a diversificação da oferta desportiva e como fator de desenvolvimento económico», acrescenta aquela estrutura.

O Desporto Escolar incluiu na sua estrutura o Surf, enquanto modalidade desportiva, através da formação de grupos/equipas e Centros de Formação Desportiva.

 

O Centro de Formação Desportiva Surfing do Desporto Escolar do Agrupamento de Escolas Gil Eanes tem como objetivo principal «fomentar a prática desportiva das atividades náuticas, nomeadamente dos desportos de deslizar, no contexto da escola».

 

«Além da oferta desportiva óbvia, integra sessões de componente ambiental promotoras da literacia do Oceano. As atividades concretizam a articulação de conteúdos e motivam os alunos para aprendizagens reais, enfatizando a importância do Oceano e expondo as ameaças que atualmente enfrenta», explica Miguel Figueiredo, Coordenador do CFD.

Privilegiando o primeiro ciclo de escolaridade nas atividades, o Centro do Agrupamento de Escolas Gil Eanes, promove a «articulação vertical, a integração de alunos que nos acompanharão ao longo do seu percurso escolar e que, consequentemente, integrarão as outras componentes do projeto, nomeadamente as atividades regulares de treino, concretizadas através dos grupos/equipa de surf do Desporto Escolar», acrescenta.

É a forma de desenvolver nos alunos «uma consciência ambiental» e de potenciar «não só a sua vertente física e atlética, mas também a sua formação social e cívica», diz ainda Miguel Figueiredo.

 

 

As sessões são realizadas em dois momentos. Uma primeira abordagem tem lugar em sala de aula, para introdução ao tema e com uma forte componente de sensibilização para a preservação do meio marinho.

O segundo momento tem lugar na praia de Porto Mós.

O CCV Lagos sublinha que «tal só é possível com o apoio do Município de Lagos que providencia o transporte dos alunos até à praia, e com o apoio dos Apartamentos Magnolia, que providenciam um espaço para albergar todo o equipamento necessário para as aulas e ainda facultam o momento final de diversão na piscina do hotel».

Todas as escolas e professores do 1º ciclo aderem com grande entusiasmo a este Projeto.

Marta Zilhão, coordenadora da Escola Básica Nº1 – Bairro Operário e também parceira neste Projeto, relata que, «para as nossas crianças, é um privilégio ter a oportunidade de experimentar esta atividade desportiva que contribui não só para seu o desenvolvimento físico e psíquico, mas que também promove uma maior consciencialização para as problemáticas ambientais, através de um maior conhecimento sobre os oceanos e das ameaças que algumas atividades humanas representam para o seu equilíbrio e para a subsistência de muitas espécies que neles habitam».

«Sendo Lagos uma cidade à beira mar, a interação com o meio marítimo assume especial relevância para as nossas crianças, que têm com o mar uma relação de grande proximidade, sendo notória a satisfação e o entusiasmo com que os alunos aderiram a este projeto que é muito acarinhado pela Escola», acrescenta Marta Zilhão.

Ângela Ferreira, coordenadora da Escola Básica do 1º ciclo de Santa Maria, também fala sobre a parceria com o Projeto Ver Para Querer: «numa cidade que tem os seus olhos sobre o mar, é com grande entusiasmo que os nossos alunos participam nesta atividade desportiva, que em muito contribui para o seu bem-estar físico e emocional».

«Esta prática desenvolve o respeito pelos Oceanos, numa tomada de consciência das suas principais ameaças, incentivando a atitudes responsáveis de proteção dos seus recursos», diz ainda Ângela Ferreira.

Este ano, o “Ver para Querer” foi mais longe e estabeleceu uma colaboração com o projeto “Blue Mind”, também financiado pelo mesmo mecanismo (programa Crescimento Azul dos EEA Grants).

A colaboração com o projeto “Blue Mind – Go Deeper” permitiu a um grupo de alunos de diferentes níveis de ensino do Agrupamento de Escolas Gil Eanes «desenvolver um conjunto de competências através da concretização dos objetivos do programa: assegurar que os desportos náuticos em contexto escolar em Portugal possam estar munidos de duas ferramentas essenciais, a criação de valor e o crescimento sustentável da economia azul. Essas ferramentas, fatores de sustentabilidade, são a segurança e a ética azul».

Neste sentido, o projeto foi organizado em função destas duas áreas de ação, criando uma oferta integrada de valor acrescentado ao desporto náutico em ambiente escolar, com vista a «capacitar jovens, agentes e educadores para os principais desafios e oportunidades da Educação numa Economia Azul, a qual se fundamenta numa Ética Azul, construída em Escolas Azuis, promovida por Mentes Azuis», salienta o CCV Lagos.

 

 

A parceria foi operacionalizada em três etapas: a primeira, na qual estiveram envolvidos 69 alunos e oito professores, decorreu durante o mês de novembro, tendo sido composta por uma sessão plenária com alunos de diferentes níveis de ensino subordinada aos valores da ética e da segurança em meio aquático.

A segunda etapa, com 15 alunos e quatro professores, abrangeu uma sessão de treino de técnicas de apneia e segurança em piscina, seguida de uma saída de mar para aplicação das aprendizagens desenvolvidas.

Por último, dois alunos e dois professores do CFD/EA tiveram a oportunidade de aplicar os conhecimentos adquiridos durante uma estadia na ilha de S. Jorge, nos Açores, juntamente com os parceiros do projeto “Blue Mind” e com a colaboração de outros alunos selecionados de outras escolas do resto do país.

«São estes momentos de alegria, diversão e emoção que transformam esta atividade num sucesso, mas sobretudo são momentos como estes que permitem criar laços e abertura para a passagem do conhecimento sobre o mar, os oceanos e a necessidade de preservação destes ecossistemas. Ou seja, contribuir para o aumento da literacia dos oceanos e para a prática desportiva ligada ao Mar», sublinha o CCV Lagos.

Luís Azevedo Rodrigues, diretor executivo do Centro Ciência Viva de Lagos que é a entidade promotora deste projeto, acredita que «a implementação deste Projeto, com esta e outras atividades, fará com que todos cuidemos e nos esforcemos por preservar aquilo que conhecemos e por que temos empatia».

Por isso, acrescenta, «o projeto Ver para Querer continuará a ser um veículo de transmissão de conhecimento que visa o aumento da literacia dos Oceanos e que, por sua vez, estimula a sua preservação».

O projeto Ver para Querer é financiado através do Programa Crescimento Azul dos EEA Grants, mecanismo através do qual a Islândia, o Liechtenstein e a Noruega apoiam financeiramente Portugal, enquanto Estado Membro da União Europeia.

O Centro Ciência Viva de Lagos é o promotor do Projeto e conta com os parceiros as Escolas Básicas do Bairro Operário e de Santa Maria do Agrupamento de Escolas Júlio Dantas, e o Centro de Formação Desportiva (CFD) de Surf do Desporto Escolar, do Agrupamento de Escolas Gil Eanes.

 

 



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