Saber qual o impacto ambiental das intervenções climáticas nos ecossistemas do mar profundo e na biodiversidade é o objetivo de uma equipa internacional de especialistas que conta com Nélia Mestre, investigadora do Centro de Investigação Marinha e Ambiental (CIMA) da Universidade do Algarve.
O Grupo de Trabalho do Clima da Deep Ocean Stewardship Initiative é liderado por Lisa Levin, do Scripps Institution of Oceanography, da Universidade da Califórnia, em San Diego (EUA), e conta com duas portuguesas. Além de Nélia Mestre, também integra esta equipa a investigadora Ana Colaço, do Instituto de Ciências Marinhas – Okeanos, Universidade dos Açores.
Numa altura em que é cada vez mais evidente que estamos perante uma crise climática, «as intervenções climáticas baseadas no Oceano são, cada vez mais, reivindicadas como soluções promissoras para mitigar as alterações climáticas», segundo o grupo de trabalho.
No entanto, «pouco se sabe sobre os impactos destas tecnologias na biogeoquímica oceânica e na biodiversidade dos ecossistemas. Isto é verdade em particular para os ecossistemas do mar profundo, que cobrem mais de 40% da Terra e contêm espécies e ecossistemas altamente vulneráveis».
Partindo desta realidade, o grupo internacional de internacional lançou diversas questões, que podem ser consultadas no Insights do Policy Forum da revista científica Science “Deep-sea impacts of climate interventions”.
A primeira autora deste trabalho, Lisa Levin, vê «a intervenção climática baseada no oceano como uma área emergente, que apresenta importantes desafios para os ecossistemas de profundidade e, portanto, exige-se um maior esforço de investigação científica antes de nos comprometermos com a ação».
Também para Nélia Mestre, investigadora da UAlg, «a escala espacial de ação destas intervenções climáticas terá de ser enorme para ser eficaz e pode induzir uma escala proporcional de impactos nos ecossistemas, incluindo os do mar profundo. (…) Estamos num ponto crítico onde o conhecimento é fundamental para possibilitar decisões positivas».
O mar profundo enfrenta ameaças sem precedentes devido ao impacto da pesca industrial, poluição, aquecimento global, desoxigenação, acidificação e outros problemas relacionados com as alterações climáticas. Para estes investigadores, «as intervenções climáticas baseadas no oceano podem aumentar as pressões e ameaçar o funcionamento desses ecossistemas essenciais para todo o planeta».
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